O relógio da cozinha marcava quase dez da noite quando finalmente terminei de procurar coisas para fazer na casa da minha mãe. O jantar já tinha sido servido, as crianças já dormiam profundamente no quarto que minha mãe preparara para eles, e eu ainda estava tentando absorver tudo.
Minha mãe estava viva.
Meus filhos estavam vivos.
Eu tinha passado horas com eles, contando histórias, ouvindo suas vozes animadas e memorizando cada traço de seus rostinhos enquanto seus olhinhos pesavam de sono. Eu os abracei mais forte do que nunca, e mesmo que Manuela tivesse cochilado primeiro, Heitor permaneceu acordado o suficiente para questionar:
— Você tá estranha, mamãe.
Engoli em seco, afastando os cabelos da testa dele e dando um beijo ali.
— Eu só senti muita saudade de vocês.
Ele bocejou e fechou os olhos, mas não antes de sussurrar:
— A gente se vê amanhã...
Aquelas palavras ficaram presas no meu peito enquanto eu saía do quarto. Eu tinha meus filhos de volta. Mas sabia que aquela felicidade