AliceEmilie segura minha mão e sem me dar tempo para nada, sai me arrastando para dentro da casa. Nocaute nos segue sem nada dizer e com certeza só aguardava ansioso pelo que aconteceria logo em seguida com essa ideia fixa da Emilie de me juntar ao tio dela. Crianças viu, quando colocam algo dentro da cabeça vão longe, e só Deus para fazê-las mudar de ideia. Já dentro da casa bato de frente com dona Olga, que descia a escada com uma bandeja nas mãos. Ela me olha estranho como se minha presença naquela casa fosse algo de outro mundo, na realidade ela tinha mesmo razão por reagir dessa maneira, até porque PG e eu nunca fomos exemplo de bons amigos ou nada amáveis um com o outro.Ela se aproxima e ainda segurando a bandeja fala:— Alice, filha, aconteceu alguma coisa? — ela pergunta e troca olhares com Nocaute que estava ao meu ladoAcho aquilo estranho, mas nada falo à respeito. — É que estou aqui para visitar o PG, fiquei sabendo que ele não está reagindo muito bem a cirurgia e por
AliceDona Olga me olha e sorri agradecida pelo que acabou de acontecer. Mas eu na realidade não havia feito nada, apenas me deixei guiar por Deus e pelo sentimento de compaixão que existe dentro de mim. Olho para Nocaute que observava tudo em completo silêncio e também parecia não acreditar em tudo o que acabou de ver. Pelo visto essa família está muito perdida e distante do amor de Deus, por isso tantas confusões e problemas entre eles. Por isso que dizem que dinheiro pode proporcionar muitas coisas, menos a verdadeita felicidade, pois essa só através do amor de Deus é que conseguimos. Respiro fundo e então encarando Nocaute falo:— Será que pode cuidar da Emilie enquanto vou até o quarto do PG?— Posso sim. Pode subir de boa que eu fico com ela até você voltar. — Nocaute diz um pouco emotivo, pelo visto ele sentia algo pela Patrícia, pois a preocupação que ele demonstrou por ela é apenas de alguém que tem um sentimento verdadeiro dentro de si— Obrigada! — agradeço e só então me l
AliceEle fala e eu já estava feito uma manteiga, toda derretida por dentro. Mas eu não poderia demonstrar nada, nem agora e nem nunca, nós dois éramos um caso muito definido, onde cada um ficaria muito melhor e perfeitos do jeito que estavam, longe, bem longe um do outro. Puxo meu braço e com os mesmos cruzados falo:— Pelo visto teu caso não é tão grave como teu amigo disse, porque já está até tendo forças para fazer tuas piadinhas sem graça. — falo e PG continua me olhando de um jeito diferente, não com desejo ou nada parecido, mas com carinho e isso só fazia dificultar as coisas entre nós, principalmente dentro de mim— Tô muito ruim, mas agora te vendo, me sinto um pouco melhor. — ele fala e se esforça tentando sentar na cama, mas tudo o que consegue é fazer o ferimento sangrar Rapidamente me aproximo dele e assustada, com as mãos toco em seu corpo, o impedindo de se movimentar.— Não faça isso. Pode ser perigoso. — PG segura na minha mão e todos os pêlos do meu corpo se arrepi
PGPorra véi, tudo o que eu queria era fazer a Alice entender de uma vez por todas a química que está rolando entre nós dois a maior cota de tempo, mas parece que meti os pés pelas mãos e agora ela me odeia mais do que antes. Meu maior erro foi mentir, e não sei o que fazer para consertar tudo isso. Puta que pariu, eu só faço merda, até mesmo quando tento acertar. Eu preciso ir atrás dela e explanar o que está rolando dentro de mim, e que eu nunca quis fazer ela de trouxa, muito pelo contrário, tudo o que eu quero é jogar as cartas na mesa e mandar a real pra ela, dizendo que estava acontecendo uma parada estranha pra caralho comigo, e que ela tinha tudo haver com isso. Como eu ia fazer essa porra eu não sabia, mas que eu encontraria um jeito, isso já era mais do que certo.Tento levantar da cama, mas a porra do ferimento estava doendo pra caralho e não ajudava em nada a minha situação, sem falar no calafrio que eu estava sentindo, com certeza fui sentenciado por inventar que estava co
