Morrer assim não seria tão ruim. Talvez pudesse finalmente se redimir com os pais.
Lúcia fechou os olhos. Já fazia tempo que ela desejava morrer. Muito tempo. Ninguém nunca soube o quanto ela ansiava pelo fim, o quanto desejava que a morte a levasse embora. Mas a dor que ela esperava sentir não veio.
Em vez disso, uma poça de lama e água suja foi lançada com força contra seu rosto e suas roupas.
— Ei, de qual hospício você escapou, sua maluca? Quer morrer, beleza, mas não me leva junto! — Gritou alguém, sua voz cortando a cortina de chuva e o vento gelado, entrando direto nos ouvidos dela como uma lâmina.
Lúcia abriu os olhos a tempo de ver o carro desaparecer à distância, deixando para trás apenas um rastro de sujeira e amargura.
Ela desabou em um grito desesperado. As lágrimas, já secas há muito tempo, deixavam apenas a ardência nos olhos, tornando cada piscada um sofrimento. Sentia como se uma rocha enorme pressionasse seu peito, tornando a respiração quase impossível.
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