Sandro ficou furioso! Bateu a mão no volante com força.Ele tinha sido enganado!Leonardo dirigia o carro com velocidade, cortando as ruas como um foguete.Isabela sabia que ele era profissional, mas aquela velocidade na área urbana era assustadora. Ela se agarrou no apoio de cima enquanto o carro passava entre dois veículos, com uma distância de apenas alguns centímetros, quase encostando no carro ao lado. Isabela soltou um grito de susto!Leonardo deu risada.— Mais devagar! — Ela disse, com a voz abafada.Leonardo, então, apertou ainda mais o acelerador, só parando quando alcançou a ponte elevada fora do terceiro anel viário.Isabela empurrou a porta e quase caiu para fora do carro, sentindo que ia vomitar.O jeito que ele dirigiu foi mais assustador do que a última vez na corrida.Leonardo ficou incrédulo:— Sério, mana? Foi tão rápido assim?Isabela mal conseguia falar.— Da próxima vez, eu não vou mais andar no seu carro...Ela bateu no peito, ainda recuperando o fôlego.Leonardo
Isabela percebeu a indireta.— O quê? Você me assustou de propósito agora há pouco?— Não, não! Você entendeu errado. Vamos, entre logo no carro. — Respondeu Leonardo, apressado, entrando no veículo.Isabela ficou parada na calçada, olhando para ele.Leonardo abaixou o vidro e levantou a mão, jurando:— Eu juro que não vou correr. Se eu acelerar, que eu nunca arrume uma namorada!— Que tipo de juramento é esse? — Isabela riu.Sem alternativa, ela acabou entrando no carro.— Um homem que não consegue arrumar namorada também sofre, sabia? — Disse Leonardo, dando partida.— Fica tranquilo, sua praga não vai pegar. — Respondeu Isabela, enquanto colocava o cinto.Daquela vez, Leonardo realmente dirigiu mais devagar.A viagem foi tranquila, o carro seguiu estável pela rua.Quando chegaram ao condomínio, a empresa de mudanças já estava lá.Isabela desceu do carro.— Vocês são da empresa de mudanças? — Perguntou ela, se aproximando.— Sim, a senhora é a Srta. Isabela, né? Estava prestes a te l
Isabela ainda nem tinha respondido quando Leonardo se adiantou com a apresentação:— Sou assistente da Dra. Isabela.Viviane olhou Leonardo de cima a baixo.— Assistente da Isa? Como assim? Nunca ouvi falar de você.Ela lançou um olhar cheio de segundas intenções para Isabela.Isabela suspirou. Conhecia bem Viviane e sabia que ela já devia estar fantasiando mil coisas na cabeça. Esse era o jeitinho dela.Leonardo deu um leve sorriso e explicou:— Comecei há pouco como assistente da Dra. Isabela.— Ah, entendi... — Viviane passou a mão no cabelo e estendeu a mão para ele, sorrindo. — Sou a melhor amiga da sua Dra. Isabela, Viviane.Leonardo ia apertar a mão dela, mas Fabiano apareceu do nada, esticando o braço antes e apertando a mão de Leonardo com firmeza:— Fabiano. Também sou amigo da Dra. Isabela. E namorado da Viviane.Leonardo ficou um pouco sem reação com a situação.Isabela entregou uma caixa de papelão para ele e disse:— Me ajude a levar isso lá para baixo.— Certo. — Leonard
Naquele dia, quando Isabela Lopes foi levada ao tribunal pelo próprio marido, Sandro Marques, uma nevasca intensa tomava conta da cidade.Ela ainda se lembrava de como acreditava em seu amor. Durante sete anos, desde que se apaixonaram até o casamento, sempre teve certeza de que ele amava ela e que viviam um casamento feliz.Tudo mudou, porém, quando ele entregou ela às autoridades, sem hesitar, por causa de uma palavra dita por Milena.O juiz começou a leitura do caso de Isabela, acusada de porte de substâncias proibidas.— No dia 23 deste mês, durante uma blitz na Rua Oeste, agentes encontraram substâncias ilícitas no veículo conduzido pela Sra. Isabela. — Declarou o juiz. — Esta audiência é para examinar os detalhes da acusação. Solicito que o autor leia suas alegações.Sandro se levantou, o corpo alto e imponente vestido com um terno preto impecável, que só aumentava seu ar sério e afiado. Seus olhos, que um dia transbordavam de amor por sua esposa, agora mostravam apenas desaponta
