Stella é uma jovem órfã que ficou na miséria. O reverendo lhe consegue um emprego, mas o que ela não sabe é que seu futuro patrão é um homem lindo e impiedoso que vive isolado do resto do mundo e esconde um segredo. Evan Larsson é um fazendeiro com um passado perturbador, ele é um homem em busca de paz, mas diferente de todos ele a busca na escuridão. Seu primo que é reverendo lhe indica uma nova empregada. Quando ele a vê, só consegue se perguntar o que seu primo tinha na cabeça, quando enviou um cordeirinho ao lobo?
Leer másStella está sentada de frente para a janela do segundo andar, ela está aqui, pois a janela fica próxima ao quarto do pai, de onde pode se ver toda a extensão da bela propriedade que seu pai arrendou há dez anos atrás, quando sua vida era bem diferente. Tanto trabalho e esforço para no fim terminar sua vida em total miséria. Sua mãe ainda estava viva e seu pai ainda não estava doente, ainda tinha alegria de viver, quando decidiu arrendar a propriedade. Stella se sentou ali para apreciar a beleza dos campos, que encantaram seu pai e que o fizeram permanecer ali por tanto tempo. Agora, seus dias ali estavam contados, era questão de tempo até que tivesse que ir embora, exatamente o tempo de vida do seu pai.
O médico desenganou completamente o homem, não havia mais esperança para ele e mesmo que tivesse, de certo não teriam recursos para o tratamento. No momento tudo estava quieto, o silêncio prevalecia por toda a casa, mas quando passasse o efeito do analgésico voltaria a escutar os gemidos de dor do pai. Eram dias e noites intermináveis, não aguentava mais ver o pai naquele estado mas cuidar dele era sua responsabilidade e ela fazia com muito amor. Infelizmente ela era filha única e não tinha parentes próximos, então era ela por ela mesma, para cuidar do pai e em breve somente de si mesma.
Algumas pessoas vinham visitar o pai e ajudavam como podiam, se não fosse a caridade dos vizinhos e conhecidos seus dias seriam bem mais difíceis, eram eles que mantinham o lugar funcionando, fizeram vários mutirões. Na época do plantio para plantar, na época da colheita, para colher. E, ainda ajudavam financeiramente, no início, ela tinha muita vergonha, mas as economias que o pai guardava para dar como dote no seu casamento, não conseguiu os manter por muito tempo. Até aquele momento não havia se dado conta do quanto se gasta para manter uma propriedade como aquela funcionando, não era tão grande, mas era trabalhoso além de suas forças, sua estrutura física não ajudava, era baixa e magra, ninguém considerava- a mais que uma adolescente, porém ela já contava com seus vinte e um anos. Suas amigas já estavam todas casadas a essa altura, ela teve que abrir mão disso para cuidar do pai, no entanto ela não se arrependia disso um só segundo.
Se dependesse do dono da propriedade o Sr. Brice, com certeza já estaria na rua, mesmo depois de tantos anos em que o pai de Stella não deixou atrasar nenhum só mês, a primeira coisa que fez foi perguntar como seriam honrados os pagamentos. Insinuando que havia outros modos para Stella pagar o aluguel. O que fez Stella perceber que quando o pai sucumbisse, ela não estaria segura nem por um minuto naquele lugar.
Era fim de tarde, o Sol estava se pondo, as cores tão vivas, nem parece que se apagariam em alguns instantes e dariam lugar às estrelas e a lua.
Ela segue para o quarto do pai, ele ainda não acordou, mas já era possível ouvir seus gemidos de dor. Isso é torturante, ela não suporta mais ouvir, ela se sente muito culpada, não quer deixá-lo sozinho. Ele acorda:
- Stella...
- Sim, papai, estou aqui.
- Tenho... sede...
A voz dele é tão baixa que Stella mal consegue distinguir as palavras do pai. Ela pega a jarra e coloca a água no copo, apoia a cabeça do pai e vai dando a água em pequenas porções. O pai está com olhos tão distantes, é possível notar que ele já desistiu da vida. É inútil chamar o médico, ele já veio dois dias atrás e o desenganou totalmente, disse que não há nada a fazer, apenas esperar pelo fim.
- Filha... chegou o fim... eu te amo... minha pequena estrela. - Diz isso com muita dificuldade.
