Sombras em Movimento
Um vento cortante varria o pátio de cascalho quando Artur estacionou a caminhonete diante do novo polo Jardim do Norte.
Ainda eram sete da manhã, a neblina tingia tudo de cinza e deixava no ar um cheiro úmido de cimento fresco.
Ele desceu, enfiou as mãos nos bolsos do casaco e sentiu o toque áspero da ficha de visitas que recebera no e-mail das três da madrugada:
“Fiscalização Especial – Assunto Confidencial”.
Assinatura eletrônica? Nenhuma.
Lisandra surgiu da porta lateral, blusão grosso, óculos embaçados.
Tinha o rosto corado de frio, mas nos olhos havia mais irritação que cansaço. empurrou nervosa uma mecha do coque, sinal de alerta iminente.
— A “visita surpresa” chega em dez minutos. Avisou, balançando um envelope timbrado da prefeitura.
— Denúncia de irregularidade estrutural.
—Documento anônimo.
Artur inspirou fundo. O cheiro de tinta óleo na parede interna misturava-se ao odor acre do gerador a diesel; tudo aquilo simbolizava avanço, mas também vuln