Desejo e fúria...
Alexandre
Jaqueline estava com o rosto virado para a janela, as pernas cruzadas, mas seu olhar oscilava entre a paisagem da madrugada e o meu reflexo no vidro. O silêncio entre nós dois dentro do carro era denso. O tipo de silêncio que carrega tudo o que não se diz, e que reprime o que se finge não sentir.
– Não adianta agir assim, Jaqueline. Eu realmente me importo como você.
– Esse não é o caminho da minha casa, Alexandre.
– Eu sei. Tô te levando pra minha cobertura. Minha voz saiu calma e meu olhar estava fixo na estrada.
– Isso não faz o menor sentido. Eu quero ir pra casa.
Eu não respondi. Meu carro adentrou o bairro nobre e em poucos segundos, o portão automático do prédio abriu e eu entrei com a minha Mercedes. Estacionei e dei a volta para abrir a porta.
– Vem. Eu te levo.
– Eu consigo andar, Alexandre. Já disse que tá só dolorido. Disse franzindo o rosto, desconfiada.
Mesmo assim me mantive próximo, pronto para ampará-la a qualquer sinal de desequilíbrio. Caminhamos lado a la