Aquelas palavras deixaram Lúcia atordoada por um momento. Quando ele a obrigou a tomar os remédios para manter a gravidez, usou o mesmo tom autoritário. "Lúcia, toma o remédio." Nunca perguntou se ela queria. Nunca disse: "Lúcia, se você não quiser, tudo bem, não precisa." Sílvio sempre foi assim, impositivo, achando que sabia o que era melhor para todos, sem nunca ouvir ninguém.
Sílvio continuava sendo o mesmo homem: egocêntrico e arrogante.
Lúcia franziu a testa, pressionando a mão contra o fígado. Sentiu o gosto metálico do sangue subir à boca.
— Toma. — Disse Sílvio.
A mão de Sílvio estendeu-se diante dela com os comprimidos.
Lúcia, com esforço, engoliu o sangue que se acumulava na boca. Irritada, levantou o braço e deu um tapa na mão de Sílvio. Os comprimidos caíram no chão, rolando por todo o quarto, alguns parando perto dos sapatos de Sílvio, outros desaparecendo dentro da lixeira.
Ela não podia permitir que, nem em seus últimos momentos, não tivesse controle sobre suas próprias