Adeus ao Amor
Adeus ao Amor
Por: Erva da Tranquilidade
Capítulo 1
Boom, boom, boom...

O som dos fogos de artifício do lado de fora trouxe Gabriela de volta à realidade. Ela acariciava o papel do acordo de divórcio em suas mãos, e ela pegou a caneta lentamente, assinando seu nome.

Era noite de Natal, mas o marido e o filho dela não estavam em casa.

Nesse momento, o celular de Gabriela vibrou com uma mensagem de Guilherme Castro, marido da Gabriela:

[Estou fora acompanhando um cliente. Pedi para a secretária cuidar do Rafa por enquanto. Depois do jantar, vou levar ele para ver os fogos. Você pode dormir cedo, não precisa nos esperar.]

Gabriela curvou os lábios em um sorriso irônico. Que cliente Guilherme estava acompanhando? E com quem ele levaria Rafael para ver os fogos?

Gabriela não precisava perguntar, muito menos investigar. Gabriela tinha certeza: Guilherme e Rafael estavam com Giovana Garcia.

Gabriela olhou para o enorme retrato de família pendurado na parede da sala.

Na foto, Guilherme segurava Rafael e envolvia a cintura de Gabriela com o braço. Pai e filho estavam cada um dando um beijo nela, um na bochecha e outro na testa. Na imagem, Gabriela exibia um sorriso radiante de felicidade. Rafael gargalhava despreocupado, e até mesmo Guilherme, sempre sério, tinha uma expressão suave.

Para qualquer um que visse a foto, eles eram a família perfeita. Mas tudo mudou com a volta de Giovana.

No instante em que mais um fogo de artifício explodia lá fora, o celular de Gabriela vibrou novamente. Desta vez, era um vídeo.

Na tela, Giovana segurava o celular e filmava as costas de Guilherme e Rafael, lado a lado, enquanto eles caminhavam. O anel de diamante na mão de Giovana brilhava de forma quase ofensiva.

No vídeo, os três gritaram juntos:

— Feliz Natal!

Na sequência, Guilherme virou o rosto para Giovana, com os olhos repletos de ternura, e disse em tom baixo:

— Daqui para frente, não vou perder mais nenhum Natal com você.

Foi uma suavidade que Gabriela jamais havia recebido de Guilherme.

Mesmo nos dois primeiros anos de casamento, quando o amor parecia estar no auge, Guilherme nunca demonstrou esse tipo de afeto. Nas ocasiões especiais, como aniversários de casamento ou Natais, ele apenas deixava um beijo leve na testa de Gabriela, acompanhado de um frio e formal:

— Obrigado.

Para Gabriela, Guilherme sempre foi como uma pedra fria que ela nunca conseguiu aquecer.

Mas, ao ver Giovana, ficou claro para Gabriela que ele era, na verdade, uma rocha vulcânica. Ele reservava todo o calor para o lado que estava voltado para Giovana.

Gabriela fechou o vídeo. Quando o último fogo de artifício caiu do céu, ela enviou uma mensagem para Guilherme:

[Volte cedo. Amanhã de manhã, iremos visitar o túmulo dos seus pais.]

Aquela seria a última vez que Gabriela cumpriria o dever de nora com os pais de Guilherme.

Dentro de um mês, eles seriam completos estranhos. Esse casamento patético, sustentado apenas pelo esforço unilateral de Gabriela, chegaria finalmente ao fim.

Ninguém sabia quanto tempo havia passado até que a porta da frente se abriu.

Guilherme parecia não esperar encontrar Gabriela ainda sentada na sala. Ele ficou parado por um instante, surpreso. Seu olhar periférico pousou na mesa de jantar, cheia de pratos preparados, mas ele não demonstrou qualquer emoção.

— Nem no feriado você deixa as pessoas em paz? Que azarado!

Uma voz infantil e impaciente reclamou alto.

Rafael entrou na casa, chutando os sapatos para todos os lados de propósito, enquanto pisoteava o chão com passos exageradamente barulhentos.

Gabriela não conseguiu se segurar e o relembrou:

— Já está tarde, Rafael. Silêncio.

Rafael ficou ainda mais irritado e gritou:

— Você não manda em mim, sua bruxa velha!

O garoto olhou para a mão direita dela e fez uma careta de nojo:

— Uma bruxa com só três dedos na mão!

Gabriela instintivamente encolheu a mão direita. A mão que faltavam o anelar e o mindinho tremia visivelmente. Mesmo tendo decidido partir e deixar pai e filho para trás, a crueldade da criança ainda perfurava seu coração como uma faca. Por um instante, Gabriela sentiu que não conseguia respirar.

Guilherme, por sua vez, não disse uma única palavra para repreender Rafael. Ele ficou ali, imóvel, permitindo que o filho que Gabriela carregou por dez meses e deu à luz com tanto sacrifício a insultasse e a atacasse sem qualquer remorso.

Rafael saiu correndo e bateu a porta do quarto com força, fazendo o barulho ecoar pela casa.

Só então, Guilherme começou a se mover lentamente, entrando mais na sala. Ele a repreendeu com um tom frio e indiferente:

— Hoje é Natal. Todo mundo está festejando, e tudo está animado. Quem vai se importar com um pouco de barulho? Você exagera demais. Não é à toa que o Rafa não gosta de você.

Gabriela curvou os lábios em um sorriso sarcástico:

— E se alguém no andar de baixo estiver sozinho, como eu? Passando o Natal em silêncio e planejando dormir cedo?

As palavras dela pareceram despertar algo em Guilherme. Ele olhou para a mesa posta com comida e, por um breve momento, um traço de culpa passou por seu rosto.

Gabriela continuou, com a mesma expressão indiferente:

— Sobre o Rafael... Não acha que o motivo dele me odiar é porque alguém anda falando mal de mim na frente dele? Ensinando ele a me desprezar?

Os movimentos de Guilherme pararam imediatamente. A culpa desapareceu de seu rosto, substituída por uma carranca severa. Ele franziu as sobrancelhas e a questionou em um tom duro:

— Está falando da Giovana? Eu volto para casa por pena de você, porque achei que estivesse sozinha, e é assim que você me agradece?

Gabriela olhou para o rosto irritado dele e achou tudo aquilo tão ridículo que quase riu. Sem dizer nada, ela se virou, pegou a cópia assinada do acordo de divórcio e subiu para o closet, que também servia como seu quarto.

Rafael proibira Gabriela de dormir em qualquer outro cômodo da casa, e Guilherme aceitou a imposição do filho sem questionar. Assim, o closet que um dia foi usado apenas para guardar roupas havia se tornado o último refúgio de Gabriela.

No momento em que Gabriela fechou a porta, ouviu o som de pratos sendo jogados no chão e se estilhaçando.

Gabriela trancou a porta com o rosto impassível, fingindo não ter ouvido nada. Ela não iria mais ceder ou se submeter a eles. Afinal, ela não tinha mais nenhuma obrigação de tolerar estranhos.
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