A professora.
A professora.
Por: Luna. Spec
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Eu estava terminando de preparar o almoço favorito da Melanie quando ouvi passos correrem até mim, eu estava terminando de mexer a panela e então antes mesmo de conseguir me virar senti um apertado abraço vindo de bracinhos pequenos ao redor da minha cintura. Melanie havia chegado, era nítido. Mas Melanie não estava com a agitação de sempre, quando me virei permitindo que seu rostinho se afundasse em minha barriga vi que ela nem ao menos parecia querer sair dalí.

- Oi meu amor - Falei com uma voz doce - Ei..Mel, meu amor, o que aconteceu? - Perguntei com certa preocupação. Melanie não era o tipo de criança que chegava quieta de sua escolinha, muito pelo contrário, Melanie chegava agitada gritando "Mamãe" para todos os cantos possíveis e quando me achava dentro de algum cômodo da casa falava que nem uma matraca divertida e fofa sobre como sua professora, Jennie, era legal, sobre como ela havia conseguido ver uma borboleta amarelada na árvore enorme que tem em sua escola, ou até mesmo sobre como foi legal a brincadeira de dividir lanches que ela e sua amiguinha, Clarisse, haviam feito.

- Mama...Me desculpa - Melanie disse com a voz levemente abafada por conta de seu rosto afundado em minha barriga. - Eu fiz besteira..A tia nie precisa conversar com você - Melanie disse com a culpa completamente aparente em sua voz e permaneceu com seu rostinho em minha barriga. Eu estava preocupada, claro que estava. Melanie nunca foi uma criança birrenta ou difícil, ela sempre foi um doce, mais equilibrada do que eu. Minha filha nunca faria mal a uma mosquinha ou até mesmo uma formiguinha e isso não era só força de expressão, Melanie era tão dócil que brigava comigo se eu matasse alguma formiga que estava no açúcar em sua frente, ela sempre dizia "Não tem necessidade de matar a coitada mama, ela só tá tentando levar comida pra família dela!" E em todas as vezes possíveis ela me fazia colocar a formiguinha pra fora da nossa casa pela janela e desejar boa sorte a ela. Como minha filha tão dócil faria besteira assim?!.

- Meu amor, o que aconteceu? Conta pra mamãe, a mamãe sabe que você não tem costume de fazer besteira, não precisa ficar com medo - Falei e Melanie levantou somente um pouquinho de sua cabeça, me permitindo ver somente seus olhinhos cheios de lágrimas. Eu a peguei em meu colo, desliguei as duas bocas do fogão que estavam acessas porque a comida já estava pronta e levei Melanie até o sofá em meu colo, e então me sentei no sofá e a coloquei sentada em minhas pernas - Vamos, conte pra sua mamãe Lisandra, a mamãe promete que não vai brigar com você e eu vou tentar entender primeiro o que aconteceu.

- Tudo bem..Olha mamãe, eu estava no pátio da escola e eu tava sentadinha com a Clarisse, a gente tava comendo lanche dividido aí chegou um menino da minha sala, o Camillo. Ele tentou roubar o pão da Clarisse e eu disse pra ele devolver, aí ele chamou a Clarisse de feia e disse que só iria devolver se conseguissem tirar dele e eu perdi a paciência porque a Clarisse disse que tava com fome porque não tinha conseguido comer em casa, porque a mãe dela tava muito ocupada com o trabalho e não podia fazer a comida pra Clarisse, aí eu peguei e dei um chute no meio das pernas do Camillo e aí eu peguei o pãozinho da Clarisse e aí a tia nie viu e disse que teria que chamar a minha mamãe - Melanie disse de forma um pouco atropelada, mas nada que me fizesse não compreender o que aconteceu, era evidente que ela estava ansiosa porque estava morrendo de medo da bronca que poderia levar de mim e por isso eu acariciei seu rostinho pra acalma-la, o que aparentemente deu certo já que ela suspirou profundamente e pareceu ter se acalmado um pouco.

- Tudo bem, tudo bem. Deixa eu ver se eu entendi; O menino da sua sala pegou o lanche da Clarisse e disse que ela era feia e você acabou batendo nele pra defender ela e pegar o lanche dela de volta? - Falei e Melanie assentiu. - Olha meu amor, eu estou orgulhosa de você por ter defendido a sua amiga, poucas pessoas teriam tanta coragem como você teve - Falei e os olhinhos de Melanie começaram a brilhar de felicidade - Porém...

- Ah. Tava bom demais pra ser verdade - Melanie disse após o meu "Porém" mais rígido e eu tive que conter o riso.

- Você não está tão correta assim por ter batido nele, agressão nunca é o melhor resultado e muito menos a melhor forma de se resolver coisas desse tipo - Falei e Melanie apoiou seu rostinho em suas mãos parecendo pensar em algo.

- Se agressão não é resposta, por que você bateu no papai quando ele veio aqui pedir pra voltar com você? Ele não roubou seu lanche, mas você bateu nele mesmo assim - Melanie disse e eu senti um rubor em minhas bochechas ao ser lembrada disso.

- Seu pai me pedir pra voltar é pior do que me roubar meu lanche, filha, acredite - Falei e Melanie simplesmente deu de ombros.

- De qualquer jeitinho mama, tia nie quer ver você amanhã - Melanie disse e eu suspirei.

- Tudo bem, eu vou ir lá conversar com ela, não se preocupe que a mama vai resolver isso - Falei e Melanie não disse mais nada, apenas beijou minha bochecha e deu um pulo pequeno para sair do meu colo.

- Mama, eu vou tomar banho, coloca meu pratinho pra mim? Por favorzinho? - Melanie pediu com as mãos cruzadinhas e eu sorri e assenti confirmando que colocaria seu prato, mas depois de ver seu sorrisinho eu não me aguentei e apertei suas bochechas, a fazendo rir logo em seguida. Depois disso eu beijei sua testa e permiti que ela fosse tomar banho, logo eu voltei pra cozinha pra colocar nossos pratos de comida.

Eu ainda estava pensando no que minha filha havia feito, claro, era preocupante ela ter agredido um coleguinha, mas eu não crítico, acredito que eu teria feito o mesmo(ou até pior), e me sinto orgulhosa da minha filha por ter defendido alguém.

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