Lúcia acompanhava Abelardo em uma caminhada, explorando os arredores do hospital. Ela achava que, depois de tanto tempo deitado, o pai precisava respirar um pouco de ar fresco para se recuperar mais rapidamente.
Quando desceram, o sol ainda se punha, mas agora o crepúsculo já havia dado lugar a um céu cada vez mais sombrio.
Um vento gelado soprou, levantando o cobertorzinho que cobria os joelhos de Abelardo. Ele levou o punho aos lábios e tossiu levemente, o corpo tremendo com a tosse.
— Pai, vamos voltar pro quarto. — Lúcia se preocupou que ele estivesse pegando frio e apertou as mãos no apoio da cadeira de rodas.
Abelardo assentiu com a cabeça e tentou tranquilizá-la, emitindo sons incompreensíveis. Pelo movimento de seus lábios, Lúcia deduziu que ele estava dizendo: "Estou bem, não se preocupe."
De volta ao elevador, Lúcia se inclinou para perguntar:
— Pai, o que o senhor gostaria de comer?
Ele balançou a cabeça.
— Eu fico feliz em cozinhar para o senhor. Amanhã, quando eu voltar,