- Não fala isso papai, não me deixa, fica comigo.
Stella diz isso debruçada sobre o pai, chora convulsivamente, o homem ainda respira, mas não emite mais nenhum som, é inevitável, chegou ao fim a vida de seu pai. Ela não é forte o suficiente para permanecer ali, enquanto ele expira, não consegue ficar ali. Sai do quarto um pouco desnorteada, não sabe para onde ir, talvez seja o fim para ela também, afinal, o que esperar do futuro, quando ela nada tinha.
Ela vai em direção ao campo, sabe que bem no final há um penhasco, mas ela acelera cada vez mais o passo até chegar a uma corrida frenética, o ar luta para entrar em seus pulmões, mas ela não se importa com isso, nem com seus músculos queimando em reclamação ao esforço repentino. Ela já pode ver o horizonte além do abismo, sabe que está perto o fim e se sente confortada, em breve estará junto dos pais.
A pressa pelo fim a distrai e Stella tropeça, não viu uma pedra que estava ali, o abismo está tão perto, ela cai e b**e a cabeça, não sabe se conseguiu seu objetivo, apenas tudo se apaga.
Depois de algum tempo ela desperta, está deitada no chão, bem próxima ao penhasco, é ridícula a proximidade, mas se quiser pode levantar dali e ir para casa, ou se jogar no penhasco, no entanto, ela não tem coragem para fazer nenhuma das duas coisas, só fica ali olhando para o céu e as estrelas. Esse era o apelido pelo qual o pai a chamava e foi assim que ele a chamou pela última vez. Estrela, no entanto, perdera o seu brilho.
Ela um dia pensou que teria uma vida, que iria se apaixonar, casar ter filhos e quem sabe um dia ter a sorte de ver netos. Mas isso nunca esteve tão distante de acontecer, perdeu toda a sua perspectiva de futuro e agora, até o pouco que ela tinha se esvaiu de suas mãos, como água.
Olhando para o céu encontrou um pouco de paz, lembrou das vezes em que acampou com os pais e depois da morte da mãe, era somente ela e o pai, em tudo, o acampamento foi só uma dessas coisas. Stella sempre dava trabalho para o pai na hora de dormir, queria todas as vezes ver uma estrela cadente, se recusava a dormir antes disso, raramente via uma. Mas hoje, quando ela mais precisa, uma estrela cadente cruza o céu. Ela sabe que se pedir o pai de volta não terá sucesso, então pediu algo mais realizável, pediu para encontrar o amor da sua vida.
Parece obviamente um pedido bobo diante situação em que se encontra, mas se era para ter uma vida miserável de qualquer maneira ela teria o consolo de um dia ter amado e ser amada. Poderia ter pedido pela vida do pai, porém ela sabia que ele havia desistido da vida antes da doença, quando a sua mãe morreu. Uma vez o pai lhe disse que o amor é que fazia a vida valer à pena, ela neste momento achava que a sua não valia de nada pois todos que amava já estavam mortos.
Depois que a estrela desapareceu ela adormeceu ali mesmo, não importava muito onde estava, a verdade é que estava cansada, os olhos foram cedendo ao peso do sono e ela então dormiu, tranquila e profundamente, não havia nenhum risco ali, só queria descansar um pouco de sua vida, até que tivesse que encarar a realidade de frente. Porém isso podia esperar, agora queria apenas dormir e foi o que fez.
Quando o céu começou a mostrar seus tons de azul celeste e estava amanhecendo, Stella despertou, o mundo parecia tão tranquilo, tão seu, mas a verdade é que ela não tinha nada e a partir de hoje teria que enfrentar o mundo por si mesma. Ainda bem que já tinha idade o suficiente para decidir sua própria vida. Decidiu retornar para a casa, que não seria mais seu lar, mas que era onde teria que encarar seu dia de hoje.
Quando voltou tudo estava silêncio, da mesma forma como havia deixado, ainda bem que não haviam mais bichos na propriedade, com as dificuldades, tiveram que se desfazer de todos, porque ela deixara a porta aberta, algum poderia ter entrado e quebrado algo pelo qual ela não poderia pagar.
