Capítulo 02-2

Katellyn Welsh

— Obrigada papai, eu o amo muito — agradeço tirando o cinto de segurança, descendo do carro em seguida.

— Também amo muito vocês e cuide de sua Irmã — ele direciona esta última frase para Clhoe.

"Até parece que eu não sei me cuidar."

Ela abre um sorriso de orelha a orelha pela confiança recebida e eu reviro os olhos.

Andamos em direção à entrada do clube e logo avisto a Nick acenando como uma louca para chamar nossa atenção.

Caminhamos até ela e para isso tenho que passar pela quadra, onde vejo o Joshua Ferrell e o Matheus O'Malley, com alguns amigos, jogando vôlei, e como sempre a metida da Cassandra também está lá.

Sempre o via de longe no campus da faculdade ao lado do meu colégio, nunca nos aproximamos, mas durante uma festa, onde o Sr. Ferrell e o Mick seriam homenageados como empresários modelos, que tinham projetos sociais voltados para os jovens em formação, fomos apresentados. Não sei descrever ao certo o que senti quando ele apertou minha mão e a beijou, a sensação que eu tinha era de que acontecia uma revoada em meu estômago, não fui capaz de  pronunciar uma única palavra. Morro de vergonha só de lembrar.

Neste evento também estavam o Matt e a insuportável da Cassandra. Desde então, vez ou outra nos víamos em alguns eventos sem muita aproximação, geralmente não estamos no mesmo círculo social ou de amigos.

Toda vez que o vejo, sinto um negócio esquisito, meu coração dispara e sinto-me uma idiota, pois, ele nunca olhou para mim mais que dois minutos.

Tento caminhar o mais tranquila possível, mas nossos olhares acabam se cruzando e eu desviei rapidamente.

— Que bom que você chegou, já estava quase tendo um ataque aqui sozinha sem poder desabafar, vendo o Matt suado com aquela camiseta cinza, e sorrindo para mim cada vez que faz um ponto. Oi, Clhoe! — Nick fala tudo de uma vez sem nem respirar. 

Olho em direção ao Matt e ele está sorrindo para cá.

— Oi — Clhoe responde e vira-se para mim. — Posso ir para a piscina?

— Claro, só tenha cuidado de não ir para a parte muito funda e passe mais um pouco de protetor.

— Pode deixar, eu sei nadar — responde, vai logo aplicando protetor de todo jeito e sai correndo.

Mais uma vez olho em direção a quadra e vejo que o time do Josh acabou de marcar um ponto e a Cassandra corre em sua direção para comemorar, desvio o olhar, mas não antes de ver o Matt soltar um beijo para Nick que b**e palmas e pula que nem pipoca ao meu lado.

— Desde quando é tão amiga do Matt? — pergunto desconfiada.

— Amiga, eu ia te contar! Você sabe, sempre o achei muito lindo e muitas vezes trocamos olhares. E eu fui à praça ontem, naquela loja de vestidos, buscar uma encomenda para minha mãe, e acabei encontrando com ele por acaso. Quando ele falou comigo não acreditei — respira fundo. — Ele se ofereceu para me acompanhar e como ainda demoraria um pouco para a encomenda ficar pronta, ele me convidou para tomar um sorvete — respira fundo de novo. — E eu aceitei. Conversamos quase uma hora direto e no fim, ele fez questão de me levar em casa, quando nos despedimos, ele me beijou!

Arregalo os olhos com tudo que ela me conta e falo:

— Conversaram ou você falou por quase uma hora? — debocho, ela fica vermelha, o que é raro. Continuo. — Você deu o seu primeiro beijo e só agora que me conta?

— Eu sei... É que eu fiquei tão nervosa, não conseguia parar de pensar. Quase não consegui dormir essa noite. Mas assim que amanheceu, liguei para sua casa, mas a dorminhoca ainda não tinha acordado.

— É, minha mãe falou da sua ligação! Também respondi sua mensagem, e você nem visualizou. Mas continue... O que mais aconteceu? — pergunto ainda curiosa.

