POV’s Annabelle.
Cabana. Domingo 14:30 PM. Eu achando que ia ter paz quando voltasse para a cabana.... — RICHARDDDD! — grito, atrepada em cima da cama. — O que foi, porra? — Tira esse pulguento de perto de mim, pelo amor de Deus— aponto, ouvindo o latido. – Ah, Annabelle, fala sério. Tá com medo disso aqui? Estando todo confiante, pega o animal de estimação para segurar. Mas logo o cachorro avança nele, querendo morde-ló. – Bem feito!— rio.— É só um "bichinho indefeso".— imito o seu tom de voz, sacaneando. — MELISSAAAAA. O próprio dá um grito bem alto, chamando a nossa filha que está lá na sala, colocando ração para alimentar o animalzinho insuportável que não para de latir. — O que foi, papai? — Pega esse vira-lata, e tira daqui!— com o dedo indicador aponta, ordenando.— Anda, eu tô mandando! A pequena estremece ao receber o olhar duro. A frieza de como os olhos azuis do seu pai repassam, lhe intimida. — Não precisa gritar com a criança, Richard. E nossa pequena corre, se escondendo atrás de mim. Sua reação, faz o outro murchar completamente. — Mamãe, eu tô com medo. — Filha, não precisa ter medo, ninguém vai te machucar. Seu pai só está de cabeça quente e com razão.— entreolho de relance pro mesmo.— Esse pulguento me assustou e eu poderia ter perdido o bebê. Faço um drama, defendendo Richard. Pouso a minha mão sobre a barriga, fazendo uma cara nada boa. — Princesa, só quis proteger a sua mãe.— com o tom mais manso, o marmanjo tenta consertar a besteira que fez. É daí que ele se ajoelha na frente dela, com o olhar falsamente arrependido, querendo se " desculpar". No entanto, nossa filha se esquiva, com o expressão de pânico. Ela põe a cabecinha no meu ombro, escondendo o seu rostinho. Richard se chateia, sendo ignorado. É notável o quanto a indiferença da menor o afeta. Seus olhos podem demonstrar uma coisa, mas no fundo deles, um há um vazio imenso. Toco em sua mão, e o próprio se surpreende com meu gesto. Entreolho fixamente sendo preenchida pela imensidão dos seus olhos azuis, querendo dizer através do nosso contato visual: "estou do seu lado" Apesar de eu odiar esse homem, eu não consigo viver sem ele. ************************************************* Algumas horas depois..... 16;45 PM- Estou na cozinha bem distraída, e de repente escuto: — Obrigado! – Pelo o quê? — Por ter sido humana uma vez na vida. — Ah, Richard, não começa lindo! — Você poderia ter feito a cabeça da pirralha e ganhado aposta hoje mesmo, Annabelle, mas você mentiu por mim. — Esqueceu que somos cúmplices nessa, querido?— forço um sorriso— Pois bem, não há necessidade de agradecer. Richard permanece me pressionando no canto da pia, com o seu corpo tão perto ao meu; há um clima rolando entre nós dois. Nossa troca de olhares é de um modo diferente. Um modo que faz o meu coração bater mais alto. — Para de me olhar assim.— sussuro, um pouco tímida, com a respiração ofegante. — Assim como?— seus olhos contém um brilho tão grande, que fico tão hipnotizada. — Igual um estúpido. — quando o corto com indiferença, a expectativa se desfaz em seu semblante. Ele se afasta zonzo pelo que acabara de acontecer, analisando-me dos pés a cabeça. — Pra onde vai assim toda arrumada? — Trabalhar. — Como assim trabalhar, Annabelle?— me olha desconfiado. — Esqueceu o que eu faço para arrumar grana, querido?— abro um sorriso debochado, recebendo o seu olhar negativo.— Irei praticar os meus hobbies— cochicho no canto do ouvido dele. – Tú tá grávida, porra! — grita puto de raiva, apertando o meu braço. — Mas não morta. Rio, falando tão perto do rosto dele, que acabo lhe roubando um selinho. Me afasto, virando a cabeça para trás: — Se a Mel perguntar por mim, diga que eu fui a igreja, estou precisando tirar os meus pecados.— debocho, acenando um tchauzinho.