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Capítulo 2: O Peso da Coroa de Jade

Li Wei

O silêncio era a mercadoria mais rara e luxuosa da minha vida. Mais caro que os relógios no meu pulso, mais exclusivo que a suíte presidencial com vista para as agulhas góticas do Duomo de Milão. E, como sempre, era um luxo que eu não podia desfrutar por muito tempo.

Do lado de fora da porta, o mundo pulsava com uma demanda incessante por mim. Fãs, paparazzi, assistentes, minha irmã... todos queriam um pedaço de Li Wei. O produto. A marca. O idol.

Eu me joguei no sofá de veludo, o tecido caro fazendo pouco para aliviar o cansaço que pesava em meus ossos. Milão. Semana de Moda. Sorrisos para as câmeras, respostas ensaiadas para jornalistas, usar roupas que custavam mais do que o primeiro apartamento da minha família. Era um ciclo interminável de performance, e a máscara estava começando a parecer pesada demais.

Meu celular vibrou sobre a mesa de centro de mármore. Uma notificação de um portal de notícias de entretenimento. A manchete dizia: "Li Wei visto em jantar íntimo com a herdeira da Tian Holdings. Seria o fim da vida de solteiro do maior astro da Ásia?"

Eu fechei os olhos, uma dor de cabeça familiar começando a latejar em minhas têmporas. O "jantar íntimo" tinha sido uma reunião de negócios forçada, com minha irmã e mais dez executivos presentes. Mas a verdade raramente importava. Minha vida era um roteiro escrito por outros – minha agência, minha família, a mídia. Cada passo era calculado, cada relacionamento uma transação em potencial. O poder e o dinheiro da minha família me deram uma carreira, mas me custaram a liberdade.

Eu queria um momento de paz. Um momento para ser apenas Wei, não Li Wei. Um momento de algo real, não fabricado.

Foi então que a batida na porta soou. Não era a batida discreta de um funcionário do hotel, nem a batida rápida e eficiente do meu assistente. Era uma batida forte, impaciente. Exigente.

Eu me levantei, irritado com a interrupção. Provavelmente era minha irmã, Lin, vindo discutir a manchete ou a próxima estratégia de relações públicas.

Abri a porta, uma resposta cortante já na ponta da língua.

Mas não era minha irmã.

Parada no corredor estava uma mulher que parecia ter sido esculpida pela própria tempestade. Estatura mediana, mas com uma energia que crepitava no ar. Cabelos cor de chocolate caíam em ondas selvagens ao redor de um rosto que era uma mistura impressionante de força e beleza. Seus olhos, de um tom fascinante de castanho e verde, queimavam com uma fúria que me pegou completamente desprevenido.

E o cheiro... era extraordinário. Complexo, caro. Cítrico, floral e amadeirado, tudo de uma vez. Era um perfume que não pedia licença.

Ela me olhou de cima a baixo, e o desprezo em seu rosto era tão palpável que eu quase recuei.

– Li Wei,– ela disse, o nome soando como uma acusação.

Eu a encarei, minha máscara de indiferença pública se encaixando no lugar por puro instinto. Eu não a conhecia. Fã? Stalker? Jornalista?

– Desculpe, você é...?– minha voz saiu mais fria do que eu pretendia.

– Eu sou o seu acerto de contas,– ela cuspiu, e antes que eu pudesse processar a estranheza da frase, sua mão voou em um arco rápido e preciso.

O som do tapa estalou no silêncio da suíte.

Meu rosto ardeu. O choque percorreu meu corpo, paralisando-me por um segundo. Ninguém. Nunca. Em toda a minha vida controlada e coreografada, ninguém jamais havia ousado me tocar com raiva.

Eu a encarei, o zumbido da humilhação abafando todos os outros sons. A mulher não recuou. Seus olhos ainda faiscavam, o peito subindo e descendo com a respiração ofegante. Ela parecia pronta para me bater de novo.

Naquele momento, o ódio que senti foi algo puro e desconhecido. Não era a irritação com a minha família ou o cansaço da minha fama. Era uma raiva gelada e afiada, direcionada inteiramente para a mulher desconhecida que ousou me agredir em meu próprio santuário.

– Você...–  comecei a dizer, a voz baixa e cheia de uma ameaça que eu raramente usava.

Mas a porta se abriu mais, e a voz da minha irmã cortou o ar.

– Wei, o que está acontecendo aqui?– Lin parou, seus olhos se arregalando ao ver a cena: eu, com uma marca de mão vermelha começando a se formar em meu rosto, e a mulher furiosa que parecia um anjo vingador.

A mulher não se abalou. Ela apenas lançou um último olhar de puro desprezo para mim.

– Pergunte a ele sobre Sofia,– ela disse, a voz pingando veneno. – Pergunte a ele como ele dorme à noite.

E com isso, ela se virou e se foi, deixando para trás apenas o eco de um tapa, o fantasma de seu perfume e uma declaração de guerra que eu não entendia, mas que, jurei a mim mesmo, eu venceria.

 

 

 

 

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