— Ontem ele me disse que estaria aqui hoje pela manhã e disse que queria me ver de novo e conversar comigo, então resolvi vir o mais cedo que eu pudesse e quando cheguei, ele também estava chegando, aí pudemos conversar um pouco e combinamos de nos conhecer melhor.

— Uau! Estou admirada com a rapidez de vocês! — ela ri do meu comentário e continua olhando para ele.

Estou muito feliz por minha amiga e espero que dê certo entre os dois, eles combinam muito, e a Nick, assim que o viu a primeira vez, teve uma quedinha por ele.

Clhoe chega perto de mim, perguntando se pode ir à lanchonete pegar um suco e logo eu a autorizo. Ela sai em disparada passando pela lateral da quadra e eu fico observando, quando de repente, vejo quase que em câmera lenta o momento exato em que Cassandra vai arremessar a bola, e acerta em cheio minha irmã, que cai batendo a cabeça no chão. Corro feito uma louca em sua direção.

— Ninaaaa... — grito. — Qual o seu problema garota? — digo para Cassandra, enquanto me abaixo junto da minha irmã para ver como ela está.

— Eu não tive culpa, essa pirralha que apareceu na frente da bola — responde vermelha de raiva.

— Não faça isso — Josh fala, quando eu faço menção de levantar minha Irmã. — Ela pode ter uma concussão. É melhor imobilizar o pescoço dela.

Fico desesperada com essas palavras e meus olhos se enchem de lágrimas, olho para ela e vejo que está acordando.

— Clhoe, pelo amor de Deus, você está bem? Sente alguma coisa? — ela se senta e balança a cabeça dizendo que não.

— É melhor levá-la na enfermaria para dar uma olhada só por precaução — Josh fala, colocando-a nos braços. — Vamos — diz olhando para mim.

— O que? Vai interromper nosso jogo por causa de uma besteira dessas? A pirralha já disse que está bem — Cassandra fala alterada.

— Cala a boca Cassandra, o jogo acabou — Matt diz, nos acompanhando, junto com Nick para a enfermaria.

Ando de um lado para o outro na recepção, enquanto minha irmã é examinada. Já tem quase vinte minutos que ela está lá dentro e nada de alguém vir aqui dizer alguma coisa.

— Não adianta nada você ficar nervosa desse jeito, ela está bem! Só está sendo examinada por precaução — Josh fala tentando me tranquilizar. Não digo nada e continuo com minha caminhada de um lado a outro.

— É verdade amiga — Nick fala. — Tente se acalmar.

— Vou à lanchonete pegar alguma coisa para comer, vocês querem? — Matt pergunta olhando de mim para Josh. Negamos com a cabeça. — Volto logo, venha Nicole — ela sai de mãos dadas com ele.

"O que foi que eu perdi?" — penso, olhando a cena a minha frente.

— Porque não se senta um pouco, daqui a pouco teremos notícias — Josh pega no meu braço, me fazendo parar de andar. Viro-me em sua direção e por um momento eu me perco na profundeza cristalina dos seus olhos, e fico ali, o encarando sem dizer nada, até que percebo que ele aproxima seu rosto do meu, tenho a nítida sensação de que ele vai me beijar. Meu coração falha uma batida e depois dispara, fecho os olhos, prendendo a respiração. Mas, tudo que sinto é um leve toque em meus lábios. Devo ter perdido o juízo, quase deixei ele me beijar, nem ao menos nos conhecemos direito. Saio do transe quando ouço suas palavras.

— Ande, venha se sentar — diz já se afastando, mas sem largar meu braço.

Vou sem protestar porque ainda estou confusa e sem entender direito o que aconteceu aqui, estou sentindo uma mistura de sentimentos devido aos acontecimentos da última meia hora e agora, somando-se a tudo, o quase beijo de Josh.

Em menos de cinco minutos a porta da enfermaria abre e Clhoe sai sorrindo de alguma coisa que o médico acabou de dizer. Levanto-me rápido e pergunto como ela está.

