Parte 1...
Pois é, a vida estava acontecendo novamente, mas não do jeito que eu queria. Infelizmente.
Eu senti muito a perda de minha mãe. Se até hoje eu sinto a falta da minha avó materna, imagine a falta de minha mãe? Vai ser ainda mais.
Tive que ligar para Joana e contar. Ela começou a gritar e chorar, desesperada.
Eu sabia que seria assim. Ela sempre foi mais molenga pra essas coisas. Eu entendo.
O pior mesmo foi ter que ouvir aquele monte de “sinto muito... Uma perda...Meus pêsames... É a vida... Ela descansou”. Me dá até agonia de lembrar.
E ainda teve toda a burocracia do enterro, de avisar amigos e família longe, de ligar para funerária e tudo mais. Isso deveria ser feito por outra pessoa que não fosse da família. É muito pesado.
Não sei se detesto mais o velório ou o enterro em si, só sei que detesto.
Ficar no meio de toda aquela gente, ainda mais no meio de um carnaval. Parece que fizemos de propósito para estragar a festa dos outros.
Eu estava ali, de pé, parecendo um urubu