O silêncio naquela casa era insuportável. Não era o tipo de silêncio que acalmava, que proporcionava paz. Era um vácuo sufocante, um buraco negro que se espalhava pelos corredores, pelos cômodos, pelas paredes frias e vazias, que estava sugando minha sanidade pouco a pouco.
Eu odiava aquele silêncio. Odiava porque sabia exatamente o motivo dele.
Ela se foi.
Ayla não estava mais lá, para invadir meu escritório, cruzando seus braços e me desafiando ou me olhando de maneira desafiadora, seu cheiro doce havia desaparecido completamente.
Meus punhos se fecharam ao redor do copo de uísque, a pressão tão forte que a base de vidro estalou. Minha raiva se mesclava a do meu lobo, que rugia dentro de mim, tentando impor sua vontade em ir buscá-la.
“Ela quis isso”, repeti para mim mesmo pela décima vez. “Foi melhor assim.”
Mas a mentira não colava. Nenhuma das merdas que eu dizia para mim mesmo fazia sentido, porque a verdade era cruel, cortante e inevitável:
Eu a desejava, a queria comigo, mas a