Na faculdade de ciência e tecnologia San Andreas, em Chicago, um grupo de alunos é desafiado a descobrir a identidade de um Hacker famoso na cidade que tem roubado dinheiro de ricos em diversos bancos de forma virtual e transferido para milhares de pessoas, na maioria delas, pessoas carentes e usuárias de programas sociais do governo. O codinome do Hacker é "Robin Hood", por motivos óbvios. Bianca Cupertino é uma estudante intercambista de programação de jogos, que teve sua faculdade completamente paga por Robin Hood. Apesar de não ser uma hacker, ela está fazendo de tudo para descobrir a identidade do homem que tem deixado o prefeito da cidade de cabelo em pé... E que tem mexido com seu coração.
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— Vocês viram que o Robin Hood atacou de novo? Ele derrubou o site da prefeitura e deixou o símbolo dele lá. Parece que umas dívidas de hipoteca foram pagas, ele ferrou com o prefeito essa madrugada. — Ouvi uma garota comentando com a outra. Eu nem sei o que dizer, esse tal de Robin Hood tem tirado meu sono.
Eu fui uma das beneficiadas pelos roubos do hacker Robin Hood. Ele quitou minha faculdade, e eu torço para que um dia eu consiga encontrá-lo e agradecer. Cheguei na faculdade San Andreas como intercambista, mas meus pais foram à falência e eu quase fui embora. Só que ele pagou minha faculdade, e eu ainda estou aqui por isso. Temos desconfiança de que o Robin Hood seja aluno da San Andreas porque muitos alunos pobres tiveram suas mensalidades pagas integralmente.
Tenho vinte e três anos. Vinte e três longos anos de vida que foram uma grande porcaria. Sinto que não fiz nada importante, sinto como se eu não me encaixasse nessa faculdade de gente tão inteligente. Eu entrei aqui no intuito de aprender a programar jogos infantis e pedagógicos, para trabalhar com ressocialização de crianças, e eu tenho me dado bem nisso, mas parece tão... Superficial mesmo assim. Eu queria poder fazer a diferença, como o Robin tem feito.
— Olha lá, o Bill Hammer. Nem parece preocupado que o município do pai foi roubada essa noite. — Marcela girou os olhos. Ela é intercambista brasileira como eu, e minha amiga.
Nós trabalhamos juntas nos jogos, mas o visual dela não se parece em nada com o meu. Ela é morena, de cabelo escuro e longo, olhos levemente puxados e castanhos... Tem muitas tatuagens e uma beleza completamente diferente de todas que já vi. Essa garota poderia dominar o mundo só com a aparência, mas escolheu ser programadora de jogos. Vai entender.
— Ele é um ridículo. Aposto que vai marcar uma festinha particular já que toda sexta é a mesma coisa. — Desdenhei.
— Se ele marcar e pagar tudo, eu vou. Você devia ir também. — Marcela deu risada. Eu também.
— Você é doida, Marcela. Completamente.
— A gente tem que viver a vida, e se o filho do prefeito tá pagando álcool para a galera, por que não?
Entramos na sala de aula cheia de computadores. Eu sentei no meu, Marcela no dela e começamos a assistir a aula. Marcela parecia mais preocupada com seu próprio I*******m do que com a aula, ela é assim. E meu pano tá pronto para passar para ela.
Eu não consigo tirar a droga do Robin Hood da mente. Quando tudo aconteceu, eu abri meu aplicativo do banco e apareceu aquela máscara: Olhos em forma de X, um sorriso com dentes a mostra. Eram traços simples, mas que tornavam a máscara muito assustadora e ao mesmo tempo, irônica. Era como se uma criança estivesse buscando vingança através da tecnologia.
Mais tarde, naquele mesmo dia, o prefeito estava fazendo um pronunciamento na TV. Ele estava tentando acalmar a população (principalmente os ricos, que foram os afetados pelos roubos de Robin), e fazer com que se sentissem seguros. A verdade é que esse cara, seja lá quem for, tem ganhado posto de herói aqui em Chicago. E a faculdade de ciência e tecnologia San Andreas inteira o venera.
Toda a faculdade assistia o discurso do prefeito. Estávamos atônitos. Nós sabíamos que Robin Hood poderia aparecer e causar durante o discurso, e a verdade é que torcíamos para isso.
E foi exatamente o que aconteceu.
A máscara apareceu, seguida de uma frase que Robin sempre usa: "Dê poder aos bons e os maus entrarão em guerra". A faculdade foi à loucura. Parecia que o time favorito havia feito um gol.
Eu confesso que estou obcecada tanto pelo Robin Hood, o hacker que tem feito o caos no nosso município, quanto pelo personagem. Tenho tentado entender de onde vem essa inspiração e se algo poderia me levar ao homem por trás da máscara com olhos de X. Perdi as contas de quantas versões do livro Robin Hood eu li. Versões de Alexandre Dumas com diferença de anos, remodelagens, versões de autores desconhecidos...
