Desvio o olhar do papel, encarando o vazio em minha frente, duvidando do que havia lido. Não tinha como estar grávida. Ou tinha... Antes mesmo de chegar em Juneau não estava mais tomando a pílula, planejava depois da noite com Sebastian de tomar a pílula do dia seguinte, mas havia esquecido. Havia esquecido de tomar a maldita pílula do dia seguinte, mas não havia esquecido de não ceder ao pau de Sebastian. Giro meu corpo, precisando tirar aquela dúvida da minha cabeça. Entro em uma sala, onde ficava a maioria dos medicamentos, pegando seis testes de gravidez e um recipiente médio de plástico para urina. Tomo o máximo de água que posso, me escondendo em seguida em um dos banheiros, até sentir vontade de fazer xixi. A vontade finalmente chega, me fazendo encher pela metade o recipiente e colocar os seis testes de uma vez que, aos poucos diante dos meus olhos, ficam positivo ao mesmo tempo. Respiro pela boca ainda incrédula, apesar de
Saio do táxi tonta, encarando a fachada azul– claro da clínica. A cor por alguma razão, me lembrava um dia ensolarado, sem nuvens e um céu azul. Também me lembrava da sensação de grama nos pés e o calor do sol em minhas bochechas. Não devia estar sentindo paz, prestes a abortar um bebê. Entro na clínica atraindo diversos olhares femininos ao me aproximar do balcão. Uma mulher de aparência ranzinza estava sentada em uma cadeira giratória.– Posso ajudar? – pergunta ríspida. Ando e fecho a boca, tentando colocar as palavras presas em minha garganta para fora. Precisando me apoiar no balcão.– Marquei horário ontem.– É a mulher que queria outra data – Afirma, digitando algo no computador – Olívia Taylor.– É.– Tem algum número para ligar quando sair?– Precisa de um? Ela me olha com deboche.– Para podermos garantir que ficará bem. Sim, preciso de um. Me mexo desconfortável, sentindo meu estômago embrulhar.– Não tenho um.
Meu celular toca insistentemente em algum lugar, causando uma leve dor de cabeça por acordar de repente. Franzindo o cenho, abro as pálpebras pesadas, encarando o teto do quarto, antes de virar a cabeça na direção de Sebastian ao meu lado. As informações do dia anterior chegam surgem rapidamente em minha mente, como pontos importantes que não deveria esquecer. Um deles era que continuava grávida e que Sebastian era casado. Levanto tentando não fazer barulho, procurando pelas minhas roupas dobradas na cadeira. As visto o mais rápido que posso, dando uma rápida olhada no espelho do banheiro, antes de sair do quarto. Apesar de ter certeza de que não havia mais álcool no meu organismo, continuava me sentindo mal. Saio do hotel em passos largos, ignorando qualquer olhar em minha direção, procurando por um táxi do lado de fora. Quando finalmente o encontro, me sinto aliviada em poder colocar uma distância entre mim e Sebastian, mais ainda, poder p
Faltando uma hora para às 7 da noite, bato meu ponto, saindo do hospital, indo de encontro ao Uber que me esperava. Sra. Bailey descia a escada com sacos contendo roupa suja, quando entro na casa.- Veio jantar em casa, Grace? – pergunta num tom cordial.- Na verdade, vou jantar fora.- Ah, que maravilha – diz virando a direita. Entro em meu quarto, o notando limpo e organizado, uma cena completamente diferente da que deixei de manhã. Inclusive, noto apenas depois, que prato vazio do bolo havia sumido e que possivelmente agora Sra. Bailey sabia que havia devorado mais do que a metade de um bolo. No closet, observo as minhas opções. Imaginando que iríamos para o bar de sempre. Aproveito o banho para lavar meu cabelo, que estava completamente emaranhado por causa do banho anterior de banheira e pela minha falta de cuidado dos outros dias. A tesoura nunca me pareceu tão atraente, enquanto tentava desembaraçar os fios na frente do espelho. Por alg
