Capítulo 5

Amanda Rich

Muitas pessoas dizem que quando temos um apoio e estrutura familiar, conseguimos conquistar nossos objetivos mais fácil, e posso dizer, que não consegui saber se isso era verdade, perdi meus pais muito cedo, e desde então estive sozinha, até encontrar a Yven e sua família, que e acolheram com todo carinho e amor e agora estou aqui, ignorando a garota, morando em um país desconhecido, com um trabalho e chefes que estou querendo matar desde o segundo dia de trabalho. por causa de um coração partido.  

É mole?

Além de todos serem extremamente desorganizados, a equipe em que fui incluída, ainda exige coisas que estão além da minha alçada. Ou seja, não tenho como executar o trabalho.

Fechei os olhos e puxei o ar para meus pulmões na tentativa de me acalmar e até mesmo me concentrar, pois passei o dia todo me arrastando.

Minha segunda semana no trabalho foi um desastre, parece que tudo está conspirando contra mim, primeiro por que meu chefe de New York não queria me permitir vir para cá, o braço direito do meu novo chefe tenta flertar comigo sempre que encontra uma oportunidade e estamos recebendo uma séria notificação judicial por algum atendimento feito de forma errônea com um cliente muito grande, esse processo que o cliente fez contra nós, na verdade está aberta a quase 2 anos, e meu chefe disse que se eu não resolver esse problema, eu irei voltar para New York sem emprego, e o que eu poderei fazer ? Desconheço totalmente a situação que levou o cliente a nos notificar judicialmente, e os arquivos aqui são tão desorganizados, que não tem nenhum registro de atendimento com esse cliente.

 Então antes que a bomba exploda, eu vou embora. 

Juntei minhas coisas na mesa e coloquei meus pertences pessoais na bolsa, agradecendo aos céus por já estar no meu horário e por ter tomado a decisão final, de finalmente ir embora desse país e voltar para a família que eu ganhei quando me tornei amiga da Yven.

Já estava muito escuro quando eu parei para pegar meu celular dentro da bolsa e voltei a andar sem olhar para frente e esbarrei em alguém.

O homem fez um som irritado com a boca e parecia que iria me xingar e muito preocupada, meus olhos encontraram os seus, fiquei perplexa, na verdade, extremamente nervosa e muito surpresa.

—  Amanda, nunca pensei que veria você aqui.  — 

Engoli em seco, tentando pensar em uma resposta educada e murmurei.

— Eu digo o mesmo, Carlos.  —  

Ele sorriu de um jeito que eu conhecia bem. Antes eu sabia que era o sorriso de “ Ei, vamos transar, gata?” Mas como ele perdeu esse direito, eu apenas cerrei meus olhos e fiquei em silêncio, olhando feio para ele, que coçando a garganta, murmurou enfiando suas mãos no bolso do casaco.

—  Então, já que estamos aqui. Vamos tomar um café?  —  

Pressionei os lábios me preparando para negar quando meu estômago revelou a mentira que eu iria dizer.

 —  Conheço você muito bem, está faminta.  —  

Neguei com um gesto e respondi secamente, cortando aquela expressão convencida e seu rosto.

—  Você sempre sabia por que meu estômago revelava. Você não me conhece, em nada. 

 E então começamos  andar para a mesma direção, pois havia uma cafeteria a menos de 3 metro de onde estávamos e começamos a conversar no instante em que nos acomodamos.

Nossa conversa não foi agradável, na verdade, eu não conseguia nem prestar atenção na sua voz, tudo estava me irritando, inclusive seu sorriso convencido para mim. Ele perdeu toda a beleza que eu via, e acho que essa é a confirmação de que não sinto mais nada por ele depois de ser enganada por tanto tempo. Nosso encontro parecia ter sido um bom acaso para ele, entretanto, tem um velho ditado que diz “ quem leva o tapa nunca esquece, e realmente, nunca mais vou esquecer do fato de eu estar tão apaixonada por um homem que estava fazendo parte de um trio de criminosos para sequestrar e traficar a minha melhor amiga, e que para isso, o homem precisou se aproximar de mim para se beneficiar e me usar como bem entendesse.

—  Então o que você me diz?  — 

 Carlos me trouxe de volta a realidade e piscando algumas vezes, eu sacudi a cabeça e murmurei. 

—  Desculpe, o que disse?  —   Ele sorriu de lado, era o sorriso que fazia meu corpo aquecer de desejo mas hoje não causou nada e pegando em minha mão, ele murmurou.

—  Quer ir comigo para casa?  — 

E sorrindo friamente, eu respondi me levantando da cadeira e puxando minha mão do seu toque. Pois meu estômago se revirou ao ver que ele ainda queria ter intimidade comigo.

—  Não vamos ser hipócritas, querido. Nunca vou esquecer do que você me fez.  — 

 Fechando a cara, ele cerrou os olhos e respondeu. 

—  Isso é passado, vamos conversar aos poucos então?  —  

Revirei os olhos e fiz um gesto com a cabeça e sai andando enquanto o deixei chocado com minha atitude.

A Amanda do passado, teria aceitado sem pestanejar, a chance de uma possível reconciliação, assim como houve no passado, quando fui traída e mesmo assim aceitei voltar com ele, foi um momento muito doloroso e assustador para mim e pior, não contei nem para minha melhor amiga, Yven nunca se intrometeu nas minhas questões pessoais com Carlos, mas eu sei que ela teve um passado bem doloroso e não queria que mais um acontecimento de traição, acabasse com a sua ideia de amor, pois vi ela recusando muitos homens bons por medo, e no entanto, aqui estou eu, fugindo de um homem que se apaixonou por mim e mesmo assim, seguiu sua vida tão rápido que não deu nem tempo de tentar recuperá-lo. Mas eu não vou mais ser aquela Amanda.

A partir de hoje, serei uma pessoa diferente, não vou mais fugir dos problemas e sim resolvê-los, a começar por minha amiga, que está sendo ignorada duramente por mim. E de repente, meu celular começou a vibrar na minha bolsa e o nome de Yven brilhou e olhando para o céu noturno eu resmungo.

—  Não estava preparada para isso.  — 

E atendi a ligação um pouco nervosa com receio de que Yven estivesse com raiva de mim pelos ultimo dias.

 —  Oi, Yven… Eu posso explic...  —  

Sou interrompida pela voz aflita e chorosa da minha amiga.

— Amanda, graças a Deus. Estava muito preocupada com você. 

Ouvi ela suspirar como se estivesse engolindo o choro e então murmurar.

 — Eu pensei…  — 

 Ela parou de falar e de repente a ouço chorar e meu corpo amolece de tristeza por saber que minha amiga estava tão preocupada comigo.

—  Amiga… Me desculpe… Eu não queria…  —

 E minha voz embargou e lágrimas rolaram em meu rosto e sem conseguir falar, apenas continuamos ouvindo o choro uma da outra, pois éramos assim, eu e Yven ficamos sempre juntas, e mesmo que não houvesse nada para conversar apenas ouvir o respirar uma da outra já era como estar em casa, coçando a garganta, minha amiga murmura.

 Amiga, eu só precisava saber de você. Estava muito preocupada. Na última vez que sumiu por tanto tempo...  —  

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