Durante o trajeto, evitou olhar vitrines ou encarar os rostos alheios. Era como se todo o cenário ao redor estivesse congelado no tempo, enquanto ela era a única coisa em movimento. Uma mulher empurrava um carrinho de bebê no canto da calçada. Um casal trocava beijos sob um guarda-chuva transparente. Tudo parecia parte de um mundo paralelo.
Elana desceu as escadas do metrô devagar, como quem queria que o tempo esticasse só mais um pouco. O som metálico dos trilhos ao longe ecoava nas paredes, misturado ao murmúrio de poucos passageiros matinais. A cidade ainda despertava.
O trem chegou com seu sopro quente e barulhento. Elana entrou e escolheu um assento próximo à janela. Deixou a cabeça repousar contra o vidro gelado, observando os túneis escuros cortarem o subsolo como veias da cidade.
Durante o trajeto, pensou em tudo que poderia acontecer. Em tudo que não queria que acontecesse. A estação onde deveria descer chegou mais rápido do que gostaria. Levantou-se, ajeitou o cachecol em