Ademir acenou com a cabeça, em sinal de compreensão. Ele baixou os olhos para Karina e, com uma voz suave, disse: — Eu vou te esperar aqui fora, não tenha medo. — Tudo bem. Elas foram conduzidas até uma pequena sala de reuniões ao lado. Dentro, o diretor da faculdade, o coordenador pedagógico e outros estavam esperando por elas, e Felipe também estava presente. Karina viu o Dr. Felipe sorrir e acenar com a cabeça para ela. De repente, ela se acalmou. Mas, Karina não sabia exatamente o que Ademir havia feito para chegar a esse ponto. — Se sentem. — Sim. Karina e Sílvia se sentaram. O diretor tirou dois documentos da pasta e os colocou diante delas. Os conteúdos eram idênticos, cópias. — Este é o laudo pericial. O original está conosco. Karina baixou a cabeça e começou a folhear o laudo. O conteúdo estava bem claro. "Laudo Pericial: O material fornecido pelas partes (incluindo manuscritos e impressões digitais, além da versão em formato eletrônico no pendrive)
— Obrigada. — Karina murmurou baixinho quando se aproximou de Ademir. Com as habilidades de Karina, ela jamais teria ousado pensar em pedir uma perícia ao Departamento de Perícias. Mesmo que tivesse coragem de pensar nisso e de agir, seria um processo extremamente complicado, levando meses, talvez até anos, e os resultados nunca viriam tão rapidamente. E, nesse meio tempo, mesmo que surgissem evidências, muitas coisas já seriam irreparáveis. Para Karina, algo tão difícil parecia uma tarefa impossível, mas para Ademir, era algo simples. Devido à diferença de altura, Karina olhou para cima, diretamente nos olhos de Ademir, e sem querer, algo de admiração e respeito apareceu em seu olhar. Karina não percebeu, mas Ademir viu claramente. Ele sorriu, um sorriso satisfeito, e se inclinou um pouco para baixo, ficando ainda mais próximo dela. — Você acha que sou muito capaz, não é? A pergunta fez Karina hesitar por um momento. "Será que estou exagerando? Por que sinto que há
Ademir disse com frieza:— Saia!O olhar cruel de Ademir fez com que Sílvia se assustasse, e ela, chorando, desabafou:— Já que você não reconhece o que aconteceu naquele dia, eu vou embora!Se virando rapidamente, Sílvia saiu correndo!Ela foi embora, mas os dois que ficaram para trás, ficaram em um silêncio constrangedor.Karina, com os lábios apertados, não sabia o que dizer.— Karina, eu... — Ademir, suando frio, tentou se explicar. — As coisas não são como você está pensando, eu e o Filipe fomos ao Restaurante Ocean para um compromisso...— Não precisa se explicar! — Karina interrompeu, acenando rapidamente com as mãos e forçando um sorriso. — Com a nossa relação de agora, não há necessidade de explicações.Embora ainda não tivessem se divorciado oficialmente, o sentimento entre eles já estava quebrado...O coração de Ademir, no entanto, estava com Vitória.Ademir ficou paralisado, franziu as sobrancelhas e ficou olhando fixamente para Karina.A tensão no ar aumentou.Karina deu u
Essa questão... Ademir nunca tinha pensado nisso. Ao ser questionado por Filipe, Ademir ficou surpreso, sem saber como responder. Sim, ele admitia: nunca havia esquecido a pequena borboleta. Ao descobrir que Vitória era ela, seus sentimentos, naturalmente, foram direcionados para Vitória. — Pense bem. — Entre os irmãos, Filipe era quem mais conhecia Ademir. — Você pretende levar essa lembrança adiante e seguir em frente assim? Ou vai continuar com seu casamento atual? Ademir soltou um riso frio e lançou um olhar a Filipe. Sem se preocupar, por ora, com o que aconteceria entre ele e Vitória, respondeu: — Você acha mesmo que eu e a Karina ainda temos alguma chance? Só pode estar de brincadeira. — O quê? Ainda se sente injustiçado? — Filipe revirou os olhos para ele. — Me responde uma coisa, você já tentou conquistar a Karina? Ademir ficou mudo, sem argumentos. — Não, né? — Filipe suspirou, completamente sem palavras. — E então, com que direito você exige que a Karina go