Alice Sai daquela casa soltando fogo pelas ventas, e sentindo uma raiva gigantesca de mim mesma por ter permitido ser feita de idiota por aquele sujeito. Como pude me deixar levar e ainda por cima acreditar naquela sua conversa fiada de último pedido de um moribundo? Ai Alice, dessa vez você se superou, passou de ingênua para a mais burra de todas as mortais. "Urgh! Que raiva! Deus que me perdoe, mas com a raiva que eu estou, sou capaz de estrangular o primeiro imbecil que parar na minha frente."Continuo caminhando, ou melhor, correndo ladeira acima. Se eu fazia esse trajeto em vinte minutos, hoje estava em tempo recorde de tanto que eu corria, me sentia o verdadeiro papaléguas do desenho animado, só faltava eu fazer o...— Bip... Bip..."Está repreendido em nome do Senhor Jesus Cristo, pensei no som e ouço sem antes mesmo dizer. Sai demônio!" — me repreendo e continuo seguindo meu caminho, de repente ouço o mesmo som de buzina, mas dessa vez mais perto.— Bip... Bip... A curiosid
Itabirito | Minas Gerais | BrasilFevereiro/2023Na rádio 97.3 FM"Resista as artimanhas do inimigo e ele fugirá de vós. O tempo da tua liberdade está chegando. Aquieta a tua alma que estou tomando providência e dando ordem aos meus anjos para te libertar desse cárcere que tens vivido por esses longos anos. Eu Sou contigo e quando falo Basta é porque assim será. Mas prevaleça na tua fé e mesmo quando sentires que estás no deserto, e que estás sozinha, não acredite, pois essa já não é a minha voz e sim daquele que já perdeu o direito a salvação e tenta a todo custo fazer o mesmo com os meus escolhidos nessa Terra. Tu és a minha escolhida, então fique em paz, tu és a menina dos meus olhos e a tua coroa ninguém vai conseguir tirar. O tempo da colheita chegou e já estou a caminho para te dar o teu galardão. Mesmo que pareca estar nas trevas, contudo, o brilho do Sol tornará a clarear na tua vida. Somente creia filha minha e assim não perecereis."O locutor fala: — Que Deus vos abençoe nes
PAULO GUERRA "PG"Chego soltando fogo pelas ventas. Odeio ter que sair pra fazer cobrança e menos ainda quando alguém me liga enchendo a minha paciência que já não existe. É uma porra mesmo ter que ser responsável e babá de uma irmã doida como a Patricia Guerra. Mas o que posso fazer se desde que saímos daquele orfanato eu tive que suprir a missão e o papel de homem da casa? Patricia sempre foi uma sequelada do caralho# e pra piorar me arranjou um filho ou melhor filha, de um mauricinho noiado dos infernos. Porra#! Se não fosse pela minha sobrinha, que tenho o maior apego, eu já tinha dado um fim nesse play dos infernos. Mas sei na pele o que é crescer sem saber quem é o nosso pai e te falo que a sensação é ruim pra caralho#.Me chamo Paulo Guerra, tenho vinte e sete anos, sou chefe do movimento no morro da Fé, uma das comunidades do Complexo da Penha que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro. Nome estranho para uma favela, né!? Mas se parar pra pensar deram foi o nome certo, porque
AliceAs horas passaram rápido, a noite chegou e nada do meu pai voltar. Estou morrendo de fome, o único alimento que coloquei na boca foi um pão velho com água quente da torneira, que além de tá duro feito uma pedra ainda tinha um pouco de mofo em volta. E isso foi ontem, as quatro horas da madrugada, quando meu pai chegou caindo de bêbado e me chutando para eu acordar. Eu imaginava que nada poderia ser pior do que ele fazia comigo durante todo esse tempo, mas bastou ele abrir a boca para eu perceber que o pior ainda estava por vir.Algumas horas atrás...— Acorda! Acorda logo garota! — meu pai dá vários chutes nas minhas pernas, me fazendo acordar e gemer de dor — Ai! Ai! O que foi pai? — respondo já de pé e me afastando dele— O que foi pai? O que foi? — ele fala embolado, mas cheio de ironia — Eu lá sou pai de um bicho como você? Anda, levanta logo sua merda e vá colocar a minha comida. — ele grita e se afasta sentando em uma cadeira velha que tinha no canto da cozinha perto da p