04 – HOMEM MISTERIOSO

POV: HAPHEL

— O que faz na minha casa? — Dei um passo para trás, em alerta, mantendo o olhar firme nele.

Ele não respondeu. Apenas inclinou levemente a cabeça, me observando com atenção exagerada. As narinas dilataram como se estivesse sentindo meu cheiro.

Que porra era aquilo?

— Você está com medo de mim. — A voz dele veio baixa, controlada. Fria. — Por quê?

— Por que você mentiu? — Apontei o dedo, sem desviar os olhos. — Você não é nenhum investigador. E, sinceramente, não faço ideia de quem você seja.

Peguei o celular, com as mãos trêmulas.

— Tem um minuto para me dizer o que realmente quer, ou chamo a polícia agora.

Um sorriso lento se formou no canto de seus lábios. Notei o brilho sutil de presas afiadas. A língua passou devagar, como se estivesse se divertindo com a minha reação.

— Eu vim por você, Haphel. — Ele arqueou a sobrancelha, o tom dourado dos olhos escureceu com um reflexo acobreado. — É assim que me recebe?

Engoli em seco, sentindo a respiração pesar. As palavras demoraram a sair.

— Fo... foi você? — Gaguejei a pergunta, os olhos marejados. — Você matou minha mãe?

Sua postura ficou mais rígida. As veias saltaram no braço forte, os ombros se ajeitaram com precisão, as mãos foram para o bolso como se ele tivesse todo o tempo do mundo. O olhar dourado me atravessou. Arrogante. Intenso. Perigoso.

— Veio para me matar também? — cerrei os dentes, dando um passo à frente. — Responde, seu desgraçado!

Ele sorriu de lado. Calmo demais.

— E se for, Haphel... o que vai fazer?

A voz dele continha um tom grave, rouco, com um rosnado baixo no final. Ele avançou um passo. Dei dois para trás, sentindo meu corpo ficar em alerta. Olhei ao redor, esperando qualquer movimento.

— Vai correr como uma covarde... ou vai me enfrentar? Vingaria sua mãe?

— Por quê...? — murmurei, com a voz falhando. Mordi o canto da boca, tentando segurar a raiva e a decepção. — Por que me ajudou naquele dia... se a intenção era me matar também? Eu... confiei em você!

— Haphel... — Meu nome saiu lento de sua boca, a voz desceu uma nota, grave, carregada de perigo.

Antes que eu pudesse reagir, ele rompeu a distância entre nós com um movimento rápido demais, impossível para um humano comum. Agarrou meu pulso com firmeza, puxando meu corpo para mais perto. O toque dele era quente, dominador, controlado até demais.

— Solta... — tentei recuar, mas ele nem se mexeu.

Seus dedos subiram devagar pelo meu braço, pressionando sutilmente, arrepiando, até alcançar o celular que eu ainda segurava. Com calma irritante, ele o tirou da minha mão e desligou a chamada com um simples toque.

— Não deveria confiar em estranhos. — Ele se inclinou um pouco, o rosto perto demais, o hálito quente roçava em meu rosto. — Seus pais nunca te ensinaram isso?

— Fica longe de mim! — gritei, erguendo a mão com raiva e acertando um tapa direto em seu rosto.

Ele fechou os olhos no impacto, mas a cabeça nem se mexeu. Nem um centímetro.

Quando abriu os olhos de novo, o ar ao redor pareceu mudar. As pupilas estavam dilatadas, com um contorno selvagem em dourado intenso e traços amarelados. Uma linha vertical cortava o centro da íris, como se algo dentro dele estivesse prestes a explodir.

Ele soltou meu pulso devagar. Eu deveria ter recuado. Deveria ter corrido. Mas meu corpo travou por um segundo.

— Você não é humano... — Constatei em completo choque.

Segurei a respiração, meu corpo se arrepiava e tremia da cabeça aos pés. Algo naquele desconhecido me dizia que ele era um home perigoso, sentir sua presença se expandir de uma forma impossível de ignorar. Uma sensação de estar diante de um predador, prestes a ser atacada.