Subiu até o quarto onde jazia o corpo de seu pai, constatou que ele estava mesmo morto, algo que ela já sabia, mas mesmo assim confirmou. Sua expressão parecia em paz, quem olhasse, não imaginaria o quanto sofreu. Voltou ao seu quarto e preparou um banho, enfrentaria seu dia com dignidade, depois de limpa, desceu e preparou o café da manhã, embora não tenha tocado em nada do que preparou. Se perdeu em seus pensamentos, lembrou de quantas vezes levantou cedo para preparar o café para o pai, agora, tudo parecia tão distante e até mesmo inútil, se soubesse que o pai tinha tão pouco tempo, passaria mais tempo com ele, não desgrudaria um só segundo dele.
Estava tão perdida em seus pensamentos que somente depertou com alguém batendo à porta, nem havia escutado o som da carruagem se aproximando da casa. Ela torce para que não seja o propietário, ele não é nada confiável e Stella não se sente segura perto dele, preferia morar nas ruas da cidade mais próxima a ceder aos caprichos daquele homem.
Sentiu um imenso alívio quando viu o reverendo Raul em sua frente, se jogou nos braços dele e desandou a chorar, não foi preciso que ela dissesse uma palavra para que ele entendesse o que havia se passado. Stella confiava muito nele, o tinha como um irmão mais velho e ele lhe havia dito que ela se parecia muito com sua irmã mais nova. Desenvolveram uma amizade muito sólida, ele lhe havia dito que não se preocupasse com seu futuro, pois ele já tinha lhe encontrado um emprego, em uma propriedade distante de um primo dele.
- Ele não resistiu Reverendo, ele desistiu essa noite, eu me sinto muito culpada, pois não consegui ficar com ele, eu o deixei sozinho.
- Não se culpe, pequena, você fez tudo o que pôde, nosso Senhor sabe disso.
O que ele disse não foi grande coisa, mas acalmou o coração de Stella, ele tratou de todo o resto, o funeral do pai, os acertos com o proprietário, tudo. Todos diziam que o reverendo era de uma família muito abastada, ninguém entendia porque ele havia decidido seguir esse caminho, onde gastava tudo o que possuía com os pobres, ela considerava isso muito nobre, ainda mais agora, em que ela havia precisado muito da generosidade dele.
Quando Evan avistou o caminho conhecido de sua propriedade, ele ficou ansioso, queria ver o sorriso bonito de Stella. Ao notar a ansiedade do primo, Raul deu um pequeno sorriso, parecia que ele estava ansioso para encontrar alguém e ele sabe exatamente quem é. Ele se sentiu feliz, pois foi realmente isso que ele supôs que aconteceria, seu primo se apaixonaria por Stella. — Te vejo ansioso primo? — Eu? Por que eu estaria ansioso? — Talvez para ver o pequeno furacão, que todos nós chamamos de Stella? — Isso não é nada demais. — Imagina se fosse. — Está bem, eu estou com saudades mas, não diz isso para ela. — Pode deixar, eu não direi nada. Raul era agora testemunha das mudanças que o amor pode fazer em um homem e se sente feliz de ter unido esse casal. Quando eles chegaram à porta da frente Evan percebeu que havia algo de errado, a casa estava silenciosa, bem diferente de quando ele a deixou. Pegou as chaves em seu bolso e abriu a porta, haviam coisas mudadas em sua casa, ela
Romina procurou Stella pela casa, mas não viu-a em nenhum lugar, por mais que ela tenha passado cerca de uma hora procurando incisivamente. A sua certeza é de que há uma tempestade à vista, assim que Evan chegar, tudo o que Stella está passando cairá sobre elas como uma mão 0esada, sugando suas vidas.Ele nunca teve uma relação muito boa com Cassandra e diferente do que a madrasta de Evan a fez pensar quando não estava aqui a mesma veio para a guerra, não para pacificar qualquer situação.Romina está muito arrependida por ter caído nas conversas da madrasta preocupada de Cassandra, agora ela sabe o quão tola ela foi. Só agora ela tomou consciência de que deve tomar alguma atitude antes que as coisas fiquem impossíveis com Evan quando ele retornar. Ela tinha agora uma suspeita e foi até Cassandra. — Sra. Larson, me desculpe, mas eu estive procurando por Stella, a senhora deu alguma tarefa para ela?Cassandra e Margarida estavam em uma seção de beleza, estavam ambas tomando o chá e
