Sílvio continuava falando, mas Lúcia, já impaciente, não queria ouvir mais nada. Interrompeu-o sem cerimônia:
— Sílvio, você tá louco, não é? Eu já disse, nós não temos mais nada. Você não tem o direito de se preocupar comigo.
— É, eu sou mesmo louco. — Sílvio soltou uma risada vaga, quase perdida.
Aquela troca de palavras o fez lembrar de quando ela tentou lhe contar que estava gravemente doente. Naquela época, ele também respondeu de forma impaciente, perguntando se ela não era "louca". Agora, o destino parecia cobrar sua conta, como facas afiadas perfurando os pontos mais vulneráveis de seu coração.
Os olhos de Sílvio começaram a ficar vermelhos, marejados:
— Eu sei que você está cansada de mim, mas, mesmo assim, quero que você cuide de si mesma.
Ele sabia que o tempo dele estava acabando e que ela precisaria ser forte. Mesmo sem ele, precisava viver bem, com coragem.
Lúcia respondeu com frieza cortante:
— Meu único desejo agora é que você morra logo. Sílvio, se houver uma próxima v