155. Chefe bebê
Enoch
Eu odeio planilhas.
Sério, quem inventou isso merece um lugar especial no inferno dos lobos. Eu tô há três horas olhando pra tela do computador na sala da empresa em Sidney, tentando entender o relatório financeiro que a Laura mandou pra mim ontem. Números dançando, gráficos subindo e descendo, e eu aqui, o “chefe interino”, fingindo que sei o que tô fazendo.
Riuk e Rubi fingem que estão bem e mal falam comigo. Eron e Libby, me tratavam como um bebê, só mensagens curtas do tipo “tudo bem, estou ocupado” ou da minha mãe dizendo “não se preocupa, cuida da empresa”. Eu sei que tem coisa errada. Eu sinto. Mas ninguém me conta nada porque sou o caçula, o “filhote que ainda tá treinando”.
A porta da sala se abriu sem bater, e Laura entrou carregando duas xícaras de café. Ela é… bem, a Laura. Quatro anos mais velha, cabelo castanho sempre preso num coque bagunçado, óculos que escorregam no nariz quando ela tá concentrada. Assistente de projeto do Riuk e a melhor amiga da Rubi, e agora