O silêncio do quarto era sufocante.
Karl estava deitado na poltrona, ainda com o rosto contraído de dor, apesar das compressas e poções aplicadas desde que fora levado de volta ao palácio. Nenhuma curandeira ousava tocar muito nas “joias reais” desde o incidente. Aparentemente, o orgulho era o órgão mais afetado.
Ele apertou os olhos, lembrando da última imagem que teve dela — da noiva que antes mal ousava encará-lo, e que agora o chutara com a força de um touro enraivecido.
Angelina.
Não, ele pensou, ela não era mais a Angelina que ele conhecia. Aquela jovem submissa, de olhos baixos e fala doce. Agora ela falava com sarcasmo, ria de suas flores, desafiava sua autoridade... e o chutava. Literalmente.
A porta se abriu, e o rei entrou sem bater. Como sempre.
Karl, ainda na poltrona, endireitou-se por reflexo. Mesmo ferido, mesmo humilhado, jamais ousaria demonstrar fraqueza diante dele.
Era o rei.
Karl se ajeitou na poltrona, apertando os dentes para não demonstrar o desconforto físico