Ouvimos a gargalhada de meu pai de dentro do quarto:
- Está brincando, Josephine? Claro que não irei embora. Esta casa é minha.
- Tão sua quanto minha. Quero que pegue suas coisas e vá!
- Se atreva a me tirar... Prefiro botar fogo nesta porra do que deixar para você e seus filhos.
- “Nossos” filhos! Eles também são seus.
- Tenho minhas dúvidas... Afinal, você é uma vagabunda.
Não esperei o final da discussão. Saí correndo para fora de casa e abri o portão, atravessando a rua e apertando a campainha do vizinho da frente.
Pouco me importei se ele havia acabado de enviuvar. Nós precisávamos de ajuda.
Assim que o senhor Félix abriu a porta, percebi sua surpresa ao me ver:
- Clara?
- Senhor Félix, pode ligar para a Polícia, por favor? – Pedi.
- Polícia? – Ele veio para fora da casa, parando na minha frente, do lado de dentro do próprio pátio.
- Meu pai... Está fora de si... E ameaçando minha mãe. Por favor... – Implorei, tentando não chorar, embora meus olhos estivessem vermelhos e inchado