Em agosto de 2019, as florestas brasileiras sofreram com o que ficou conhecido como "O dia D", ou "Dia do fogo" que foi a reunião de terroristas para que incêndios fossem provocados em diversos pontos do território brasileiro. Nesta história uma entidade que faz parte do mito da criação dos indígenas da etnia Dessana, luta junto de suas filhas para impedir que essa tragédia aconteça. Ao mesmo tempo em que os planos dessa Deusa poderosa são levados a cabo, na intenção de salvar as florestas, Manuela, uma de suas guardiãs, investiga ataques a animais e seres humanos, com a ajuda de uma doutoranda, mulher transexual, um médico, seu amor da infância, e a delegada da cidade. Além do trabalho nas buscas de respostas, Manuela precisa decidir se seguirá seu coração ficando com seu amor da infância, ou se manterá a relação com seu atual namorado.
Ler maisA Senhora estava sentada tranquilamente em sua morada de Quartzo, fumando um cigarro e contemplando o horizonte do mundo antigo feito por ela. Sorriu em um cumprimento ao homem bonito de cabelos longos platinados, e olhos vermelhos que se aproximava. Ele vestia uma espécie de saia, sem camisa. Sentou diante dela com um olhar de lado.-Resolvemos?-Você sabe que não completamente, mas por enquanto, é tudo que podemos fazer.-Eu já disse que posso visitar ele, quando olhar em meus olhos tudo se resolverá. - Sorriu, quem olhasse em seus olhos seria tomado pela loucura, e morte.-Não é sua função derrubar este inimigo, existem atores que devem fazer isso, você sabe, é preciso pensar bem em quem
Hellen terminou seu doutorado e marcou a cirurgia, Antony insistiu para que ela reconsiderasse, que não faria diferença, e poderia ser arriscado para sua saúde. Mas ela havia “milagrosamente” se curado de seu problema imunológico, ele compreendeu que era um sonho dela, depois de um tempo. Faria qualquer coisa por ela, sabia que ela era o amor de sua vida, e mesmo com medo, a apoiaria no que fosse importante para ela.Manuela combinou que estaria presente para cuidar de Hellen no pós-operatório, e que estaria no hospital durante a cirurgia, não importava o tamanho que sua barriga estivesse, ela estaria lá.A cirurgia de Hellen demorou mais seis meses para ser marcada, quando Manuela estava entrando no oitavo mês recebeu a ligação, Hellen seria operada no dia seguinte. Manu n&
Maria se desculpou, menos de uma semana após as mortes. Houveram mais casos de violência na cidade naquele dia, aparentemente todos participaram de um churrasco para combinar o tal dia do fogo, beberam bastante, e havia uma substância estranha na casa onde ocorreu o tal churrasco, que causava alucinações em pequenas quantidades, e apagava em grandes. Coincidentemente, a mesma substância que fora encontrada nos corpos das vítimas. O homem - dono da propriedade onde ocorreu o churrasco, e a substância foi encontrada - , estava entre as vítimas em frente a casa de Uyara.Ninguém foi preso, o caso se encerrou com uma explicação plausível, o povo era cheio de crendices, e talvez a culpa os tenha feito enxergar as onças que seriam queimadas, ou perderiam seu lar, no tal dia D. Tiros na cabeça e no peito derrubaram não somente os jagunços que estavam aguardando a incursão na mata, mas também mais da metade dos fazendeiros da cidade, que se juntaram, por alguma razão, aos seus empregados na vigília.Os policiais da cidade foram localizados no meio da confusão, quando viram a delegada correram para ela, ainda com os rostos brancos e as mãos trêmulas.-Doutora! Uma desgraça, obra do diabo ou sei lá o que! – Um dos policiais falava com a voz falhada, gaguejando.-Do que você está falando? – Maria o encarou séria. – Se acalme, se recomponha e me explique o que afinal aconteceu aqui!-Eles estavam todos aqui doutora, em paz ePARTE 8: O DIA D
No dia seguinte ao jantar, Manuela acordou cedo, pouco depois de o sol nascer, e entrou na floresta, uma das meninas da senhora a aguardava logo na entrada.-Diga a mãe que eu vou entrar com a delegada, ao meio dia de hoje. Vocês não fiquem rondando onde estivermos, deixem a pedra de sacrifícios limpa e se escondam. - Uyara a olhou muito séria, não a conhecia, mas já tinha ouvido falar nas meninas morcego, primeiras filhas da Senhora.A menina acenou e sorriu com seus dentes grandes, dois caninos de cada lado. Abraçou Manuela e desapareceu atrás das árvores. Foi ao encontro da Senhora, que descansava sobre um altar em sua morada de quartzo.-Sua guardiã disse que vai entrar com uma delegada.-Eu
O churrasco foi marcado para a noite que antecederia o “dia D.” Cerca de 10 proprietários de terras, somados a alguns comerciantes influentes na pequena cidade, compareceram. Eram os membros mais importantes, aqueles que organizaram os ataques naquela localidade, participando dos grupos que uniam seus iguais, de todo o país.Arlindo sentou com seu copo de uísque e beliscou um pedaço de carne, estava satisfeito com os planos a serem realizados. Finalmente tomariam uma atitude decente para expandir seus negócios, e de quebra acabariam com a empafia daquela “india” que se achava importante.-Tudo pronto? - Otavio parecia nervoso, era o mais jovem deles, havia herdado os negócios do pai, rico criador de gado, há pouco tempo.-Se acalme, menin
Hellen agradeceu Luiz pela carona e entrou em casa rápido, ainda tinha medo das onças, não confiava muito nessa história de “acordo” de Manuela, achava onças lindas, quase mágicas, mas as preferia longe dela.Sentou na bancada da cozinha esperando o café terminar de passar na cafeteira, e ligou para o namorado.-Que bom que você lembrou de mim! - A voz dele era um pouco agressiva, irritada.-Você está bem?-Como se você se importasse Hellen! - Um silêncio irritado.-Qual o problema Edu?-O problema é que você desaparece, não me ouve quando digo que essa história r
Maria estacionou na frente da delegacia da pequena cidade, distante algumas horas de sua própria cidade, e palco de uma das histórias sobre ataques semelhantes aos que investigava. Não tinha muitas esperanças, os casos ocorreram em um período distante e obscuro do país, em que informações eram ocultadas do conhecimento público. Havendo sempre a possibilidade, quando se tentava investigar algum crime da época, de que tudo fosse invenção para encobrir o terrorismo de Estado cometido com liberdade por 21 anos.Registros eram forjados, escondidos e incinerados, assim como os assassinatos e desaparecimentos da época. Mas tinha esperanças de ao menos conversar com algum policial, mesmo que aposentado, que lhe desse alguma informação.Entrou na delegacia e f
Os três homens estavam armados com espingardas e facas, andavam pela mata, o pouco que ainda existia na região, como se estivessem fazendo um grande serviço para a humanidade.Era um pouco de crendice, muito de preconceito, medo do que não conheciam. Lembravam das histórias contadas sobre os monstros indígenas, seus ataques aos "pobres homens brancos”. Então sentiam, realmente, que a importância do que faziam deveria ser reconhecida. Se imaginavam carregando o monstro sanguinário, fosse ele real ou sobrenatural, até a cidade, e mostrando a todos o poder do homem branco sobre as feras da natureza.Viram quando a indígena que cuidava dos animais passou com seu carro. Ela os irritava um pouco, uma indígena dona de terras, herdeira de fazenda e ainda por cima com forma&cce