Quando Stella pensou que seu pesadelo havia acabado, descobriu que desafortunadamente ele poderia estar apenas começando. Ela estava limpando a sala, vestida em suas novas roupas, ou por melhor dizer, velhas, pois Cassandra tirou dela todos os vestidos que Evan havia lhe presenteado antes de partir e ordenou às outras servas que lhe dessem seus vestidos mais surrados. Cassandra não estava fazendo o mínimo esforço para esconder sua perseguição à Stella. O vestido que estava em seu corpo neste momento, até mesmo tem alguns buracos na barra da saia, a cor original não se podia dizer qual era e os remendos nem se podiam contar. Estaria bom se não se considerasse que tinha pelo menos dois números à mais do que Stella veste. Stella estava muito distraída, mais uma vez e em como em todas as horas desde que Evan partiu, ela só pensa nele, o tempo todo. E, claro, no reverendo, ela nem ouviu uma carruagem se aproximando, ela foi despertada pelas batidas que se seguiram na porta, tinham um q
Romina disse a Stella: — A Sra. Larson quer que você a sirva. Stella sempre parece imprevisível para Romina, então ela estava cautelosa quando disse isso. Mas, Stella não estava preocupada com essa mulher, sua única preocupação é com o reverendo, ela quer saber se ele está bem. Stella foi até a sala de jantar e Cassandra estava ali, imponente e altiva, como se fosse uma rainha. — Em que posso ajudá-la senhora? — Me sirva. Stella passou a fazer o prato de Cassandra, que observou tudo para poder dizer. — Está tentando me engordar mocinha. — Me desculpe senhora, eu não sei o quanto a senhora come. Esse foi o início do inferno para Stella, Cassandra estava disposta a lhe atormentar dia e noite. Ela só teria que aguentar tudo, até que Evan voltasse. Cassandra a chamava a todo instante e ela estava fazendo tudo por medo, aquela mulher podia a expulsar dali a qualquer momento e ela não fazia ideia do que faria se isso acontecesse. Se passaram dois dias e não houve nenhuma notícia
Quando Evan chegou na casa de seu primo Raul, ele viu o homem deitado em uma cama. Seu primo, que é como um irmão para ele. Ele estava deitado de olhos fechados, Evan se abaixou e pegou-lhe a mão e disse: — Irmão.Ele abriu os olhos, estava muito machucado, mas ele fez um esforço e conseguiu. — Evan, o que está fazendo aqui? — Eu vim ver o que aconteceu a você. — Você... você não devia ter vindo. Onde está a Stella?Mesmo sabendo que é uma bobagem, Evan ainda se sentiu um pouco incomodado que a primeira pessoa com que Raul está preocupado seja Stella, mesmo assim ele repondeu:— A Stella está em segurança, eu a deixei em casa. Mas, o que aconteceu? — Eu fiquei muito feliz, eu estava indo celebrar seu casamento assim que recebi a notícia. Mas, eu cometi um erro, eu comentei com algumas pessoas que Stella ia se casar, são pessoas que gostam dela, mas...Ele deu uma pausa, parece estar bem cansado. — Alguém disse ao Brice e ele, armou esse acidente, temos que ir para a sua casa ne
Quando Evan e Stella cruzaram a propriedade dos Campbel, Stella estava vestida elegantemente e Evan tinha uma postura muit9 nobre. Ele bateu na porta e logo um mordomo com ares de superioridade abriu a porta. — Boa tarde, com quem deseja falar? — Com o Sr. e Sra. Campbel. — Quem deseja? — Evan Larson. Quando ouviu o nome, o homem arregalou os olhos, como para se certificar que realmente se trata desta pessoa em sua frente. Em todos os anos em que trabalha para os Campbel, o Sr. Larson nunca os visitou. Ele estava tão espantado, que nem reparou na mulher que estava ao lado dele. Ele saiu da frente da porta e deu espaço para que o casal entrasse. Assim que eles estavam acomodados na sala, ele foi chamar os patrões. Não demorou muito para que o casal aparecesse na sala. Junto a eles estava também outro casal, Stella endureceu o corpo e Evan leu essa informação, como medo, pela presença do homem que tentou abusar dela. Evan endureceu a mandíbula e apertou a mão de Stella, que est
Último capítulo