(Larissa)
Acordei, sentindo um pouco o cansaço. Olhei ao redor, me lembrando que já estava no Brasil há uma semana… O apartamento era simples, mas confortável o suficiente para o que eu precisava.
O bairro era próximo do hospital onde meu pai estava fazendo o acompanhamento. Me levantei devagar, tentando não acordar Gabriel, e fui até a cozinha preparar o café da manhã. O cheiro do café fresquinho logo invadiu o ambiente.
Quando voltei para o quarto, vi Gabriel enrolado nos lençóis, completamente alheio ao mundo, com aquela carinha de preguiça que me fazia sorrir. Me aproximei dele, dei uma leve puxada nos cobertores e o abracei forte, sentindo o calor do corpo dele.
Eu estava me ajeitando na cadeira, organizando as ideias para o projeto dos chocolates, quando percebi que Diogo mudou a expressão. Ele me olhava com um pouco de receio e isso me deixou um pouco desconfiada.Franzi a testa, preocupada.— O que foi? — perguntei, apoiando os cotovelos na mesa, me inclinando um pouco. — Parece que está escondendo algo.Ele soltou o ar devagar, passou a mão pelos cabelos, digitou uma senha na gaveta e de lá, tirou outra pasta, essa bem mais grossa, a colocando na minha frente.— Eu tenho uma coisa pra te mostrar — disse, a voz baixa.Meu estômago embrulhou sem eu entender por quê. Hesitante, olhei para a pasta e dep
— Tá me deixando preocupado desse jeito... — ele brincou, arqueando a sobrancelha.Eu ri, nervosa.— É coisa boa, juro. — Então, de uma vez, comecei a explicar. — Hoje o Diogo me chamou na empresa dele... Ele me contou que há um ano comprou mais de oitenta por cento das ações da CompanyRocha.Vi Rafael arregalar os olhos.— E ele passou quarenta por cento para o meu nome — completei.O silêncio caiu por alguns segundos.Rafael só me encarava, como se tentasse processar tudo aquilo.— Quer dizer que... — ele começou, confu
Eu não sei como é que eu vim parar nessa situação. Só sei que Chiara estava me arrastando, praticamente puxando meu braço, enquanto apontava animadíssima para mais uma loja de vestidos de luxo.— Ali! — ela disse, com os olhos brilhando como se tivesse encontrado um oásis no deserto. — Ali eu tenho certeza que vou achar o vestido perfeito!Soltei um suspiro pesado, me sentindo já derrotado.— Você falou isso nas outras cinco lojas, Chiara — murmurei, sem conseguir esconder o cansaço.— Ah, mas dessa vez eu tô sentindo! — Ela piscou pra mim, soltou meu braço e já saiu correndo pra dentro da loja.Encostei na parede ao lado da entrada, balançando a cabeça.— Eu espero aqui fora — falei alto, mesmo sabendo que ela já nem estava mais ouvindo.Peguei o celular no bolso quando ele vibrou. Pedro. De novo. Respirei fundo, já sem paciência, pronto pra mandar ele pastar, quando uma bola azul rolou até parar nos meus pés.Olhei em volta, meio confuso, e vi um garotinho correndo na minha direção.
