Dois adolescentes passaram anos jogando juntos sem saber que fora da internet eles estão mais próximos do que imaginam e o que era só uma parceria de games pode se tornar um romance cheio de complicações.
Ler maisVocê já deve estar acostumado(a) a ler histórias de garotas invisíveis que se tornam populares por causa de algo que, na maioria das vezes, envolve um garoto. Mas você já leu alguma em que a garota popular decide se tornar invisível pelo garoto que gosta? Eu sou Marianne Sinclair e essa é a minha história.
Tudo começou quando eu tinha apenas cinco anos e meu pai resolveu me matricular na escola particular mais cara da cidade. Como eu era criança não pude dizer não, até porque, meu pai é dono da marca de maquiagem mais famosa, a MissBeauty.
Eu até entendo que um dia vou ter que assumir a empresa e não rejeito a ideia, mas ele não precisava me fazer a garota mais popular da escola, quer dizer, era só ter me jogado lá e eu me virava. Mas não, eu tinha que aprender a dançar balé, jogar tênis, falar inglês e italiano.
Eu sei que não devia reclamar, mas tudo o que eu queria era ter crescido jogando bola na rua, mas vamos voltar para a história. Com o tempo, as outras crianças foram se aproximando de mim querendo fazer amizade, mas meu pai dizia que eles só queriam ser meus amigos por causa das coisas que eu tinha, então acabei fazendo apenas dois amigos de verdade, o Magnus e a Bianca que, assim como eu, são filhos de ricos e não fazem questão de tudo isso.
O Magnus é filho do prefeito, dá pra entender porque meu pai aprova a nossa amizade, já a Bianca, a mãe dela é diretora de uma multinacional aqui no país, ela tá quase sempre viajando e por isso a Bianca vive aqui em casa.
A nossa vida sempre foi cheia de gente nos bajulando e tentando chamar a nossa atenção, todos os anos, mas festas juninas, chegam bilhetes e mais bilhetes e, por causa disso, eu acabo preferindo o anonimato.
Minha atividade preferida é jogar lol durante a tarde toda e eu sei que você está pensando "Nossa que ridículo!", mas para alguém que está sempre rodeada de gente puxando o saco, é bem melhor o anonimato.
Neste exato momento, eu estou jogando no meu computador enquanto Bianca está deitada na minha cama mexendo no tablet dela vendo roupas e sapatos. Em geral, a Bianca é uma garota cheia de conteúdo, mas, quando entra dinheiro a mais nas economias dela, o vício em compras aparece e ela fica toda entretida.
-Você vai demora? -pergunta Bianca -Eu estou com fome.
-Eu já te falei várias vezes, eu tenho que esperar a partida acabar. É um jogo online.
-Pede uma pausa. -insistiu ela
-Não dá. -eu digo mais uma vez -Em um jogo online não existe pausa, eu tenho que jogar até o fim.
-E quem tá ganhando?
-Eles. -eu digo desanimada -Assim nunca vou aumentar meu elo.
-Você tem que desestressar. Amanhã é sábado, marcamos de ir ao shopping com o Magnus.
-Não sei porque eu topei ir. Eu detesto ser reconhecida na rua e, com ele, é impossível isso não acontecer.
-Olha. -Bianca começa a falar e eu já imagino o sermão que vem a seguir -Eu entendo você não gostar dessas coisas fúteis, mas não pode se privar da diversão por conta disso. Somos conhecidas, mas e daí? Eu nunca vi você se soltar. Nem um namorado você teve.
-E você é um ótimo exemplo com relacionamentos, né Bia. -digo sarcástica -O último namorado que você teve era um lixo, e todos aqueles garotos com quem você ficou, eca!
-Posso fazer o quê se meus lábios são feitos de mel. -ela ri
-Pode focar nos seus estudos e ser a arquiteta que sempre sonhou.
-Não preciso abrir mão da minha vida pra ser arquiteta. -ela responde irritada
-Não disse para abrir mão da sua vida. -eu me defendo -Só quero que você seja livre para ir pra faculdade e assumir sua posição empoderada no mundo.