— Não devia ter feito isso, raposinha — rosnou, baixo e sombrio.

Virei e corri. Atravessei a sala, puxei a porta com força, entrei na casa como se o inferno estivesse atrás de mim.

Meu olhar vasculhou o ambiente em segundos. Cadê o maldito colar? Cadê o telefone?

Entrei na cozinha com pressa, e então... parei.

Ele já estava ali.

— Como...? — Me engasguei, sem conseguir terminar a frase. — Como está aqui?

Ele deu um passo em minha direção. Sem pressa. Sem esforço.

— Você vem comigo. — disse ele calmo e relaxado.

— Eu não vou a lugar nenhum com você, seu maluco! — gritei, recuando alguns passos até alcançar a mesa. Peguei a faca sem pensar duas vezes e a apontei para ele. — Não se aproxima ou eu juro que te mato!

Ele arqueou uma sobrancelha, como se estivesse avaliando meu nível de ameaça. E depois... sorriu. Presunçoso. Seguro. Arrogante, divertido.

— Ótimo... você tem garras para uma humana. — deu um passo lento à frente. — Talvez não seja uma causa tão perdida, quanto pensei.

— Do que diabos você está falando?! — minha mão vacilou por um segundo com a faca, mas me mantive firme. — O que você quer de mim?

— A pergunta certa seria: o que você é. — Ele inclinou levemente a cabeça, os olhos dourados cravados em mim como se pudesse enxergar por dentro. — Mas ainda não está pronta para essa resposta, está?

Ele apoiou as mãos no balcão e se inclinou em minha direção. Os olhos dourados desceram pelo meu corpo com uma calma irritante, analisando cada centímetro, me fazendo arrepiar mesmo contra a minha vontade. Quando o seu olhar parou nos meus lábios, demoraram ali por mais tempo do que deveria, meu coração disparou.

— Isto não importa agora. Precisamos ir. — disse firme, sustentando o olhar.

Antes que pudesse retrucar, um som estranho ressoou ao redor da casa, rosnados baixos começaram a ecoar. Longe..., mas se aproximando.

— O que é isso...? — gaguejei, sentindo um frio na barriga. Me virei na direção da porta, tensa.

Ele se moveu tão rápido que nem tive tempo de reagir. Em um piscar de olhos, a faca foi arrancada da minha mão, e meus braços presos atrás das costas. Um clique metálico me fez congelar.

— Você me algemou?! — gritei, puxando os ombros para frente, me debatendo. — Qual o seu problema? Me solta, seu desgraçado!

— Você grita demais. — respondeu bufando impaciente, me puxando com firmeza contra o peito dele. — Está perdendo tempo e energia com toda essa rebeldia.

— Rebeldia? — Soltei indignada. — Me desculpe não querer ser sequestrada por um estranho duvido.

— Quer ficar intima antes? — Havia sarcasmo em suas palavras, seguido por um rosnado. — Haphel... Você virá comigo.

— Eu... Não... Eu não vou a lugar nenhum com você! — esperneei, tentando chutar, me soltar, morder se fosse preciso. — Me larga! SOCORRO! Estou sendo sequestrada!

Ele se aproximou ainda mais devagar, senti sua respiração quente contra meu pescoço. Seu nariz deslizou lentamente pela minha pele, provocando um arrepio involuntário que me deixou furiosa comigo mesma. Ele subiu até meu ouvido e sussurrou com a voz grave, carregada de provocação:

— Não vai querer ficar para descobrir o que tem lá fora, raposinha!

Antes que eu pudesse reagir, ele me ergueu nos braços com facilidade, como se eu não pesasse nada. Comecei a me debater imediatamente, chutando o ar, tentando acertá-lo, gritando.

— ME SOLTA! — berrei, tentando forçar os braços presos pelas malditas algemas.

Seus braços apertaram meu quadril com mais força, me mantendo firme contra o corpo dele. Senti o rosnado sair de dentro de seu peito, como um animal feroz, mais instintivo.

— Pode gritar o quanto quiser. — Ele disse por entre os dentes. — Você vem comigo, Haphel Keen!

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