A casa de Ian ficava no primeiro andar e tinha um pequeno jardim, todo preenchido com flores e plantas, muitas das quais podiam ser usadas como remédios.Após apertar a campainha, a governanta atendeu a porta:— Você é aluno da Dra. Diana, não é? Entre, por favor.— Obrigado.Ian estava de folga naquele dia e havia acabado de tirar um breve cochilo.— Dra. Diana, como tem passado ultimamente? — Bem, muito bem. — Ian estava tomando chá e sorria enquanto acenava para eles. — Karina chegou, você é o marido dela, não é?A notícia do casamento deles já era conhecida por todos na Cidade J, não era algo que Karina tivesse precisado contar.— Sou.— Se sente, por favor. — Ian apontou para a cadeira à sua frente.Ademir se sentou, obediente.— Mostre-me a mão, vou examinar você. — Karina indicou o braço dele.— Claro. Agradeço, Dra. Diana.Ian estendeu a mão, prendendo a respiração, até mesmo fechando os olhos.Após algum tempo, ele abriu os olhos e disse:— Abra a boca, vou ver sua língua.—
Ele disse isso, e Karina se sentiu ainda mais constrangida. Por que ele precisava que Karina fizesse essas coisas para ele? Será que o Sr. Ademir não tinha quem preparasse remédios para aquele homem? Se fosse uma questão de dinheiro, muitas pessoas estariam dispostas a ir até o escritório dele para fazer o mesmo. Karina, sem saber o que fazer, respondeu: — Não precisa que eu faça isso... Ademir arqueou uma sobrancelha. Será que Karina estava pensando demais? Ele fez um gesto fingindo estar irritado e disse: — Você diz uma coisa e logo se arrepende? Karina ficou sem saber o que pensar. Será que ele queria que ela preparasse o remédio ou não? — O que eu queria dizer... — Ademir levantou a cabeça, com um sorriso nos lábios. — Pedir ao Bruno para correr para lá e para cá é um incômodo. Melhor eu ir até você, não é? Karina ficou surpresa. Ele mesmo viria? Três vezes por dia? Isso não seria ainda mais inconveniente? — Eu me lembro que a medicina tradicional chinesa tem
Ademir permaneceu em silêncio. A partir de agora, teria que passar por tudo isso. Mas, mesmo assim, sua boca não vacilou, se mostrando extremamente educado: — Está bem, eu gosto. ... Dois dias depois, Catarino estava prestes a receber alta. Como doador de fígado, sua recuperação estava indo muito bem. Com os exames estáveis, ele poderia ser liberado entre uma semana e dez dias após a cirurgia. Catarino se recuperou rapidamente, e, com apenas uma semana, já estava realizando os procedimentos para a alta. No entanto, ele ainda precisaria de cuidados durante os próximos seis meses. Mas com a presença de Cecília, não seria problema algum. Naquele dia, depois de tomar remédio na casa de Karina, Ademir a acompanhou até o hospital. Após resolverem tudo, levaram Catarino de volta para a Villa Meio Verão. No caminho de volta para Villa Meio Verão, Ademir disse a Karina: — Karina, eu preciso ir a Cidade L esta tarde. Karina logo pensou na questão dos remédios: — E qua
Nas vezes anteriores, havia sido uma sensação de tontura, com os objetos à sua frente balançando... Mas, desta vez, foi um apagão repentino, como se tivesse caído de repente na escuridão, sem que as luzes estivessem acesas... Espera! Karina de repente se lembrou de que isso não era a primeira vez. Da última vez, no dia da cirurgia de Catarino! Quando acordou, a escuridão tomava conta de tudo. Naquele momento, ela até perguntou a Patrícia por que as luzes estavam apagadas. Mas naquela ocasião, o episódio durou pouco tempo, e como ela estava completamente focada na cirurgia de Catarino, não deu muita atenção a isso. Ela até pensou que fosse por causa do cansaço, já que não tinha dormido bem na noite anterior. Mas agora, parecia que não era bem assim... A situação dela, aparentemente, havia piorado. Karina apoiou a mão no móvel da entrada e descansou por um momento, aguardando em silêncio. Passados cerca de um minuto, a escuridão foi se dissipando, e a luz começou a