Isabela se virou para olhar Sandro. Era curioso como palavras tão decisivas agora pareciam deslizar com facilidade.Sandro, com uma expressão gélida, retrucou sem titubear:— Não vou me divorciar de você. Você sabe disso muito bem.— Você é advogado, deveria entender o que está em jogo. Se eu for condenada, vou parar na cadeia...— Com as provas contra você, Isabela, não posso fazer nada além de seguir o que a lei manda...— Não, Sandro. Não é sobre provas. É sobre você acreditar na Milena e não em mim.Isabela sentia cada palavra pesando no ar. Era mais do que simplesmente uma questão de confiança: ele estava disposto a vê-la presa para defender Milena.Ele baixou os olhos e, evitando a intensidade do olhar dela, depois caminhou para as escadas, sem oferecer qualquer explicação:— Vamos para casa.Isabela ajustou o casaco grosso ao corpo e seguiu até o carro. Aquele dia estava frio e o vento cortava o rosto dela como pequenas lâminas geladas. Ela entrou no carro e o silêncio entre ele
Na cozinha, não havia sinal dela, nada do costumeiro movimento enquanto ela preparava o jantar. No quarto, o vazio reinava. A casa parecia outra sem a presença dela. Ele pegou o celular, já impaciente para ligar e perguntar onde ela estava, mas foi surpreendido ao ver a tela cheia de notificações de gastos no cartão. Como estava incomodado com as ligações constantes, havia deixado o celular no silencioso, sem imaginar que as notificações de consumo o tomariam de surpresa.A tela do celular estava cheia de registros de gastos, e ele não pôde deixar de franzir a testa.Ele tentou ligar para Isabela, mas ninguém atendeu. Sentiu um vazio incômodo crescendo dentro dele e puxou a gola da camisa para aliviar o desconforto, como se o ar tivesse ficado mais pesado. Em vez de se perder na angústia, foi ao escritório, buscando se distrair com trabalho, uma tentativa de colocar a cabeça no lugar. No entanto, o que ele encontrou sobre a mesa paralisou ele: o acordo de divórcio. Ao lado, a aliança q
— Sou eu, sim. — Disse Isabela, com um leve aceno de cabeça.— Este é um envio urgente para a senhora. — Respondeu o entregador, estendendo-lhe uma prancheta. — Pode assinar aqui, por favor?Isabela pegou a prancheta, assinou rapidamente e a devolveu ao rapaz. Em troca, ele lhe passou um envelope grosso, de papel pardo, que ela recebeu com uma expressão enigmática. Assim que fechou a porta, respirou fundo e rasgou o lacre com um pouco de pressa. Ao abrir, seus olhos pousaram sobre o documento que não imaginava receber tão cedo: o acordo de divórcio assinado por Sandro.Seus olhos brilharam com uma expressão de leve surpresa e satisfação ao ver a assinatura dele ali, estampada de maneira firme. Colocou o envelope ao lado e abriu o notebook na mesa. Ao observar tudo aquilo, ela constatou que o acordo de divisão de bens havia sido aceito. Isso significava que Sandro não tinha objeções em relação aos termos que ela havia estabelecido.Com a decisão dele em mãos, Isabela começou a organizar
André também já tinha chegado na idade de aposentadoria, mas ele andava ganhando bastante visibilidade graças ao destaque que Sandro conquistou na área.— Eu fui injusta com o professor Davi... — Disse Isabela, desviando o olhar para a janela, a voz baixa e cheia de remorso.Ela pensou em como o professor Davi sempre estimou a ela e investiu nela. Ele preparou ela com todo o cuidado, talvez até mais do que a própria neta, Viviane. E, no final das contas, como foi que ela retribuiu? Deixou ele terminar a carreira de forma humilhante e injusta. E tudo por causa do seu "amor cego". Esse erro foi o que acabou manchando a honra do professor Davi.Lágrimas começaram a surgir, silenciosas e inevitáveis, preenchendo seus olhos.— Ah, Isa, não fique assim! — Disse Viviane ao perceber as lágrimas da amiga, claramente preocupada. — Meu avô e o professor André se enfrentaram a vida toda! Os dois nasceram para serem rivais. Já faz tanto tempo, não se cobre assim, tá?Para aliviar a tensão, Viviane