Amor é uma armadilha.
NARRADO POR GIOVANI FERRETI
Após a guerra, sempre vem o luto. Silencioso, pesado… às vezes mais cruel do que a própria guerra. Naquela noite, perdemos apenas um homem. Mas Pablo Bellini não era qualquer homem — era o pai de duas mulheres que choravam como meninas sem chão, e marido de uma viúva que nem sabia mais gritar de tanto que já havia gritado por dentro.
Antonella seguia com o tornozelo torcido, partes do corpo quebrada, danificada, arroxeada. Simon me disse que se responsabilizaria por Scarllet. Ele disse com convicção, como quem acredita estar fazendo o certo. Mas eu não quis me meter. Não seria eu a repetir os erros do velho Bellini — empurrar filhas como peças num jogo de xadrez que só homens acham que entendem.
A madrugada foi longa. Tensa.
Irina… minha mãe… estava no meio do salão, usando um vestido vermelho como uma estrela cadente caída do céu errado. Abraçada a Scarllet, que chorava sem parar. Antonella apoiava a mãe, mas os olhos dela — aqueles olhos — estavam cheios