Capítulo 7

Assim que aquele toldo caiu no chão, o barulho ensurdecedor que o causou, chamou atenção de todos a volta. Em questões de segundo, um grupo de curiosos se espreitaram até naquela cena, buscando descobrir o que aconteceu.

— Oi – uma mulher parou bem na frente de Dandara e Paco, com a respiração ofegante. — Vocês estão bem? Alguém que estava por perto se machucou? 

Dandara olhou ao seu redor, buscando alguém que talvez pudesse estar por perto no momento em que aquilo caiu, segundos antes dela salvar Paco de alguma tragédia, mas não havia ninguém ali que pudesse ter presenciado aquela cena, e ela quase respira fundo de alívio.

— Estamos bem. — Ela responde, por fim. — Ninguém se machucou.

Em seguida, aquela mulher se afastou de Paco e de Dandara e se juntou ao grupo que se amontoava. No mesmo instante, os dois começaram a seguir em frente, indo em direção oposta àquela confusão. 

Enquanto andavam, Dandara não poderia evitar se sentir inquieta ao perceber o silêncio inquietante que havia se instalado entre os dois. Ela temia que se por um acaso falasse qualquer palavra, Paco poderia descobrir que ela mentia e escondia algo. Mesmo sendo uma mulher extremamente forte, e até mesmo cruel quando precisava ser, Dandara era transparente o suficiente e apesar de possuir centenas de qualidades, mentir não era uma delas. 

Enquanto a mulher morde o próprio lábio com força, ao ponto de quase sentir o gosto do seu próprio sangue, Paco ao seu lado repassa em sua mente os últimos minutos. Tenta se agarrar a alguma explicação coerente para o modo ágil e certeiro como o qual Dandara agiu, e ele não evita pensar que, se Dandara tivesse hesitado em sua intervenção só por um único segundo, ele talvez não tivesse se salvado. 

Mesmo se sentindo grato pelo modo que ela agiu, a sua curiosidade e desconfiança fala mais alto, e por Fim, Paco a indaga:

— Como soube que aquilo iria acontecer? — Quando ele diz essas palavras, Dandara engole em seco, mas o encara. — E não me diga que foi coincidência. 

Dandara mordeu a língua, porque ela estava prestes a dizer aquilo, que só foi uma coincidência, um golpe de sorte. Mesmo odiando mentir, ela sabia que aquilo era necessário, não poderia se arriscar. Sobretudo, porque nem ela mesmo sabia ou era capaz de nomear tudo que estava se passando em sua nova vida.

— Eu já falei, Paco. — Ela se prende em sua afirmação anterior. — Eu tenho um bom reflexo e percebi quando começou a se soltar, você não ouviu? Eu estava de frente para você, tive uma visão mais ampla. 

Quando termina de dissimular, Dandara olha em frente porque teme que Paco possa ser capaz de ler ``Culpada´´ em suas irises verdes. Mesmo não estando 100% confiante em suas palavras, Paco apenas assente de volta, porque ele sabe que mais cedo ou mais tarde, se Dandara estivesse escondendo qualquer coisa dele, ele saberia.

A mulher se sente aliviada quando ele não pergunta mais nada. O vento frio de um fim de tarde b**e em seu rosto, balançando seus cabelos enquanto eles atravessam a rua, refazendo o caminho de volta até a mansão.

Naquele instante, Dandara recorda das últimas palavras de Paco, minutos antes daquele conflito surgir. E por isso, indaga:

— Você disse que poderia me ajudar. — Profere e Paco a fita no mesmo instante. — Falou que tinha informações sobre Curtis e Michaela. 

— Assim como disse que só daria essas informações a você, se fizesse algo por mim. — Ele diz, enquanto um sorriso astuto brilha em seu rosto. 

Dandara ignora como aquela imagem a afeta e como os olhos cor de âmbar do homem desafiador a sua frente, a incita. Também não deixando se afetar pela provocação de suas palavras anteriores, e sendo incapaz de ceder o menor favor a ele naquele dia outra vez, ela retoma outra pergunta:

— Como você sabia da relação entre Curtis e Michaela?

Aquela pergunta realmente incomodava Dandara, porque ela não conseguia se conformar que havia sido realmente a última a perceber como estava sendo enganada, como havia errado tanto em se apaixonar pela pessoa errada. Naquele instante ela percebe que era verdade o que diziam, o amor é capaz de te deixar cega, porque enxergar a realidade era cruel demais, e ela sentia isso cada vez que respirava, porque de algum modo, a dor da decepção continuava ali.

— A Michaela também me procurou. — Paco declara, de repente. 

Aquela informação faz Dandara parar de andar no mesmo instante. E ali, parada na calçada, encara Paco, completamente surpresa. Porque percebe que, mesmo tendo renascido, e se sentindo uma nova mulher, Dandara desconhecia muitas questões de sua vida anterior. E mesmo agora, com uma segunda chance, ela ainda não poderia saber de tudo, e então se perguntou qual seria a razão de toda essa história?

— Do que você está falando, Paco? — Dandara questiona, e Paco também parou para encará-la.

Quando Paco a olha daquela maneira, por um instante, ela se esquece de todo o motivo real do seu alvoroço e foca no modo em que seu coração a traiu no peito, acelerando e desacelerando, repetidas vezes. Seus lábios se entreabrem, porque existe algo oculto e profundo demais nos olhos dourados de Paco enquanto o pôr do sol reflete em suas írises. Seu cabelo castanho cai em frente ao seu rosto, os lábios rosados pressionados, e enquanto a fita daquele jeito, Dandara se auto repreende por admirá-lo daquele modo, e mesmo por um instante, o achar atraente. Irritante, ela repete mentalmente, é tudo que ele é. 

Ela acorda do seu próprio devaneio quando vê os lábios de Paco se movendo, e ela percebe que ele voltou a falar, por fim:

— A Michaela se aproximou de mim, há cerca de alguns meses. — Ele explica. — Ela acreditava realmente que poderia ser capaz de me conquistar, e assim eu a tornaria minha esposa. 

Paco diz aquilo com um sorriso de lado enquanto revira os olhos, mas Dandara não encontra humor algum, e o encara, completamente séria.

— E o que você disse? — ela questiona, genuinamente curiosa com as ramificações daquela história.

Paco franze a testa com a sua pergunta, porque para ele a resposta era muito óbvia.

— Claro que recusei. — Ele faz uma careta, porque aquela pergunta era estúpida o suficiente. 

Após isso, Dandara continuou a andar em frente, não o respondeu outra vez. Sua cabeça estava em um lugar muito mais distante, não conseguia descobrir o propósito de Michaela em toda aquela história, era incapaz de compreender a razão daquela mulher ter aparecido em sua vida, e agora demonstrava estar na espreita de tudo. Mas ela sentia no seu íntimo, que a sua intenção era a mais tirana de todas.

Ainda com a cabeça girando rapidamente, e assim que chega em frente à mansão, Dandara para de andar bruscamente. Paco a encara, confuso pela maneira que ela paralisou em sua frente, depois de passar os últimos minutos sem falar nada.

Paco a observa de volta, com a sobrancelha arqueada e os seus olhos param involuntariamente nos lábios da mulher, outra vez sentindo-se a magnitude que segue dele até Dandara. E é quando ela o surpreende, perguntando:

— Você tem o direito da herança da família?

Aquela indagação faz Paco hesitar e ele se questiona sobre o que aquela pergunta significava, e sobretudo, pondera se revela a verdade ou não.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo