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A garota parecia um anjo, um anjo tão inocente e cativante que, saber que se encontrava sozinha, um arrepio impróprio subia por sua espinha. Um medo subiu a encarnação do Santinelli naquele momento. Um temor maléfico se apoderou de seu corpo. E logo caminhando por aquele lugar, ele tentava sair.

Passou pela porta depois de muito esforço. Talvez a menina se encontrasse lá fora, não é? E o pior, estaria sozinho andando pelas ruas? Como alguém deixaria uma mulher delicada como aquela sozinha? Principalmente à uma hora dessas na rua? Mas, o que diabos ela faz na rua há essa hora? Ele se perguntou incrédulo. Se aquela mulher fosse dele, com certeza levaria umas boas palmadas para não ultrapassar seus limites daquela forma. Todo lugar é valido para sair e dançar, mas convenhamos, aquele lugar não merecia ter sua presença tão incrível.

Logo dissipou esses pensamentos melancólicos e maliciosos. Só queria saber se a garota estava bem. Assim que passou pela porta principal, viu Sasha novamente, enquanto sorria e brincava com Rafael. Nicolas sentiu uma ira enorme e caminhou mais rápido até chegar ao loiro.

— Nicolas, até que enfim – Rafael disse feliz, mas dava-se para ver que nem preocupado estava. — Por onde andou?

Nicolas nem o olhou direito, saiu na rua passando pelo meio de duas mulheres para poder procurar por ela. Rafael o chamou mais de uma vez, mas ele não olhou, queria apenas encontrar o anjo com a fragrância deliciosa. Desistindo da busca pela garota, ele virou para ir embora quando sua vista pousou na garota ao longe. Nicolas arfou. Ele deu dois passos para trás, e se endireitou indo em direção à mulher.

— Ei Nicolas? – Rafael o chamou saindo na rua e viu o homem caminhar. — Você não queria ir embora?

— Me dá um minuto – Grunhiu baixinho ainda em direção a ela.

Por um breve instante, Nicolas pôde reparar melhor no corpo daquela mulher, parecia tão lindo e irresistível. Ele mapeou cada canto de sua coluna reta até sua bunda redonda, desceu para as pernas bem torneadas e subiu novamente.

Seus cabelos cobriam boa parte de sua costa. Os cachos dela pareciam um véu, sedosos e brilhosos. O vestido verde dava a ela um ar de encanto, demasiado encanto, levando a todos que a olhavam ao delírio. Inclusive Nicolas Santinelli.

— Raissa, onde você está? – Despejou sua irritação sob a mulher do outro lado da linha. — Como assim voltou?

Emelly sentiu um calafrio passar por sua espinha, aquela eletricidade de antes envolver seu dorso pequeno e convidativo. Ela arrepiou-se e arfou sobre seu próprio corpo. Trocando a posição de seus pés pousando o peso no outro, ela olhou para frente inspirando fundo.

“— Emelly é rapidinho. Eu, bom... separei-me de você muito rápido, eu não sei nem onde eu fui parar, mas estou chegando aí fora em menos de 20 segundos, prometo.” - Proferiu Raissa da outra linha.

Emelly sorriu ruborizada de raiva por tanta coisa estar acontecendo naquela noite. Sem falar no homem em que se esbarrou e como ele era belo. Ela se virou sorrindo e, para eu grande espanto, ele estava atrás de si. Ela tomou um grande susto e tombou para trás quase caindo, logo se conteve, e levou o celular novamente ao ouvido.

— Eu... Eu... – Ela arfou, a eletricidade ficou mais densa, parecia que aquele homem consumia todo o seu raciocínio tímido, levando-a para algum malévolo e intenso mundo. — Eu... vou t-te esperar a-aqui for-ra. – Gaguejou timidamente sem desviar seu olhar do dele.

Ela desligou o celular e inspirou profundamente guardando o mesmo na bolsa de mão preta. E rapidamente se recompôs ajeitando os cabelos. Mesmo com poucos centímetros de distância, eles podiam sentir um sentimento diferente, rasgando qualquer porta sexual que os rodeava.

Emelly não era qualquer garota para jogar-se nos braços de qualquer homem. Por isso não tinha namorado e não queria ter um tão cedo. Pensava ela que era mais feliz solteira. Tirava exemplos dos relacionamentos de suas amigas, e não queria aquilo para si. Porém, olhando aquele homem intenso e completamente irradiando sensualidade, luxúria e um lado maldoso, deixava-a excitada.

