Estevão

Desde que cruzei com a Marcela naquela tarde, eu não conseguia tirar da cabeça as palavras ditas por ela com aquele tom leve e quase debochado.

“Vou levar a Maria Luiza a festa da minha amiga. O filho dela é um excelente partido. Percebi que olhou para a Malu com interesse lá no clube.”

A frase caiu como uma bomba. Disfarcei é claro. Mantive meu semblante neutro e sorri educadamente. Mas por dentro eu fervia. Malu indo a uma festa sob os cuidados da mãe interesseira, jogada como peça de um tabuleiro social? Meu corpo reagiu como se tivesse recebido um golpe invisível. Mordi o interior da minha bochecha para me conter. A raiva misturada ao medo me corroía por dentro.

Consegui que o Alexandre ligasse para a irmã. Mas ouvir ela dizer que estava animada para ir à festa, quase fez o meu coração sair pela boca. Tentei parecer indiferente, mas por dentro o meu peito ardia com uma angústia sufocante. A imagem dela, linda, doce, cercada de rapazes e bebidas forçadas martelavam em minha