O relógio marcava 18h47 quando arrumei os últimos documentos na mesa. Estava ajustando a alça da bolsa no ombro quando a porta da antessala se abriu.
Aidan. Impecável, como sempre – camisa azul-celeste que fazia seus olhos brilharem como lascas de gelo sob a luz artificial. Mas hoje, aqueles olhos ardiam.
— Vou te dar carona para casa. — Uma ordem, não convite. — No caminho conversamos sobre seu péssimo comportamento.
Meus dedos se fecharam na alça da bolsa até as articulações doerem.
— Meu comportamento? — O riso que soltei saiu ácido, cortante. — Olha a sua audácia está num nível insuperável.
Ele fechou a porta com o pé e se aproximou, seu perfume caro invadindo meu espaço pessoal. Antes amava a fragrância, agora me sufoca.
— Está agindo como uma adolescente mimada, desde o show patético no casamento até aquela foto vulgar que postou — cuspiu, os dentes cerrados, a voz um sibilo raivoso —, que pelo menos deve a decência de apagar.
O sangue pulsou nas minhas têmporas, quente e rápido