Damon
Eu não sei quanto tempo fiquei vagando pelas ruas. O tempo pareceu se dissolver em meio aos meus passos pesados, ao vento frio que cortava minha pele e ao caos que tomava conta da minha mente. Mas, eventualmente, meus pés me trouxeram de volta. Para ela.
Quando entro em casa, o silêncio me atinge primeiro. O tipo de silêncio que pesa, que machuca, que grita o que não foi dito. E então eu a vejo. Encolhida no sofá, os joelhos dobrados contra o peito, os braços envolvendo o próprio corpo como se tentasse se proteger do que quer que estivesse sentindo. Os longos cabelos castanhos caem sobre o rosto, e sua respiração é profunda e irregular. Ela cochilou.
Pulga choraminga aos meus pés, sua pequena cauda abanando hesitante, como se soubesse que algo estava errado, mas sem entender exatamente o quê. Me abaixo e afago suas orelhas, sentindo seu corpo quente contra minha mão.
Caminho até o sofá e me sento ao lado dela com cuidado, afundando no estofado sem fazer barulho. Minha respiraçã