Eu sabia que Rafael estava preocupado, mas nada me preparou para o que ele planejou. Pra mim já não era mais novidade nenhuma que ele mandava Heitor e Lucas me seguirem como sombras. Durante a semana, eles ficavam "disfarçados" — se é que dois caras de 1,90m com rádio no ouvido podem passar despercebidos —, mas nos finais de semana, quando eu voltava para o apartamento, a proteção virava um espetáculo. Heitor plantava-se na porta como uma estátua, enquanto a minha amiga Solange, mestra em constrangimentos, inventava mil desculpas para aparecer com:
— Um cafézinho pra você, Heitor… ou um drink? Você gosta de cosmopolitan? Ele, imóvel, só respondia com um "Não, obrigado", mas ela insistia, achando graça na própria cara de pau. Só que dessa vez, Rafael radicalizou. Quando vi os dois carros pretos estacionados na frente do prédio — um para Pedro me levar, outro com mais quatro seguranças que eu nem sabia o nome —, quase gritei.