(Larissa)Entrei no elevador com o coração martelando no peito. Meu braço instintivamente envolvia Gabriel, como se eu quisesse protegê-lo do mundo, ou talvez de mim mesma. Respirei fundo, tentando recuperar o controle, mas as lembranças me invadiram sem piedade.O rosto dele… A expressão de raiva… A forma como ele me olhou aquele dia, como se eu fosse um erro, uma traição viva. “Some da minha casa, Larissa.” A voz dele ainda ecoava, mesmo depois de tanto tempo.E o pior de tudo? O sorriso satisfeito da Chiara ao fundo, como se ela tivesse vencido.Meus olhos começaram a arder, mas não deixei nenhuma lágrima cair. Não na frente do meu filho.Senti uma mão no meu ombro e me virei um pouco, e ali estava Rafael, com aquele olhar compreensivo que ele sempre teve, mesmo quando eu nem sabia se merecia.Ele sorriu de leve e me puxou pra um abraço, encaixando Gabriel entre nós com cuidado.— Tá tudo bem — ele murmurou, baixinho, perto do meu ouvido. — Ele só ficou surpreso. Foi só isso, La
Chegamos ao local do baile, e a fachada já estava toda iluminada. Câmeras, fotógrafos, flashes. Era um evento de gala mesmo, coisa que eu só tinha visto em revistas.Assim que descemos do carro, os flashes começaram. Fiquei um pouco tensa, mas Rafael apertou de leve minha mão.— Só anda do meu lado. O resto a gente ignora.Fiz exatamente isso. Caminhamos lado a lado pelo tapete vermelho improvisado na entrada. Ouvi alguns comentários, sussurros, alguns “quem é ela?” misturados com "nossa, que vestido!". A sensação era surreal.Entramos no salão, e ele estava lindamente decorado. Lustres de cristal, música ambiente, garçons passando com bandejas de bebidas... e logo avistei um rosto conhecido.Diogo.Ele nos viu, abriu um sorriso e veio em nossa direção. E quando chegou perto, me puxou num abraço apertado.— Larissa... Meu Deus do céu... olha pra você. Está maravilhosa.Sorri grande, apertando ele de volta.— Obrigada, Diogo. Você também tá impecável.— Mas olha isso! — ele se afastou
Meu coração disparou. Droga. Por que justo ele?Olhei ao redor, o reflexo já automatico de quem sabia o tamanho da encrenca. E sim… onde estava Chiara? Porque se ela aparecesse agora…— Me solta. — pedi baixo, tentando puxar o braço, mas ele não largou. Ao contrário, deu um passo pra perto e colocou a outra mão na minha cintura.— Dança comigo. — ele disse, a voz baixa, o rosto mais perto do que deveria.— Eu não quero dançar com você. — respondi firme. — E tira a mão de mim.Ele inclinou o rosto ainda mais, sussurrando próximo ao meu ouvido:— É melhor não fazer cena. As pessoas estão olhando. Não vai pegar bem causar um barraco na festa do seu amiguinho Diogo.Suspirei, soltando o ar com raiva contida. Estávamos mesmo sendo observados. Alguns curiosos, outros só acompanhando a dança. Se eu empurrasse ele ali, com certeza viraria assunto da festa inteira.Engoli em seco, controlando o impulso de socar o nariz dele, e deixei que ele me conduzisse de volta para o meio do salão.As luze
A mãozinha de Gabriel apertava a minha com força. Ele andava do meu lado pulando em alguns quadradinhos da calçada, como se aquele dia fosse só mais uma aventura qualquer. Eu, por outro lado, sentia o coração bater forte no peito.Chegamos à escola, uma casinha colorida com o som de crianças brincando nos fundos. O portão de ferro estava aberto, e uma moça de uniforme azul nos recebeu com um sorriso caloroso.— Bom dia! Você é a Larissa? A mãe do Gabriel? — ela perguntou.Assenti, apertando a mão dela.— Sim. Vim conversar com o diretor sobre a matrícula.— Claro! Podem entrar. Eu sou a Tereza,
— Ele é um amigo incrível — respondi com um sorriso. — E eu fiquei muito animada com a proposta que você mencionou. Design de brinquedos é uma área que eu sempre tive vontade de explorar.— Perfeito. Vamos começar?Outros dois profissionais entraram na sala. Uma era a Júlia, diretora de marketing, e o outro, Roberto, chefe do setor de criação. Ambos me cumprimentaram com educação e curiosidade nos olhos. Rodolfo fez as apresentações e então puxou uma cadeira para mim.— Seguinte — começou ele, abrindo a pasta. — Estamos com um projeto novo, focado em brinquedos educativos para bebês de 6 meses a 3 anos. Queremos peças com texturas diferentes, cores que estimul