CAPÍTULO 13

                                                          De Quem é a Culpa?

Confuso com sua presença — Como a doutora irá me defender? Não tenho como pagar pelo seu serviço. Eu trabalho na construção que está ocorrendo no local, onde achei o corpo. Estranhei a marca no chão, como se fosse de um corpo, que provavelmente tinha sido arrastado até a construção e marcas de pneu. Aproximei-me e vi um corpo de bruços. Chamei de longe e nada. Aproximei-me e percebi que não se tratava de uma garota qualquer, os cabelos e unhas bem-feitas. Usava um pijama masculino e camiseta. Segurava provavelmente um anel ou aliança na mão esquerda. Peguei meu telefone, tirei umas fotos e chamei a polícia. Não toquei no corpo. Eu juro!

— Prenderam seu telefone?

— Entreguei ao perito — começou a chorar — O perito Sr. Mario chegou primeiro ao local, examinou tudo, tirou várias fotos. Percebi quando recolheu algo de sua mão e das unhas.  Quando a polícia chegou já foram me culpando e algemando, por uma barbaridade que não pratiquei. Não permitiram que eu falasse nada. Escutei falarem que se tratava da filha do deputado Thomas Brue. Não acreditaram em mim — suas mãos eram maltratadas do trabalho que exercia na obra.

— Já tinha visto a vítima antes? Alguém o examinou ou tocou em você? Já foi preso antes? — virou-se para um dos seus advogados — Procure o perito e colha todas as informações. Quero todas as informações do celular.

— Nunca! Somente em revistas e na TV. Sr. Mario se identificou como legista, examinou minhas mãos, pegou alguns fios de cabelo, saliva e algumas fotos. Sou pai de família e por ser negro e pobre estou levando a culpa senhora Fui humilhado, jogaram minha marmita. Que vergonha minha família deve estar passando e minhas filhas na escola? Santo Deus, livrai-me dessa condenação injusta.

— Não se preocupe, cuidarei para que sua família fique bem protegida e suas filhas — virou-se para sua secretária — Providencie que a família do meu cliente esteja bem e amparada psicologicamente. Supra qualquer necessidade, seja ela qual for — voltou para seu cliente que a olhava, talvez confortável com suas palavras — Sua audiência será marcada logo. Estarei no tribunal ao seu lado — virou-se para um dos seus advogados — providencie para que meu cliente fique em um lugar decente — saiu encontrando o delegado do caso — Cometeu o pior erro de uma investigação, culpando um inocente. Não se preocupa em achar o verdadeiro assassino? Péssimo trabalho doutor — saiu com sua tropa para o necrotério, se identificou sendo conduzida por um senhor que a olhava com admiração.

— Que honra conhecer a senhorita, perdão a doutora. Sou legista afastado do caso e digo logo que tem muita coisa errada nesse caso — olhou para os lados, certificando-se, se alguém os observava — Me chamo Mario. Quando sua secretária ligou avisando que viria aqui, pensei: “justiça será feita”. Olha, minha jovem, o mundo está perdido mesmo, mataram uma jovem cheia de vida. A filha do corrupto Thomas Brue foi estuprada e morta por alguma droga violenta. Trabalho nesse ramo há décadas e fui ignorado pela primeira vez na minha profissão. Estou sendo afastada do caso. Estou sendo vigiado e só tenho meia hora para pegar minhas coisas. Aposentadoria antecipada — falava com tristeza — Uma pena! O delegado ignorou todas as evidências, informando que o caso estava resolvido. Sinto muito, sei que vocês eram amigas. Estou concluindo os resultados da perícia em meu laboratório particular. Pois deram como caso encerrado. Sabe o que me pediram? Para deixar como está e esquecer a papelada. Como tenho conhecimento aqui, deixaram que ficasse a sua espera. Posso levá-la até a sala, tem que ser rápida. Estou resolvendo tudo sem ninguém saber. Não é justo!

— Gostaria de ter conhecimento do resultado. Poderei tirar umas fotos? Pode passar todas as informações colhidas do celular do meu cliente? Era uma amiga querida — ficou observando seu corpo com os pensamentos longe. Estava com seu pequeno gravador ligado sem que ele percebesse — O que achou de errado Doutor? Por que pediram para esquecer as papeladas? O afastaram do caso, por quê? Posso argolá-lo no processo, como testemunha?

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