No escuro, a atmosfera se tornou instantaneamente estagnada.
Ao perceber o aroma frio, ao mesmo tempo, familiar e estranho, mesclado com um suave cheiro de álcool, ela reconheceu que era Rafael.
Contudo, sua presença ali a surpreendeu.
Refletindo melhor, talvez ele tivesse vindo por conta dos eventos do dia?
Ela conteve a amargura em seu coração e, com indiferença, manteve distância.
No instante seguinte, uma luz calorosa preencheu todo o ambiente.
Rafael, imponente, se encontrava à sua frente, seu rosto emanando frieza, com um olhar gélido cravado nela:
- Ainda está fazendo birra?
Assim, na visão dele, a reação dela naquele dia era apenas uma birra sem sentido?
Sarah baixou os olhos, ocultando a dor, e com um leve sorriso, revelou uma expressão pálida e fraca:
- Divórcio, estou falando sério.
O olhar de Rafael permaneceu frio e sombrio, fixo nela com uma intensidade quase como se contivesse sua ira:
- Creio que você perdeu o juízo. Tem receio de que essa criança afete sua posição, então agiu assim de propósito para chamar minha atenção, correto? - Ele olhou para o rosto pálido de Sarah por um momento e o olhar chocado dela, pensou ter desvendado seu plano, com um sorriso frio e compreensivo. - Me deixe dizer a você...
Antes que ele terminasse, Sarah já havia saído da cama, apressadamente foi até o armário para vestir um casaco e empurrou a mala arrumada para fora.
Rafael congelou, estreitou os olhos, seu olhar aguçado e frio fixo nela, que parecia pronta para partir a qualquer instante.
Sarah vestiu um sobretudo, parada lá, seus olhos escuros como a noite, fixados nele, sem demonstrar nenhuma emoção além de distância e indiferença.
Ele sempre presumia o pior dela.
- Rafael, se você não for ao cartório amanhã para os procedimentos de divórcio, farei com que a mídia descubra todas as manchas da sua família.
Ela conhecia o que ele mais detestava, então usou isso para pressioná-lo.
Com efeito.
Ela observou os olhos de Rafael se tornarem instantaneamente severos, afiados e perigosos como sempre.
Mas agora, ela não estava mais preocupada.
Pois não temia mais perdê-lo.
Ela aceitou tranquilamente o fracasso de seu casamento e desejava se afastar dele igualmente.
Embora seu coração ainda estivesse envolto em tristeza, acreditava que tudo passaria.
Agora, ela não podia permanecer ali nem mais um instante.
Empurrou a mala e se virou para sair.
O homem, de uma posição elevada, olhou para baixo e segurou ela pelo pulso, com um brilho sombrio nos olhos, sua voz fria e ameaçadora:
- Sarah, você vai se arrepender!
Certamente, ela não se arrependeria, portanto, partiu com determinação redobrada.
...
O outono havia acabado de chegar, e a escuridão da noite ainda carregava um toque de frio.
Assim que saiu, seus olhos começaram a arder e lágrimas caíram silenciosamente.
Era como se as emoções reprimidas dentro dela finalmente encontrassem uma oportunidade para respirar.
Ela riu baixo, mas mesmo assim pegou o celular e ligou para sua amiga, Clara Ramos:
- Venha me buscar, Clara.
Clara hesitou por um momento, mas respondeu de maneira calma e pronta:
- Espere aí, estou a caminho.
Clara foi sua amiga desde a infância, e foi quem mais se opôs ao seu casamento com Rafael.
Mas ela ignorou os conselhos e só percebeu quem realmente se importava consigo após enfrentar graves consequências.
Durante esses três anos, ela deliberadamente reduziu o contato com suas amigas, temendo que sua paciência fosse descoberta e causasse problemas.
Mas agora, refletindo, isso foi de fato uma tolice.
Em menos de dez minutos, Clara chegou.
Assim que se encontraram, ambas tinham os olhos vermelhos.
Clara olhou para a mala ao lado dela e imediatamente entendeu tudo.
Sentia apenas raiva e pena.
- Vamos, venha comigo para casa.
A família Ramos era muito influente na cidade Brisa Leve, e Clara, sendo a Srta. Ramos, naturalmente possuía todas as razões para ser orgulhosa e arrogante.
Apartamento de luxo no centro da cidade.
Assim que entrou, Clara não pôde deixar de exclamar:
- Desde que vi as notícias esta manhã, estava louca para xingar alguém. Aquele cafajeste não tem coração? - Clara fez uma pausa antes de continuar. - Ele pode ser tão baixo e sujo, trazer um filho ilegítimo à sua porta e forçá-la a aceitá-lo, é extremamente repugnante!
Sarah pensou que ficaria muito triste ao ouvir essas palavras, mas não se sentia assim; era como se todos esses eventos terríveis já tivessem passado e ela não se importasse mais.
Ela deu um sorriso amargo e balançou a cabeça:
- Nós vamos nos divorciar amanhã.