Capítulo 82
O ar no quarto parecia mais denso, como se o tempo estivesse suspenso. Gael olhou para Solène, imóvel na cama, com os aparelhos monitorando a única vida que ainda restava nela. O monitor cardíaco emitia seus bipes lentos e constantes, mas o som que sempre o consolava agora parecia zombar de sua incapacidade de tomar uma decisão.
Dandara permanecia em silêncio, sentindo a opressão daquela atmosfera. Ainda havia o desconforto de encarar a mulher diante dela, que era tão parecida consigo. Essa semelhança a perturbava mais do que queria admitir.
— Ela está aqui há quanto tempo? — Dandara perguntou, a voz baixa, quebrando o silêncio.
Gael não desviou os olhos de Solène.
— Quatro anos.
Dandara engoliu em seco, assimilando aquela revelação. O olhar de Gael estava perdido, mas sua mandíbula estava tensa, denunciando a luta interna que travava.
— É para cá que você sempre vem quando diz que tem suas viagens? — ela questionou.
Gael assentiu lentamente.
— Todas as semanas. Não import