Horas mais tarde, em meu quarto, ponho em uma bolsa de mão, apenas duas trocas de roupa. Não pretendia demorar e não iríamos. Iria apenas comparecer ao jantar de noivado e no outro dia pela manhã, já estaria em um voo de volta para o Alasca. Batidas na porta, me faz parar de dobrar a camiseta que pretendia por na mala, para abrir a porta. - Oi, Sra. Bailey. Os olhos da senhora vai direto para a mala sobre minha cama.- Vai viajar?- Estarei aqui amanhã. Só irei... – Solto o ar dos pulmões – A um jantar de noivado.- Ah. Então é melhor deixar para conversarmos na Vila.- Está bem – Coloco a camiseta dentro da mala, juntamente com minha necessaire, ouvindo buzinas em seguida – Deve ser o Sebastian. Tenho que ir. Fecho a mala, passando pela senhora com passos rápidos. O perfume de Sebastian me recepciona assim que abro a porta do quarto, sentando no banco do carona. Me esboçando um rápido sorriso, ele dá partida rumo ao aeroport
Do lado de fora da casa dos Davis, vasculho minha bolsa atrás do frasco laranja.- Do que sua mãe estava falando lá dentro, Grace? – Sebastian pergunta sério, atraindo meu olhar – Ou melhor, Olívia. Não tinha mais por quê guardar aquilo mais de mim. Estava fugindo há um mês de ouvir a verdade de mim mesma.– Matei meu irmão e minha sobrinha em um acidente de trânsito. O maxilar de Sebastian se tenciona e sua expressão se torna séria.– Tinha acabando ser entrar no programa, apesar de não querer me formar em Medicina – Forço um sorriso – Só queria um dia de folga. Um dia para ser eu – murmuro baixo com os olhos fixos no vazio – Minha sobrinha estava com febre e meu irmão não queria fazer a esposa grávida ir até o hospital. Ele a levou de táxi. Ela foi examinada e liberada horas mais tarde com diagnóstico de garganta inflamada – Mexo as mãos sobre o colo nervosa – Minha mãe me ligou, disse que era para ir buscar eles. Ela não sabia que estava bebendo desde cedo e preferi não
O apartamento onde Jacob morava, ficava situado a quarenta minutos do hospital. Era pequeno, consistindo em dois quartos, cozinha americana e uma sala com vista para a rua movimentada. Observo com atenção os objetos estrategicamente espalhados pela sala. Os livros em ordem alfabética na estante vernizada de seis prateleiras, lápis e canetas separados por cor.- Tenta não tirar nada do lugar – diz Jacob, tirando os sapatos antes de entrar. Faço o mesmo, notando a cozinha excessivamente limpa.- Seu quarto vai ser este – diz andando até uma porta entre a sala e cozinha. O quarto cheirava a um cheiro cítrico, era composto por uma cama de casal em frente a porta, muito bem organizada, um closet do tamanho do quarto anterior e uma escrivaninha em frente a janela. O chão de madeira estava bem listrado, permitindo até que visse meu reflexo.- Aqui dentro pode mexer – Avisa.- Entendi.- Vou estudar – diz dando meia volta. Entro no quarto, deixando m
- Dr. Reed, comparecer na emergência. Dr. Reed, comparecer na imediatamente – A voz feminina nos alto falantes distribuídos pelo corredor, faz com que Sebastian me deixe na cama e saia apressado do quarto. Minutos mais tarde, após sua saída, ainda me sentia em choque enquanto suas palavras ecoavam em minha cabeça. Sebastian queria ser casar comigo. Se e não estivesse num quarto de hospital, daria um gritinho de felicidade, porém, tinha que me conter. A medida que pensava mais a respeito, fui notando que não me sentia pronta. Mesmo tendo certeza de que o amava e que Josh havia se tornado passado, quando coloquei meus pés naquela cidade. Sebastian estava me dando uma segunda chance. A vida estava me dando uma nova oportunidade e não podia mais hesitar. Uma enfermeira entra no quarto, algum tempo depois com meu almoço, uma refeição completamente leve e saudável, aplicando a medicação no soro depois. Pelo menos naquele momento os enjoos não imp