-Tá. Eu não vou discutir sobre isso, você não gosta de beijar na boca e isso não influencia em nada.
-Eu não quero compromisso. -eu digo -Já chega meu pai no meu pé. Eu quero ser independente, curtir minha vida ao ar livre e, se quiser estar sozinha, não vou ter problemas.
-É claro. -Bianca reclama -Você me larga com o Magnus e fica de boa. Até parece que eu vou te largar, né!
-Ah droga! -exclamo sem prestar atenção ao que ela fala -Meu Nexus já era! Beleza, vamos comer.
Eu fecho o jogo e levanto da cadeira tirando os fones de ouvido. Bianca me olha com reprovação e revira os olhos, em seguida levanta da minha cama e segue para a porta. Meu quarto fica bem em frente à escada que desce para a sala principal da casa.
Sim, eu moro numa casa gigante, pra não dizer que é uma mansão. A escada é feita de madeira escura sustentada por uma estrutura metálica pintada de cor creme. Eu ando com calma até a escada enquanto Bianca sai descendo os degraus correndo com uma criança empolgada.
-Marianne! -chama Samara, a governanta -Está com fome?
-Eu estou! -Bianca responde no meu lugar
-E quando não está, senhorita Amaro? -pergunta Samara -Eu fiz umas torradas com patê e tem creme de camarão.
-Eu amo esse creme. -digo com satisfação, a boca cheia d'água
Essa receita é exclusiva de Samara e ela faz desde que eu sou uma criança de colo. É uma delícia, e se um dia eu aprender a receita, eu prometo que te passo. Mas voltando a te contar a história, eu e Bianca comemos as torradas com patê e o creme de camarão que está delicioso. Eu observo minha amiga.
Bianca tem a aparência de uma colegial de filme. A pele branca que deu origem ao seu nome, com os olhos azul piscina de dar inveja. Seu cabelo é loiro natural, porém ela tinge as pontas, que chegam à sua cintura, de vermelho que, segundo ela, dão um charme especial.
Já eu sou o oposto disso. Minha pele tem um tom mais queimado e meu cabelo é castanho e desgrenhado, meu pai vive me mandando alisar, mas é claro que isso não acontece. O único problema é que como eu uso o cabelo bagunçado, virou moda e todas as garotas da minha escola querem copiar.
Depois que nós comemos, o relógio marca nove e meia. Eu levanto e vou para o meu quarto tomar um banho. Você pode até achar estranho eu ir pra cama uma sexta à noite. Mas eu não vou às festas dos meus colegas de escola, então depois do meu banho eu visto o meu pijama e encerro o meu dia desembaraçando o cabelo e coloco um filme na TV do meu quarto para assistir com a Bia.
Eu acordo com o despertador tocando What Makes You Beautiful do One Direction. São oito horas da manhã em Londres e, pela janela, eu vejo os finos flocos de neve que caem do céu. Hoje se completam cinco anos que eu e Sam nos mudamos para cá e, como tradição, desde que chegamos, hoje é nosso dia de montar a decoração de Natal e eu me programei para trabalhar até às três da tarde. Eu me tornei coordenadora geral da filial britânica da MissBeauty, o que significa que eu sou responsável por tudo o que acontece por aqui, ou seja, há muito trabalho para se fazer. Ainda com sono, eu tiro o cobertor de cima de mim. A casa tem sistema de aquecimento, o que torna o processo um pouco mais fácil, mas ainda é um sacrifício tirar a roupa para tomar banho. A água quente me ajuda a acordar enquanto eu reviso mentalmente os compromissos do dia. São tantos que, para não esquecer, às vezes eu coloco notas adesivas pela casa com informações da minha agenda, inclusive no banheiro. Com muito custo, eu