Felipe soltou um suspiro de alívio: — Então, vou deixar isso por sua conta. Vocês são marido e mulher, fica mais fácil conversar. Como da última vez havia sido Ademir quem resolveu a situação, Felipe naturalmente acreditava que o relacionamento entre eles era bom. No entanto, Karina não conseguia dizer a verdade, então só pôde aceitar daquela maneira: — Eu vou falar com ele. Ele não se importaria, mas... Anda muito ocupado. Talvez não tenha tempo. — Isso não é um problema. — Felipe não insistiu. — Se o Sr. Ademir estiver realmente ocupado, eu e o Dr. Marco vamos entender perfeitamente. — Certo. — Karina concordou, mas seu coração estava tomado pela inquietação. Ademir havia ajudado Karina há poucos dias, e agora ela já estava ligando para ele de novo. Isso fazia parecer que ela estava insistindo demais, como se o estivesse importunando. Ela passou o dia todo em conflito, pegava o celular, digitava o número de Ademir e, em seguida, desistia. Até que, à noite, de volta
Júlio foi direto: — Segundo irmão, desse jeito, não vai ficar tudo muito apertado? Seguindo o plano de seu segundo irmão, ele mal teria tempo para dormir. — Não tem problema. — Ademir balançou a cabeça. — Pode organizar assim. Dormir, eu posso dormir um pouco quando não tiver nada para fazer. Quanto antes eu terminar o trabalho, mais cedo volto. — Segundo irmão, está com pressa para voltar? Ademir hesitou por um instante e, então, assentiu: — O avô está sozinho no hospital. Ficar tantos dias longe da Cidade J me deixa preocupado. Júlio ficou sem palavras. Essa desculpa soava bem forçada. O Sr. Otávio estava sendo cuidado por médicos e enfermeiros, e, mesmo que seu segundo irmão estivesse na Cidade J, não poderia ficar o tempo todo ao lado dele. ... No dia do banquete de celebração, todos os funcionários do setor compareceram: médicos, enfermeiros, estagiários e até mesmo os auxiliares. Antes de saírem, se reuniram no departamento. — Karina. — Helena se aproximou
Lá embaixo? Que lá embaixo? Quando finalmente entendeu, Karina levou um susto e, ao mesmo tempo, se levantou apressada. — Ele disse que está lá embaixo? Ele veio mesmo? Ademir, sem receber resposta por um longo tempo, se sentiu um pouco decepcionado: — Posso subir sozinho. Em qual mesa vocês estão? — Não! — Karina finalmente reagiu e o interrompeu, alarmada. — Espera aí, eu já estou descendo! — Certo, eu te espero. Sem avisar ninguém, Karina saiu apressada e desceu as escadas. No saguão, avistou aquela silhueta tão familiar alta, elegante e imponente. — Karina. — O homem curvou os lábios em um sorriso satisfeito. — O que você está fazendo aqui? — Karina caminhou rapidamente até ele, mas, em vez de alegria, só havia espanto em sua expressão. Ademir se sentiu um tanto constrangido: — Não foi você que me convidou? O que foi? Não está feliz em me ver? — Eu não disse isso. — Embora, no fundo, fosse exatamente o que estava pensando. — Foi você mesmo que falou que não
Ademir ficou sem palavras mais uma vez. A ira era tão grande assim? Ela realmente não queria que ele viesse? Embora já estivesse preparado para isso antes de vir, naquele momento, não pôde evitar a sensação de desapontamento. Mas o que adiantava se sentir assim? De repente, Ademir se lembrou de algo. Se aproximando do ouvido de Karina, perguntou em um tom audível apenas para ela: — Aquele filé de antes não foi o suficiente? Karina não entendeu de imediato por que o assunto mudou tão de repente. Mas a expressão que surgiu em seu rosto por um instante, somada ao reflexo inconsciente de engolir em seco, provou que ele estava certo. — Entendi. — Ademir não conteve um sorriso. — Vou pedir mais um para você. Ao se levantar, ele riu baixinho e comentou: — Parece uma criança. Só porque comeu um pedaço a menos já ficou emburrada comigo. Karina ficou sem reação e quase o chamou de volta. Desde quando perder um pedaço de carne fazia alguém parecer uma criança? Além disso