Domingo, final de tarde. A casa de Zoe fervilhava com risadas, cheiro de lasanha no ar e um certo casal tentando manter a compostura depois de um cinema… nada tradicional.Helen estava vermelha até as orelhas, tentando parecer discreta enquanto Zoe, a cunhada mais escandalosa da cidade, gargalhava deitada no sofá, revivendo, pela décima vez, o “escândalo do cinema”.— Eu juro! — Zoe gritava, entre uma risada e outra — O lanterninha postou uma indireta no Twitter e eu sabia que era sobre vocês dois! Meu Deus, Helen, você deu um show em plena sessão de comédia romântica!— Zoe! — Helen escondeu o rosto nas mãos, rindo de nervoso.Ethan, ao lado da esposa, tentava manter a dignidade… e falhava miseravelmente.Foi então que Liam, que até então parecia alheio, explodiu em gargalhadas.Sim, Liam.O sempre sério, responsável, estava ali, rindo com o corpo inteiro, como se tivesse assistido ao melhor stand-up da vida.— Eu não tô acreditando nisso! — ele disse, limpando os olhos. — Ethan Cart
A noite estava morna, embalada pela brisa suave que dançava pelas ruas da cidade. Ethan e Helen deixaram a casa de Zoe com os corações aquecidos e os corpos querendo mais. O jantar, as provocações, as risadas… tudo era parte de um jogo que só eles sabiam jogar.Ao entrarem no carro, bastou um olhar.Ethan ligou o motor, mas seus olhos não se desviaram dos dela.— Você se divertiu hoje? — ele perguntou, com um meio sorriso.— Muito. Mas confesso… senti falta do sofá da nossa sala.Ele riu, estendendo a mão e entrelaçando os dedos aos dela.— Pois então vamos pra casa. Tenho planos com aquele sofá, com o tapete, com a cama... Especialmente com a cama.Ela mordeu o lábio, o rosto iluminado pelas luzes da rua e disse:— Corre.✲ ✲ ✲O elevador era pequeno demais para conter a tensão entre os dois. Assim que as portas se fecharam, Ethan a puxou pela cintura, colando o corpo ao dela. O beijo veio faminto, profundo, como se não se vissem há semanas.Helen riu entre beijos, suas mãos enfiadas
A luz do sol escorria pelas janelas do apartamento, espalhando calor pelas paredes claras e pela roupa de cama ainda amassada. Helen havia acordado cedo, mesmo sem querer. Depois do pesadelo que teimava em ecoar em algum canto da sua mente, decidiu que não valia a pena mergulhar na angústia, não naquele dia. Depois que ouviu Ethan dizer que a amava, não deixaria nada, nem ninguém atrapalhar esse momento incrível. Tinha café na cozinha e, logo mais, uma noite só de garotas para colocar os pensamentos em ordem.Enquanto isso, na sala, ela se mantinha encostada na porta, observando o homem que vestia sua camisa branca com calma e precisão, como se fosse um ritual. Ethan estava de costas para ela, os músculos das costas delineados sob o tecido recém-passado. Os botões iam sendo fechados com firmeza. Helen o acompanhava com os olhos, como se cada gesto dele fosse uma cena de filme antigo e sensual.Ele caminhou até o espelho e começou a ajeitar a gravata. Os dedos longos e firmes puxavam o
Helen sentiu o peito se contrair no instante em que seus olhos pousaram sobre a fotografia. O mundo ao seu redor silenciou, como se o próprio tempo a suspendesse naquele exato momento de agonia. O sorriso de Ethan na imagem, sua expressão relaxada ao lado de Miranda, a maneira como seus corpos pareciam confortáveis um com o outro… cada detalhe perfurava sua alma como estilhaços de vidro.Seu coração martelava dentro do peito, não de surpresa, mas de uma dor sufocante, excruciante. Porque, no fundo, ela sempre soube. Sempre soube que Ethan nunca a quis. Sempre soube que, se pudesse escolher, ele estaria ao lado de Miranda, vivendo o sonho dourado que nunca pôde ter. E agora, ele estava ali, mostrando ao mundo, sem qualquer pudor, que ainda a desejava.O contrato entre eles nunca envolveu amor, mas Helen o amava. Amava Ethan de uma forma que a destruía pouco a pouco, que sugava sua alma a cada dia. Nunca quis esse casamento, mas quando foi obrigada a aceitar, agarrou-se à esperança de q
