- Acredita em espíritos, Pedro? – Perguntei, temerosa.
- Claro que não! – Ele garantiu, retirando meus braços gentilmente de seu corpo e indo em direção à lixeira.
Assim que abriu a tampa, Pedro mexeu no interior da mesma, retirando de dentro um filhote de cachorro.
- Meu Deus! – peguei o pequeno cão de suas mãos – Quem teve coragem de fazer isto?
- É muito novinho... Deve ter nascido há poucos dias! – Pedro tocou a cabeça do animal, alisando.
Procurei sua genitália e constatei:
- É uma menina!
- Uma fêmea. – Corrigiu.
- Menina! – Insisti – Fêmea é muito impessoal.
- Mas... É um cachorro. O correto é fêmea e macho.
- É a minha menina! – Pus o filhote dentro da minha roupa, aconchegando a mim.
- Ela estava na lixeira, Clara! Tinha lixo junto...
- É um bebezinho, Pedro! Vou levar para casa.
- Alguém a abandonou aqui. Por que não doaram? Como há pessoas más neste mundo!
- Acredite, há... E muitas – suspirei, não conseguindo evitar pensar no meu pai – Mas ela teve sorte... – olhei o anima