Li Wei
Desligar o telefone depois de falar com Siena foi um dos atos mais difíceis da minha vida. Cada instinto em meu corpo gritava para que eu largasse tudo – a sessão de fotos, as reuniões, as obrigações – e pegasse o primeiro jato para Milão. A imagem que minha mente conjurou, dela sozinha em seu apartamento, aterrorizada, era uma tortura física. A ameaça do pássaro morto foi uma escalada brutal. O Sindicato não estava mais testando as águas; eles estavam declarando guerra diretamente a ela.
Enviá-la para o Brasil pareceu, ao mesmo tempo, a decisão mais inteligente e a mais dolorosa. Inteligente porque a fazenda de sua família era uma fortaleza, um lugar onde a teia do Sindicato teria dificuldade em penetrar. Dolorosa porque colocava um oceano entre nós no momento em que eu mais queria tê-la em meus braços.
– Tudo certo?– perguntou o fotógrafo, um francês impaciente que não se importava com nada além da luz.
– Não,– respondi, minha voz mais dura do que eu pretendia. – Terminamos