O telefone de Helen tocou logo pela manhã, interrompendo o silêncio tranquilo de seu apartamento. Sua voz suave atendeu o chamado, mas o tom firme e urgente de seu pai do outro lado da linha a deixou em alerta.— Helen, preciso que venha à empresa agora. É urgente.Ela conhecia bem aquela voz fria e autoritária, mas o que a diferenciava de todos os outros era sua capacidade de enfrentar o pai sem abaixar a cabeça. Sempre o fez com elegância e gentileza, porque essa era a sua essência: uma mulher doce, generosa, mas forte.Vestiu-se com um conjunto elegante, mas simples, composto por uma blusa creme delicada e uma saia lápis que moldava seu corpo de maneira sutil. Os cabelos dourados e ondulados caíam livremente sobre os ombros, e os olhos azuis brilhavam com uma mistura de apreensão e determinação. Helen era a mulher que sempre sorria para os outros, sempre buscava o melhor nas pessoas, mesmo quando o mundo parecia desmoronar ao seu redor.Enquanto caminhava para o prédio de vidro imp
O elevador desceu lentamente, cada segundo fazendo o peito de Helen apertar mais. Mas ela se recusava a demonstrar fragilidade. Sempre foi uma mulher determinada, forte, disposta a enfrentar qualquer coisa para alcançar seus objetivos. E agora, não seria diferente.Helen repetia para si mesma: É só um contrato, só negócios. Mas, no fundo, aquilo era muito mais. Era sua chance de provar que Ethan estava errado. Que ela não era apenas uma mulher frágil apaixonada por ele. Que ela era muito mais do que a garota previsível que ele sempre viu.O amor que sentia por Ethan era algo que ela havia aceitado muito tempo atrás. Uma chama persistente que não se apagava, mesmo diante da frieza dele. Mas Helen jamais imploraria por afeto. Ela não se humilharia por um homem, por mais que o amasse.Quando as portas do elevador se abriram, ela inspirou fundo e caminhou com passos firmes até a sala de reuniões. Ethan já estava lá, sentado, com a expressão carrancuda, o olhar glacial e os ombros rígidos
A igreja estava impecável, um verdadeiro cenário de sonho. Lustres imponentes lançavam sua luz dourada sobre o altar, onde flores brancas decoravam cada canto, simbolizando pureza e renascimento. O som delicado dos violinos preenchia o ambiente, criando a atmosfera perfeita para um casamento digno de contos de fadas.Mas para Helen, aquilo era um teste. Um desafio que ela estava disposta a enfrentar. Não fugiria, não se lamentaria. Iria provar para Ethan que ele estava errado.Cada passo pelo tapete vermelho era dado com firmeza. Não era medo que a movia, era convicção. Convicção de que estava ali por escolha própria, de que amava Ethan e não se deixaria intimidar pela frieza dele.O braço firme do pai a conduzia em direção ao altar. Ela o segurava com força, não para se apoiar, mas para manter o controle absoluto sobre si mesma.E então, lá estava ele: Ethan Carter.Impecável. Inalcançável. Indiferente.O terno preto de corte perfeito moldava seu corpo com uma elegância quase cruel.
A ilha privada onde ficariam hospedados era um verdadeiro paraíso. A areia branca contrastava com o azul cristalino do mar e o sol brilhava intensamente sobre eles, como se o mundo conspirasse para que aquela lua de mel fosse perfeita.Mas o clima entre eles era frio como gelo.Quando chegaram à casa luxuosa reservada para a estadia, Helen observou o ambiente com interesse genuíno. Cada detalhe parecia cuidadosamente planejado para proporcionar conforto e elegância.— Escolha o quarto que preferir. — Ethan disse de forma indiferente, caminhando diretamente para o escritório.Helen sentiu o peito apertar. Se ele pensava que ela se afastaria, estava muito enganado.— Nós somos casados, Ethan. Acho que não precisamos de quartos separados.Ele parou, com os ombros tensos. Depois, virou-se para encará-la, com os olhos faiscando com irritação.— Não me provoque, Helen. Você pode ter o meu nome, mas nada além disso.— Eu não estou pedindo nada. Apenas que você pare de agir como se eu fosse s