E aquela frase, aquela m*****a frase, me fez lembrar de uma versão específica que eu aluguei na biblioteca daqui mesmo há um tempo atrás. Será que o Robin realmente estuda aqui?
Corri pela faculdade em meio ao caos e euforia daquele pronunciamento patético do prefeito com a aparição de Robin, e fui em direção à biblioteca. Eu precisava ter certeza de que essa frase estava nesse livro específico. Me lembro de ter lido em algum lugar que muitas partes são reescritas ao longo dos anos, e essa frase não estava em mais nenhuma das versões.
Corri para a sessão de livros onde Robin Hood estava. Era um livro mal visto e com a capa rasgada. Os alunos tem alugado bastante versões da história, mas não essa, por causa das páginas amareladas e o cheiro de mofo.
Eu abri o livro e essa frase estava grifada a lápis. Te peguei, Robin Hood. Olhei para os lados, tirei uma caneta e um pedacinho de papel da bolsa e decidi agir. O bilhete dizia o seguinte: "Obrigada por pagar minha faculdade."
Não assinei. Nem ao menos, aguarde uma resposta. Eu só colocou o ingresso ali e foi na direção da porta da biblioteca, como o coração na garganta. Por alguma razão, tenho certeza de que Robin está mais consciente do que eu jamais imaginei.
Quando cruzei para o portão, trombei como filho do prefeito, Bill. Ele tem um rosto muito grande, musculoso, tem um braço misterioso, mas ao mesmo tempo se expõe demais. É ou quase ou típico de prefeito, se no fosse tatuagens nos braços e mãos. Ele é cuidadoso, alegre e fofinho, e é uma pessoa que adora uma festa na sexta à noite nos cremes do papai... Uma bem chata, na minha opinião.
- Com licença, Bia. — Passou por mim com um smile no rosto.
— Eu não era nada. - Eu digo. Nunca vi aquele rosto na biblioteca...
Resolvi segui-lo. Foi na direção do corredor onde estavam os livros de Robin Hood. Talvez ele fosse teimoso tanto quanto eu, mas eu me preocupava em achar uma passagem e fazer uma bobagem. Então, caminhei discretamente pelo corredor e me vi mexendo em outro livro, chamado "Tristão e Isolde". É uma história épica também e honestamente, eu não enfrento ou gênero, não descasca a cara que temos. "Não jogue um livro com sua capa, Bianca!" Eu repeti para mim mesmo, mentalmente.
— Não sabia que gostava de ler. — Matéria Puxei. Eu só queria proteger o livro de Robin Hood no meu bilhete.
— Ah, meu prazer. Este livro é interessante, alias. Ha leu? — Ele questionou, me mostrando a capa.
— Ha li. Eu adoro o conto de Tristão e Isolda. É muito triste... Mais de uma vez quando gosto de rir. — Ele riu, e passou a mão no proprio scuro e bem arrumado cabelo.
— Eu já li todas as versões que encontrei. Esse é o último. — Ele falou. — Estou pensando em roubar a biblioteca.
— Ah, então você é um ladrão como o seu país? - Eu pulei.
— Uma fruta não cai longe do pé. Você sabe como ele é. — Ele riu mais uma vez. Ou que eu sou um idiota, eu sou fofo. Mandíbula perfeita, grandes olhos castanhos, um sorriso cativante.
Depois de uma conversa amigável, ele disse. Fingi que estava vendendo livros na mesma prateleira que ele e só estava grávida quando ele estava grávida também.
CAPÍTULO 36BIANCA NARRANDOEu não consigo parar de chorar. Bill foi alvejado pelo FBI como a porra de um criminoso. Meu coração está estraçalhado, mas sei que ele morreu como um herói. E ele está bem vivo no meu coração.Me despedi de Brad, nós não tínhamos mais motivo para lutar. É muito difícil ver o seu herói e namorado morrendo. Aquela cena ficava se repetindo mil vezes na minha cabeça, então, decidi que ficar sozinha era melhor.Cheguei na minha casa chorando. A vida parecia sem cor, triste, eu não conseguia pensar em nada que não fosse Bill. Eu me sentei na cama, chorando, e depois me joguei nela. E então, decidi que queria relembrar de Bill, das fotos que tiramos, dos passeios que fizemos. Foi pouco tempo, mas foi marcante e intenso. Bill me fez uma pessoa melhor, me fez perceber coisas que eu jamais teria percebido sozinha. Me fez... Crescer como ser humano. Evoluir, eu diria.Liguei meu computador e comecei a mexer nas minhas fotos com ele. Eu estava sentindo um gosto agrido