Eu não pude estar na minha formatura do ensino médio e isso me deixou bem chateada porque esse era o momento que eu sonhava compartilhar com Magnus e Bianca e eu sei que eles também queriam que eu estivesse lá. A prova disso é que eles não falaram nada sobre o evento a não ser da intenção de Magnus de dar um destaque aos meninos, que passaram por poucas e boas por minha causa.Depois que eu vim para cá, nunca mais falei com o Math. As poucas coisas que eu sei sobre ele agora são limitadas ao que Magnus julga interessante que eu saiba. E eu entendo que ele faz isso para me poupar dos sofrimentos. Mas eu estou bem, o que me preocupa é como o Math passou por tudo isso e se ele está bem.Mas eu também não posso ficar me lamentando. Aqui no sítio tem sempre muita coisa para fazer e estamos só eu e a Samara. Estamos vivendo de maneira pacífica,
Depois que a Mari foi morar no interior, as coisas voltaram quase todas ao normal, com exceção de Magnus e Bianca, que ainda andavam com a gente e nos deram carona por todo o restante do ano letivo. Mas, fora do colégio, nós não nos falamos muito. Pelo que eu entendi, a Bianca agora praticamente mora com o Magnus e os dois sempre falavam de algo que eu não fazia ideia do que era.Naquele dia, quando Mari partiu, depois que eu saí da casa dos rapazes, eu mandei uma mensagem para ela, pedindo desculpas e coloquei tudo o que eu iria dizer a ela, mas a mensagem não chegou. Eu não sei se ela me bloqueou ou se trocou de número, mas ficou claro para mim que ela ainda conversava todos os dias com seus melhores amigos.As primeiras duas semanas foram bem difíceis, eu tenho que dizer, mas, com o tempo, eu fui me acostumando e as coisas foram voltan
Já é de noite quando nosso carro finalmente chega ao sítio. Meu pai está esperando no portão com roupas velha e um chapéu de palha. Esse lugar é o paraíso dele, onde ele se desfaz da pose de dono da MissBeauty e volta a ser só um cara da roça.Eu desço do carro enquanto Sam me ajuda a pegar as malas, observo em volta reparando nas árvores. Eu também gosto daqui, é o lugar em que fazíamos fogueira e ficávamos até tarde olhando para as estrelas.Essa foi a primeira propriedade que meu pai comprou com o dinheiro da empresa, era para meus avós, que passaram os últimos anos de suas vidas aqui. Quando meu avô faleceu e minha avó adoeceu, meu pai trouxe a Sam para cuidar de mim e ele e minha mãe revezavam para cuidar dela.E assim, me lembro da dúvida que ainda está me assombrando: o fato de Sam
Depois de uma semana sem ver nem falar com a Mari, meus pensamentos já me engoliram o suficiente. Sei que o que aconteceu foi fruto da nossa falta de base, mas eu devia ter, pelo menos, dado uma outra chance e ter sido maduro para entender que um mal entendido sempre pode acontecer.É sábado e eu levanto tarde quando finalmente desisto de tentar dormir. Eu vou até o banheiro e me olho no espelho pensando se, milagrosamente, minha cara não voltou a ter vida. Samuca me disse que estou parecendo um zumbi. Eu abro a torneira da pia para lavar o rosto, mas decido que talvez seja melhor tomar um banho.Eu tiro o agasalho e o pijama e vou para debaixo da água quente junto com os pensamentos sobre Mari. Eu preciso resolver tudo isso, preciso ir atrás dela para conversar. Ela não foi mais à escola e Magnus e Bianca não contam o que está acontecend
Enfim chega o dia da minha partida. Magnus e Bianca estão comigo e ficarão até o momento que eu for embora, então, tento ficar feliz e me divertir com eles, já que não quero tornar nosso último momento juntos algo triste.Não sei se já falei isso aqui, mas eu detesto despedidas e coisas tristes e é por isso que não deixei ninguém avisar os garotos que eu estou partindo porque, se eu olhar para o Math, eu vou querer ficar e não vou poder.Neste exato momento, estamos sentados na sala assistindo Meninas Malvadas, que sempre foi o filme preferido, tanto do Magnus, quanto da Bianca. Eles compraram vários doces e salgadinhos para comer durante o filme e eu os observo rindo e repetindo as falas como sempre foi.É engraçado como a gente só percebe as coisas quando é uma despedida. A gente nunca
Último capítulo