— Foi só um susto, ela está perfeitamente bem. Não tem com o que se preocupar.

— Mas ela ficou desacordada por alguns minutos — questiono. Ele olha para Clhoe que me devolve um olhar envergonhado.

— Desculpa Kate, mas, é que fiquei com tanta vergonha que fingi ter desmaiado — fala de cabeça baixa.

— Meu Deus, Clhoe, quase me mata do coração — respiro aliviada. — Graças a Deus não foi nada grave — falo, pegando na mão de minha irmã. — Muito obrigada doutor. Vamos Clhoe...

— Não tem de quê — responde. — Até logo, mocinha — diz, entrando no consultório em seguida.

— Eu estou com fome, quero comer antes de irmos — fala fazendo biquinho.

— São minhas convidadas — Josh fala. — Vamos até a lanchonete, o Matt já está lá com sua amiga — finaliza esperando uma resposta.

— Quem é você? — Nina pergunta levantando uma sobrancelha. Não sei como ela consegue fazer isso.

— Sou um amigo da sua irmã e ajudei te trazendo para cá — responde sério.

— Acho melhor irmos direto para casa — digo meio sem jeito.

— Por favor, faço questão — Josh insiste ainda.

— Por favor, Kate, eu estou com fome — olho feio para ela, que nem liga e faz o olho do gato de botas.

— Tudo bem, vamos — acabo cedendo.

— Obaaaa... Obrigada, você é a melhor irmã do mundo — fala sorrindo e sai andando na frente, deixando Josh e eu para trás.

Josh não ficou muito tempo conosco, quase não tocou em seu lanche, despediu-se de nós e foi embora. Achei estranho esse comportamento repentino dele, mas não disse nada.

Um tempo depois, o Matt nos deixou em casa e Nina ainda estava rindo com todas as palhaçadas que ele fez na lanchonete e durante o percurso para nossa casa. Desci, agradecendo por tudo. Nick também desceu se despedindo dele com um selinho rápido, pois, tínhamos muito que conversar sobre os últimos acontecimentos da manhã.

Entrei enquanto eles ainda se despediam e vi minha irmã relatando com precisão tudo que tinha acontecido no clube, inclusive a parte em que esteve com os olhos fechados, fingindo um desmaio, mamãe estava com os olhos arregalados quando olhou para mim, e por fim Clhoe finaliza com chave de ouro.

— Conheci um amigo da Kate, que nos pagou um lanche, e um amigo da Nick, que nos trouxe para casa de carro.

Agora minha mãe estava com uma expressão interrogativa no olhar, sacudi os ombros e corri escada acima antes que ela falasse alguma coisa.

— Ufa! Essa foi por pouco — jogo-me em minha cama. E lembro que hoje quase dei meu primeiro beijo.

Cinco minutos depois, Nick entra no quarto com minhas cartas nas mãos.

— Oh, não! — falo colocando o travesseiro no rosto.

— Quando ia me contar? — pergunta — Já tinha recebido há uns três dias e não me disse nada, por quê?

— Amiga, me perdoa, mas, eu não quis contar enquanto você não tivesse recebido as suas cartas também, não queria te ver triste — abaixo a cabeça.

— Meu Deus, Kate, fiz a mesma coisa... Recebi as minhas e só não te contei porque você falou que não tinha recebido as suas.

Arregalo meus olhos com a constatação de que Jeffy, meu irmão, tinha toda razão.

Ficamos nos olhamos por um tempo que pareceu ser uma eternidade, cada uma constatando que estávamos protegendo uma à outra. Por fim caímos na gargalhada.

— Amiga, a partir de hoje, não importa o que seja, jamais esconderemos nada, qualquer coisa, por menos que seja, uma da outra — fala com os olhos brilhando com lágrimas não derramadas. Éramos amigas irmãs e nos amávamos muito.

— Combinado! Não importa o que seja — respondo lhe dando um forte abraço.

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