Era sábado de manhã, e a cidade ainda dormia enquanto o sol se esgueirava pelas frestas das cortinas. Helen despertou antes do despertador. Despertou com um beijo na nuca, uma mão quente deslizando pelas curvas da cintura e um sussurro que arrepiou até a alma.— Bom dia, senhora Carter.Ela virou de lado e encontrou Ethan já acordado, apoiado no cotovelo, olhando para ela com aquele sorriso de quem planejava pecados antes do café.— Você tem algum botão interno que te ativa no modo “devasso” sempre que o sol nasce?— Só quando acordo ao lado da mulher mais gostosa do planeta.— Você precisa ser multado por excesso de testosterona. — ela murmurou, mesmo sorrindo.— Você precisa ser multada por dormir com essa camisola. Eu quase morri durante a madrugada com vontade de levantar e te virar de bruços.Ela riu, enrolando-se mais nos lençóis.— E por que não fez?— Porque eu respeito seu sono. Mas agora que você está acordada…— Ethan…— O quê?— A gente tem que levantar. Temos um almoço às
O salão de eventos do luxuoso Hotel Del Mare, em pleno centro financeiro da cidade, estava lotado. O coquetel era chique, o tipo de ambiente com champanhe francês, executivos engravatados e sorrisos milimetricamente falsos. Mas para Ethan e Helen Carter, aquilo era mais do que uma noite de networking.Era o cenário perfeito para realizar uma fantasia.Ela usava um vestido preto de cetim, justo, com um decote nas costas que provocava arrepios. Nada vulgar, tudo insinuante. Cada passo dela era um convite. O batom vermelho escuro, o olhar malicioso. E o mais importante: sob o vestido, nenhuma calcinha.Ethan sabia. Ela fez questão de sussurrar em seu ouvido no carro:— Estou obedecendo ao seu comando. Estou completamente exposta… e toda sua.Ele havia engolido em seco, os dedos apertaram o volante com força. Agora, caminhava ao lado dela pelo salão, cumprimentando sócios e diretores, mas com o pensamento em chamas. Helen era a própria perdição em salto alto.— Você está me torturando. —
Ethan Carter não era um homem fácil de surpreender.Ele controlava tudo. O tempo, os números, as pessoas. Estava acostumado a estar à frente, prever, planejar. Mas naquela noite… ele não tinha ideia do que Helen havia preparado.Tudo começou com um simples envelope deixado sobre a mesa do escritório em casa, onde ele revisava documentos com a concentração de um cirurgião em operação.Ao abrir, encontrou um bilhete escrito à mão:“Hoje você não vai controlar nada. Vista-se como se fosse me encontrar para jantar. Mas venha sozinho. Sala 408. Às 20h. E não se atrase.”Nenhuma assinatura, nenhum emoji. Nada além da caligrafia perfeita de Helen.Ethan sentiu a espinha arrepiar.Ele olhou para o relógio. 19h32, fechou o notebook e correu subindo as escadas. Em questão de minutos estava debaixo do chuveiro, sentindo o coração acelerado, como se estivesse prestes a cometer um crime. Um sorriso apareceu em seu rosto. Ela estava tramando algo, e ele mal podia esperar para ser a vítima.Às 19h58
Era uma sexta-feira à noite e tudo o que Helen queria era uma coisa: um cinema, um balde de pipoca maior que o bom senso e a companhia do homem mais teimoso, sarcástico e delicioso que já havia cruzado seu caminho: seu marido.— Vai se arrumar, chatinha — ele tinha dito mais cedo, com aquele sorrisinho torto. — Hoje você é minha namoradinha.Ela fingiu surpresa, jogando o cabelo para o lado com ar dramático.— Nossa, que honra! Mas você vai me levar pra onde? Um rodízio de pizza ou no drive-thru da esquina?— Cinema. Pipoca amanteigada e refrigerante que faz arrotar. Tudo incluso.— Meu Deus. Tá tentando me conquistar?— Helen… Eu te conquisto toda vez que respiro.Helen estava usando um vestido simples, porém justo, daqueles que Ethan sempre fingia odiar, mas que não conseguia desgrudar os olhos. Ele, por sua vez, usava jeans e uma camiseta preta, básica, mas o maldito conseguia fazer aquilo parecer desfile de passarela.Chegaram ao shopping de mãos dadas. O cinema estava cheio, mas
