Insolente...
Gustavo Nolasco
Depois de todo o meu desgaste físico para acompanhar o meu pai nessa viagem grotesca, finalmente o cortejo de carros deixou o fim de mundo para trás. A escolta de seguranças nos seguia à frente e atrás, destoando da simplicidade do lugar. Cheguei a conclusão que a tal Helen realmente não queria ver o meu pai nunca mais na vida. A mulher não foi simplesmente embora de São Paulo, ela se escondeu.
Pelas janelas as paisagens e as estradas retas estavam me deixando enfadado. Ajeitei pela terceira vez meu terno meticulosamente, soltando um suspiro impaciente.
– Sinceramente, papai, nós não deveríamos ter vindo. Mobilizar jato, carros, seguranças… tudo isso pra vir a esse fim de mundo? Uma perca de tempo.
– Você veio porque quis, Gustavo. Então não reclame.
Não consegui me conter como sempre. Sorri com ironia e apoiei o cotovelo na janela, semicerrando os olhos observando a paisagem.
– É exatamente isso que me irrita. O senhor sempre quer impor suas vontades sobre os outros.