Três meses, eu era a testemunha fantasma.
Estava residindo em uma cidade afastada de nova York, em um programa de proteção a testemunhas, a minha rotina era sempre a mesma. Levantava, tomava banho, e cuidava de um setor específico no mercadinho, o nome no meu crachá era Sara, o meu cabelo havia crescido um pouco mais abaixo dos ombros.
Renan ligava-me três vezes por semana, as perguntas eram sempre as mesmas...
— Estou bem, melhor que ontem...—
— Não será por muito tempo sara.—
— Tem notícias—
E ele sempre dizia o mesmo. — Ele está bem, estão seguros.—
Mordi o lábio. — Ele... ainda lembra de mim?—
— Eu não saberia dizer...— logo em seguida um suspiro. — Vai ficar tudo bem. Olha...—
— Obrigado por ligar, boa noite.—
Desliguei o celular.
O meu corpo estava envolto na água da banheira, a luz fraca e amarelada lembrava-me o entardecer em Luanda, suspirei e afundei-me na água, estava nua, e mesmo estando debaixo da água, sentia que as minhas lágrimas misturavam com a água.
Conseg