Cinco meses.Cinco malditos meses desde que Ethan Carter ousou me apagar da vida dele como se eu fosse um erro de digitação.“Acabou Miranda.”Foi a mensagem que recebi, a única, há cento e cinquenta e dois dias. Desde então, o silêncio.E eu não sou uma mulher feita para o silêncio.Estou parada na calçada, minhas mãos fechadas dentro do casaco de couro como se, com força suficiente, eu pudesse esmagar a raiva que pulsa dentro de mim. O frio da noite de outono morde a pele, mas é o calor do ódio que me mantém de pé.Acho que fui estúpida demais. Estúpida por pensar que poderia desaparecer por um tempo e, quando voltasse, ele ainda estaria lá, como sempre esteve. Ethan me desejava, disso eu nunca tive dúvidas. Eu via nos olhos dele. Via na forma como me olhava, como seu corpo reagia ao meu. Ele me desejava como se eu fosse a última mulher do mundo.Mas o desejo é frágil.E homens fracos, como Ethan se revelou ser, se agarram à primeira ilusão de paz que encontram. E é exatamente isso
O estacionamento do shopping estava quase vazio, envolto por uma brisa leve e o som distante de buzinas. As luzes fluorescentes dos postes lançavam sombras longas sobre o asfalto, e ali estavam eles Helen e Ethan de mãos dadas, ainda com o rosto corado e rindo como se tivessem cometido o maior delito romântico do século.— Eu ainda não acredito que o lanterninha flagrou a gente — ela disse, escondendo o rosto no braço dele.— Chatinha, relaxa. Ele deveria nos agradecer. Fizemos ele ter uma história pra contar no fim de semana.— Uma história de casal indecente no meio do cinema?— Exato. O trabalho dele ficou emocionante por cinco minutos graças a nós.Ethan apertou a cintura dela e a puxou para mais perto, abrindo o carro com um toque no controle. Ela encostou as costas na porta, e ele colou o corpo no dela com um sorriso provocante.— Quer que a gente continue a história no carro? — ele murmurou, a boca perto demais, os olhos faiscando desejo.Helen o empurrou de leve, rindo.— A ge
Domingo, final de tarde. A casa de Zoe fervilhava com risadas, cheiro de lasanha no ar e um certo casal tentando manter a compostura depois de um cinema… nada tradicional.Helen estava vermelha até as orelhas, tentando parecer discreta enquanto Zoe, a cunhada mais escandalosa da cidade, gargalhava deitada no sofá, revivendo, pela décima vez, o “escândalo do cinema”.— Eu juro! — Zoe gritava, entre uma risada e outra — O lanterninha postou uma indireta no Twitter e eu sabia que era sobre vocês dois! Meu Deus, Helen, você deu um show em plena sessão de comédia romântica!— Zoe! — Helen escondeu o rosto nas mãos, rindo de nervoso.Ethan, ao lado da esposa, tentava manter a dignidade… e falhava miseravelmente.Foi então que Liam, que até então parecia alheio, explodiu em gargalhadas.Sim, Liam.O sempre sério, responsável, estava ali, rindo com o corpo inteiro, como se tivesse assistido ao melhor stand-up da vida.— Eu não tô acreditando nisso! — ele disse, limpando os olhos. — Ethan Cart
A noite estava morna, embalada pela brisa suave que dançava pelas ruas da cidade. Ethan e Helen deixaram a casa de Zoe com os corações aquecidos e os corpos querendo mais. O jantar, as provocações, as risadas… tudo era parte de um jogo que só eles sabiam jogar.Ao entrarem no carro, bastou um olhar.Ethan ligou o motor, mas seus olhos não se desviaram dos dela.— Você se divertiu hoje? — ele perguntou, com um meio sorriso.— Muito. Mas confesso… senti falta do sofá da nossa sala.Ele riu, estendendo a mão e entrelaçando os dedos aos dela.— Pois então vamos pra casa. Tenho planos com aquele sofá, com o tapete, com a cama... Especialmente com a cama.Ela mordeu o lábio, o rosto iluminado pelas luzes da rua e disse:— Corre.✲ ✲ ✲O elevador era pequeno demais para conter a tensão entre os dois. Assim que as portas se fecharam, Ethan a puxou pela cintura, colando o corpo ao dela. O beijo veio faminto, profundo, como se não se vissem há semanas.Helen riu entre beijos, suas mãos enfiadas