CAPÍTULO 35BILL NARRANDODonovan saiu da minha cela tão revoltado que não percebeu que na hora que estava saindo, eu joguei minha blusa para impedir que a porta fechasse por completo. Se ele acha que irá me prender aqui, está enganado. Enquanto ele fazia sua saída triunfal, depois de ter me agredido o suficiente para deixar meu rosto mais roxo do que já estava, eu me preocupei em sair. Em sair dali de verdade.Me vi correndo pelos corredores da prisão. Eu estudei algumas prisões da cidade de Chicago porque sabia que primeiro ficaria em alguma delas, depois, seria transferido para algo maior dependendo do quanto irritei o prefeito maior. Eu estava fugindo de uma vida de merda dentro de uma cela de segurança máxima, e daria o meu melhor para conseguir... Mas acontece que nem tudo é perfeito e algo ferraria com meu plano.Eu consegui passar por três portas de acesso. Fechei meus olhos e tentei me lembrar do mapa da prisão, eu sabia onde eu estava, e estava tentando lembrar onde era a la
CAPÍTULO 34BIANCA NARRANDOQue circo ridículo fizeram para o Robin. O que o prefeito maior Donovan está pensando que irá ganhar com isso? É ridículo! Mas eles continuam.O prefeito começou seu discurso na televisão.— Caros moradores da grande Chicago... Aqui, na frente de vocês, está Robin Hood. Como sabem, ele é um malfeitor perigoso que vem invadindo a privacidade das pessoas, roubando dinheiro e transformando a cidade em um verdadeiro caos. Agora, a identidade desse homem está revelada.Era possível ouvir uma gritaria ao redor do discurso. Bill permanecia de cabeça erguida, pude ver até um pequeno sorriso se formar no canto de seu lábio inferior.— Ele não planejou nada em relação a isso? — Perguntei.— Ele nunca me falou nada disso. Se ele tem algum plano para passar por isso, o plano é totalmente dele e eu não sei nada. — Brad falou e eu neguei com a cabeça.— Isso é um inferno. Ficar sem saber se ele tem algo em mente ou não é um inferno também.Havia um burburinho enquanto o
CAPÍTULO 33BILL NARRANDOEstou sentado em uma cadeira, em frente a Donovan. Ele me olha nos olhos como um perfeito filho da puta.— Então, o famoso Robin Hood é o filho do prefeito do município de San Andreas. — Afirmou. Eu dei os ombros. — Robin sempre tem tantos discursos... O gato por um acaso comeu sua língua agora?Cruzei meus braços. Eles tiraram minhas algemas já que não podiam provar que eu era o Robin Hood. Todas as provas eram circunstanciais.— Se ele for o Robin Hood, não vai confessar. — Ouvi um policial sussurrar para Donovan.Eu sabia que era uma questão de minutos até o caos acontecer. O meu plano havia entrado em ação, e eu sei que em breve eles ficarão sabendo. Quando os aparelhos eletrônicos começarem a se conectar nas redes... Quando os dados começarem a ser jogados no meu data-base, quando minha inteligência artificial começar a agir... Esse país nunca mais será o mesmo. Eu vou ser preso, jogado em uma cela de segurança máxima, mas eu vou ter cumprido minha vinga
CAPÍTULO 32BILL NARRANDOTodas aquelas armas apontadas para mim, como se eu fosse a porra de um criminoso pior do que o professor Marcos, pedófilo. Ou tantos outros que mataram por tirar dinheiro de hospitais, por exemplo.— Ajoelha, ajoelha! — Gritaram.Meu rosto estava erguido. Eu não vou abaixá-lo, não tenho vergonha do que fiz.— Mão na cabeça! — O agente que parecia ser o líder da operação se aproximou de mim. — Vira!Eu obedeci. Ajoelhei e coloquei as duas mãos atrás da cabeça. Colocaram algemas nos meus punhos, e eu fui puxado de forma bruta. Havia uma pequena multidão do lado de fora do meu prédio, pois ele estava pegando fogo. Os bombeiros foram acionados. Eu sabia que isso aconteceria.Fui arrastado pelo agente com brutalidade até o lado de fora do meu terreno. Quando chegamos na viatura, ele me jogou no capô do carro e um policial veio me revistar. Depois que me revistaram, me jogaram no banco de trás do carro. Um dos policiais entrou no banco de trás e colocou algemas nos
CAPÍTULO 31BILL NARRANDOEu não sabia que as coisas se deteriorariam tão rápido. Jurei que minha vingança contra o sistema seria perfeita, mas eu estava enganado. Todos nós cometemos erros, mas não esperava que o meu fosse tão idiota e me revelasse.Tudo começou no dia que saí da internação. Bianca veio me buscar e eu vi que ela estava nervosa.— O que está acontecendo, Bianca?— Eu não quero falar aqui. Vou te levar para o galpão, e lá conversamos.— Tudo bem. — Respondi. Meu coração estava acelerado, mas a Ritalina ajudou com que eu não surtasse.Chegamos ao galpão. Quando entrei, Brad estava sentado com a mesma cara de Bianca.— Fala para ele, Brad.— Gente, meu ataque ao Phill e Donovan deu certo? — Eles dois concordaram.— Sim. Mas aconteceu uma coisa. — Brad estava na frente do computador e abriu um site de notícias. E eu comecei a ler.Tudo que estava escrito ali era mentira, mas tinha provas críveis para a população leiga. De acordo com esse site — depois eu descobriria que t
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