AMBER— Você não precisa fazer nada, você não quer o direito de fazer nada, não foi você quem me disse pra procurar um macho poderoso pro meu cio? Tem muitos feiticeiros poderosos nessa festa, só tô seguindo seu conselho.Respondo, mesmo sabendo que só estamos enfiando facas nos nossos próprios corações. Foi ele quem escolheu assim.— Vira, Amber. Eu disse pra você virar! — ele rosna e eu obedeço, o enfrento.As duas mãos dele estão sobre minha cabeça, encostadas na porta. Estou completamente dominada pela presença dele e por seu corpo enorme.Levanto o olhar pra encarar seus olhos escuros e profundos, pronta pra discutir, mas Vincent me desmonta como sempre faz.Ele se inclina, abaixa a cabeça e encosta a testa na minha.Nossas respirações se misturam, as feromonas dele nublam meus sentidos e destroem os poucos escudos que eu consegui levantar.— Bebê, por favor, eu te imploro... vou sair da sua vida depois dessa porra de festa, você vai ser livre pra escolher. Eu aceito seu rejeito
VINCENT— Desculpe, eu perguntei à Princesa Amber e é dela que espero uma resposta, não do seu… cuidador — diz o loirinho mimado na minha frente, e um arrepio de fúria percorre minhas costas com vontade de me transformar ali mesmo e mostrar quem é o maldit0 “cuidador”.“Sou o homem dela, idiota, o macho dela! Ela é minha!”Quero rugir pra ele, mas cravo as garras na mão, rasgando a luva, até sentir o cheiro de sangue e a dor me trazer de volta do estado de violência.— Tô pouco me fodend0… — vou dar um passo à frente, mas uma mãozinha no meu pulso me detém, me interrompendo.— Não quero dançar, obrigada, mas acho que há outras mulheres disponíveis — ouço a voz indiferente de Amber atrás de mim.O idiota sai irritado, mas minha aura assassina não diminui, e encaro cada um dos que pensam em tentar alguma coisa, deixando um aviso bem claro.Aqui a maioria me conhece, muitos já tentaram me contratar pra trabalhos com o Obsidar.Os melhores artefatos eu que refino, e isso também os segura.
VINCENT— Todo feitiço de magia tem um dono, a pessoa que o conjura deixa parte da sua magia nele, pra poder controlá-lo, rastreá-lo, reconhecê-lo.— Silvana impregn0u todo o seu ressentimento, seu ódio, sua última força vital dentro da semente devoradora que você tem na alma — a princesa Isabella me explicou.— Por isso não entendo, pra que eu iria querer conservar essa coisa sombria? O que eu desejo é eliminá-la, pra não machucar a Amber — respondo o óbvio.— Aprendi muito sobre a raça de vocês com o que o Aidan me contou — ela disse, sentada no colo do companheiro.— Suponha que eu elimine o que pode controlar as chamas da sua companheira... como pretende ficar perto dela? Durante o cio? Durante as relações íntimas?— Pelo que sei, vocês literalmente pegam fogo... então, tem algum truque pra virar um Homem do Inverno?Ela pergunta e eu fico em silêncio.É claro que não tenho truque nenhum, se tivesse, não estaria aqui disposto a tudo.— Inclusive testamos com o sangue do Vincent, c
VINCENTSamantha enchia minha cabeça de questões que, embora naquele momento eu considerasse muito pertinentes, depois percebi que não eram o meu problema.Confundi meus próprios desejos e sonhos com os do meu amigo e Alfa.As prioridades de Cedrick tinham mudado, e eu não soube entender isso.Me deixei manipular pela conveniência daquela mulher.— Não posso te ajudar a falar com Raven — disse a ela o que tantas vezes sonhei em responder naquela ocasião.— Mas... eu sei que você é amigo de Cedrick, meu pai pode apoiá-lo. Entenda que ninguém vai querer uma Centuria como Rainha. Cedrick vai afundar seus sonhos na lama por uma obsessão — ela me disse ansiosa, tentando me convencer.A encarei com atenção.Isabella me alertou que meus pensamentos aqui eram parte realidade, parte distorção dos meus próprios desejos — que eu tinha o controle sobre minhas decisões, mas precisava ter muito cuidado.Dentro deles também se escondia a sombra de Silvana, à espreita, tecendo armadilhas, esperando m
