Acordei num quarto escuro, o ar gelado cheirando a mofo e poeira, como o armário velho da escola onde guardam as vassouras. Minha cabeça doía, como se eu tivesse batido num brinquedo, e meu coração batia rápido, como quando corro até o fim do parquinho. Estava deitado num colchão fino jogado no chão, a pedra fria sob ele congelando minhas costas através do tecido áspero. O cobertor cinza, todo arranhado, pinicava meus braços, e o cheiro de lã molhada me fez franzir o nariz. Uma janelinha alta, quase colada no teto, deixava entrar um fio de luz da lua, que brilhava como uma moeda prateada, iluminando rachaduras nas paredes de pedra cinza, cheias de teias de aranha brilhando como linhas de prata. Meus olhos ardiam, querendo chorar, mas esfreguei o rosto com as mãos sujas de terra, a lama seca rachando na pele. Minha barriga embrulhava, um medo grande apertando, mas eu queria ser corajoso como a mamãe sempre diz.
— Onde estou? — murmurei, a voz tremendo, enquanto me sentava, o cobertor d