Karina estava concentrada em seu trabalho, olhando apenas para o ferimento, evitando encarar Ademir. Ele não pôde evitar e perguntou primeiro:
— Você está com raiva de mim?
— O quê? — Karina hesitou, sem entender. — Brava? Eu? Com você? Tem certeza?
A voz de Ademir era suave e rouca:
— Melhor que não esteja.
Karina ainda não compreendia, mas também não fez mais perguntas, se inclinando para apertar o dreno do ferimento.
Ademir perguntou:
— Quando esse tubo pode ser removido? É muito incômodo carregar isso.
— Não tão cedo. Simplificando, é necessário drenar toda a sujeira de dentro. Caso contrário, uma infecção na cavidade abdominal seria um grande problema. — Depois de falar, Karina ficou em silêncio novamente.
A atmosfera ficou um pouco fria.
Ademir, com os olhos semiabertos, perguntou:
— Você não tem nada para me dizer?
— O quê?
Karina ficou surpresa e, quando estava prestes a falar, Ademir a interrompeu:
— Não me fale sobre o ferimento.
Karina se assustou, suas longas pestanas treme