— Você ainda está sozinha? – Balbuciou ele avançando um passo, sua mão estendida com intenção de tocá-la. Foi mais a frente, mas ela recuou um passo e olhou suas mãos.

— Estou esperando uma amiga – Sussurrou quase inaudível e levantou sua vista para o olhar atencioso e carinhoso do homem. Porém, carregado de malícia e um ominoso perverso e intenso, cheio de sensualidade e desejo.

— Sou Nicolas – Disparou ele, botando uma das mãos no bolso, enquanto a outra foi estendida a ela. Hesitante, ela deu um passo em sua direção e apertou sua mão.

— Emelly – Respondeu sentindo a mesma eletricidade passar por seus corpos. Um impulso e uma enorme vontade de tocá-lo invadiram os devaneios de Emelly.

Seu cabelo grande caia sobre o colarinho do terno, Emelly sentiu-se tentada a tocá-los. Senti-los sobre seus dedos, beijá-los e massageá-los com carinho e volúpia. Entretanto se conteve e voltou a dar um passo para trás.

— Emelly de...? – Ele tentou saber. Mas...

— Não te interessa – Praguejou sobre ele. Não queria ser grossa, nem nada, mas estava na defensiva por não o conhecer.

— Você se jogou em cima de mim – Murmurou ele com uma pitada de irritação. — Mereço pelo menos saber seu nome – Emelly franziu a sobrancelha e entreabriu a boca furiosa. Porém, ainda na defensiva.

— Eu não me joguei em cima de você! – Falou irritada, mas se deteve. Colocou-se novamente sob os saltos caros de cor preta e deu um sorriso amigável. — Eu apenas me desequilibrei e você por sorte me segurou, me impedindo de cair.

— Belos olhos – Interrompeu-a, encantado.

— Obrigada – Disse tão suavemente e cheia de desejo, tanto que Nicolas sorriu com aquilo. Ela deu um sorriso involuntário ajeitando os fios loiros com as pontas rosa que teimava em cair sob seu rosto pálido. Nicolas entreabriu os lábios para proferir alguma coisa, quando uma mulher surgiu ao lado de Emelly.

— Prontinho, estou de volt... – Ela encarou Nicolas e o moreno a encarou também. — Ou... Desculpe atrapalhar – Murmurou sorridente e olhou para Emelly maliciosa. — Podemos ficar mais um pouco se quiser.

Emelly olhou a amiga e depois encarou Nicolas. Ruborizou-se novamente e, bem timidamente, virou às costas, puxado a amiga que sorria para o Santinelli.

— Raissa? – Emelly praguejou seu nome enquanto caminhavam em direção ao estacionamento.

— O quê? – Ela olhou a amiga. – Ele era muito lindo, Emelly. Que gatinho você arranjou. Qual é o nome dele? Pegou o telefone?

— Hã? Claro que não – Emelly deu uma simbólica tapa no braço de Raissa que sorria boba. — Ele apenas me ajudou quando você sumiu.

— Eu não sumi, eu perdi você de vista. Então fui buscar mais uma bebida para mim e voltei a tentar sair – Explicou-se abrindo a porta do carro e encarou a amiga pensativa.

Quando Emelly reparou que estava sendo observada, lançou um olhar confuso para Raissa que, mais uma vez, deu um sorriso malicioso.

— Emelly, você está toda vermelha, merece namorar, ser feliz, transar, sorrir, transar, dançar, transar, transar... – Emelly revirou os olhos, entrando no carro. — Precisa se divertir. Aquele homem MARAVILHOSO pareceu bem... Interessado em você. Os olhos dele faiscaram enquanto te olhava.

— Ele não vale nada, é igual a qualquer outro. E eu não quero tudo isso. Se você se esqueceu, eu só tenho dezessete anos – Emelly proferiu arrumando os cabelos em um coque no alto da cabeça. Viu a morena sentar ao seu lado colocando o cinto e olhou a garota.

— Então, o que uma criança de dezessete anos, faz numa boate em plena meia noite? – Disparou Raissa e Emelly fechou a cara.

— E você também, o que faz?

— Vou fazer dezoito, mês que vem, eu posso. E eu vim dançar e pegar uns gatinhos... – Sorriu maliciosa. — E você?

— Dançar. É proibido agora?

— Sim – Brincou Raissa saindo do estacionamento, sendo xingada pela amiga.

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