VINCENTEu deveria estar no meu mundo ideal, afinal, consegui o que sempre desejei.Uma companheira pra mim, alguém que preenchesse minha alma solitária.No entanto, me sentia mais vazio do que nunca.Libertamos a matilha de Clárens e a levei comigo pro castelo. Essa noite, eu marcaria ela como minha.As mãos dela tocavam meu corpo e sua boca beijava meu pescoço.O quarto deveria parecer quente e excitante, mas pra mim era como uma caverna gelada.— Vincent, você me deixa louca, meu lobo — ela geme no meu peito e se afasta pra começar a se despir.É uma mulher linda, mas enquanto olho pra ela, só consigo pensar que gostaria que o cabelo fosse vermelho-fogo, os olhos azuis e sedutores, a boca mais atrevida e sensual.Baixo o olhar... e aqueles não são os seios enormes que me deixam completamente duro e que eu sonho em me afogar entre eles. A pele do ventre não é tão branca, nem tão macia.A boceta dela não me enlouquece nem me domina ao ponto de me fazer gozar só de imaginar ela aberta
NARRADORAVincent não gostava de contato com ninguém — isso era o normal. Só uma certa loba ruiva podia babar nele o quanto quisesse.— Respondendo à sua pergunta, acho que a prova de fogo seria estar perto da sua companheira e ver se consegue absorver as chamas dela sem machucá-la. Se conseguir, então é o dono da Flor Devoradora — Isabella se levantou, alisando a saia do vestido.— Acho que foi menos dramático do que imaginávamos.— Vamos testar mais tarde. Só posso agradecer — Vincent se curvou diante deles. — Não importa se funcionou ou não, agradeço pela ajuda.— É pra isso que servem as famílias. Descanse, Vincent. Acho que o pesadelo acabou — Aidan disse, conduzindo-o até a porta.Vincent parecia exausto, física e mentalmente. Já de costas, estava prestes a alcançar a maçaneta da porta.Seus olhos escuros fixaram o metal, e de repente um sorriso astuto se desenhou no canto dos lábios.Tinha valido a pena esperar. Isso era só o começo. Ele escaparia, se esconderia para regenerar
NARRADORAUma linda rosa negra no centro do quarto — nada a ver com a imagem horrenda que sempre tinha mostrado.Aquele era o feitiço original, sem a contaminação da maldiçã0 de Silvana, nem magia negra.Parecia uma vitória: os ataques cessaram e a porta se fechou com força atrás das costas dele. No entanto, um último obstáculo ainda o impedia.Vincent olhou pro buraco gigante aos seus pés, que tomava quase todo o chão do quarto.Restava apenas um pedacinho de chão onde ele estava parado e, depois, um abismo negro — uma queda infinita — e no meio daquela armadilha mortal, flutuava o poder que o Beta tanto desejava dominar.— Claro que não podia ser fácil, né? Alguém aí me odeia com força — suspirou com sarcasmo.Guardou as adagas nos lados das botas de couro e calculou a distância.Era grande demais. Quase impossível.— Você vai ser minha, sua flor maldit4, porque eu vou ter minha companheira nos meus braços, e ninguém mais vai me impedir de ser feliz.Declarou entre dentes, e seus ol
AIDANEu tinha razão. Isabella e Lisa descobriram que uma das convidadas tinha ido à meia-noite seduzir o ferreiro do Obsidar para pedir que ele forjasse um artefato pra ela.— Minha irmã deve estar cuspindo fogo — apertei a ponte do nariz, pensando que papai ia me matar por não ter cuidado bem dela nessa loucura toda.— Não importa. Eu vou trazê-la de volta. Depois de tanto tempo, finalmente voltarei pra casa, e desta vez, nada nem ninguém vai me separar da minha fêmea — Vincent nos disse com a voz decidida.Voltei com ele, levando minha Isabella para que meus pais a conhecessem.Depois disso, tínhamos decidido continuar explorando o mundo com nosso Drakmor, que agora nos esperava na sua caverna.Aumentaríamos nosso nível de magia e nos amaríamos em liberdade, sem pressões, até que os deveres nos chamassem de volta pra casa.*****NARRADORA— Amber, vou te enviar pra matilha de High Mountain pra representar a família real na cerimônia de posse do novo Alfa — Cedrick entrou no quarto