— O bebê não tem nada de grave, o problema é você. Já teve episódios de perda temporária da visão, e se isso continuar... Bem, você é médica, entende que as coisas nunca são absolutas... — Eu entendo. — Karina assentiu com a cabeça. Cada corpo reage de forma diferente, e ninguém pode prever exatamente como as coisas irão se desenvolver. — Obrigada. — De nada. Ao sair do hospital, Karina estava pálida. Ela abaixou a cabeça, levantou a mão lentamente e a colocou suavemente sobre a barriga. No começo, ela não queria manter a gravidez. Durante esses meses, o bebê também lhe causou muitas dificuldades. Mas agora, com o bebê já tão grande... Ela podia sentir os batimentos cardíacos dele, e ele brincava dentro de sua barriga... A conexão sanguínea era algo muito delicado. Karina já havia se preparado para receber esse filho neste mundo. Apesar das dificuldades, seus planos para o futuro incluíam Catarina, mas também o bebê! Mas como as coisas haviam chegado até aqu
Com a mente cheia de pensamentos, Karina não conseguiu dormir direito naquela noite. Ao acordar cedo, percebeu que seus pés estavam inchados, parecendo duas bisnaguinhas. Ao pressionar o dorso do pé com os dedos, se formava uma pequena depressão. Soltou um suspiro leve, ciente de que, conforme a gravidez avançava, diversos sintomas iam surgindo. Depois de se lavar e comer algo, Karina trocou de roupa e saiu de casa. Ela havia combinado com Patrícia de visitá-la e sua mãe. Ao passar pelo mercado, comprou algumas laranjas. A casa de Patrícia ficava no sul da Cidade J, em uma área mais antiga, repleta de vilas. Os negócios da família Santos sempre foram muito bem-sucedidos, e todos viviam de maneira confortável. No entanto, ultimamente, algumas dificuldades surgiram. Patrícia atendeu à porta e, ao vê-la, sorriu e disse: — Está tão frio lá fora, o que você veio fazer aqui? Enquanto falava, puxava Karina para dentro da casa. — Entre logo! Não vamos deixar o bebê passar frio. —
Às dez da noite, no Hotel Dynasty.Karina Costa olhou para o número na porta: Suíte Presidencial 7203.“É aqui.”Seu celular vibrou com uma mensagem de Lucas Costa: [Karina, sua tia concordou. Contanto que você acompanhe bem o Sr. Francisco, eu pago imediatamente as despesas médicas do seu irmão.]Karina leu a mensagem, com uma expressão neutra em seu rosto pálido.Ela já estava entorpecida, incapaz de sentir dor.Depois que seu pai se casou novamente, ele deixou de se importar com ela e seu irmão. Durante mais de dez anos, eles foram deixados à mercê dos maus-tratos e até abusos da madrasta.Faltar roupas e comida era normal; insultos e espancamentos eram frequentes.Desta vez, devido a dívidas de negócios, eles a forçaram a dormir com um homem!Quando Karina se recusou, eles ameaçaram cortar o tratamento do irmão dela.Seu irmão tinha autismo, e o tratamento não podia ser interrompido.Mesmo os tigres, por mais ferozes que sejam, não comem seus filhotes. Lucas era pior que um animal!
Karina se apressou para voltar para casa.Um homem de meia-idade, gordo e com a cabeça semi-careca, estava sentado no sofá da sala, olhando furioso para Vitória.— Uma estrela em ascensão, eu prometi que me casaria com você! Como ousa me enganar e me deixar esperando a noite toda?Vitória aguentava a humilhação. Nem se falava que Francisco usava essa desculpa todas as vezes para se aproveitar das mulheres. Mesmo que ele estivesse realmente disposto a se casar com Vitória, isso seria uma armadilha! Quem se atreveria a se casar com ele?Vitória teve o azar de ser notada por ele.Mas seus pais, preocupados com ela, fizeram Karina substituir Vitória.Só que não esperavam que Karina fugisse na última hora!Eunice falou cuidadosamente:— Sr. Francisco, sinto muito, a menina não entende as coisas, por favor, perdoe ela.Lucas falou timidamente:— Por favor, não fique zangado.— Não ficar zangado? — Francisco disse muito irritado. — Impossível! Já que Srta. Vitória não está disposta, eu não a