Nico Narrando
Eu deixei a Wanda no quarto de hóspedes agarrada no meu pescoço, dormindo profundamente, respirando baixinho contra a minha clavícula. Ela estava exausta, entregue, e por um segundo eu só fiquei parado no corredor, segurando ela no colo, como se aquele instante fosse frágil demais pra ela.
Empurrei a porta devagar com o ombro e entrei no quarto. Que estava iluminado apenas pela luz amarelada do abajur. Deitei ela com cuidado na cama, ajeitei o travesseiro, tirei seus sapatos e puxei o cobertor até a altura da cintura. Ela nem se mexeu. Só murmurou alguma coisa baixinho, algo que soou como um pedido de paz.
Passei a mão no cabelo dela. Linda. Cheirosa. E quebrada por dentro por causa de um verme que nunca mereceu o título de pai.
Fiquei ali alguns segundos, só observando ela respirar. Parecia tão pequena naquele colchão enorme, tão vulnerável e, ao mesmo tempo, tão guerreira.
Fechei a porta devagar e fui pro meu quarto.
O dia tinha sido longo, mas eu estava pior. Esgotad